Hoje é dia de Tá Na Letra! No Tá Na Letra você fica por dentro de interpretações sobre o significado das músicas. Claro que interpretações distintas são válidas, afinal, a arte não possui verdade absoluta e cada um entende a mensagem de uma forma. Aqui nesta série tentamos colocar apenas mais uma possível compreensão da música. A música de hoje é Man in the Box da banda Alice in Chains.
No Tá Na Letra você fica por dentro de interpretações sobre o significado das músicas. Claro que interpretações distintas são válidas, afinal, a arte não possui verdade absoluta e cada um entende a mensagem de uma forma. Aqui nesta série tentamos colocar apenas mais uma possível compreensão da música.
A geração dos anos 90 conviveu com situações distintas: tinham uma angústia que parecia difícil de saciar e, ao mesmo tempo, ouviam músicas que exaltavam o amor, o instinto “bad boy”, toda uma vida utópica de aparências gerada principalmente por bandas de Hard Rock dos anos 80. Eles ouviam tudo isso e nem tudo parecia condizer com o que viviam.
Jovens, principalmente da região de Seattle, enxergaram no Punk Rock a atitude que tanto procuravam, o movimento que poderia fazer sentido àquela angústia e ao modo como enxergavam a vida.
O Punk tem como uma de suas principais características, a rebeldia. A adolescência também. Ao vermos esse encontro acontecendo, podemos entender que tudo combinava, fazia sentido, que tudo se encaixava. Foi assim para muitos jovens que tiveram sua vida musical iniciada entre o fim dos anos 80 e o começo dos anos 90. Entre elas, estava o Alice in Chains.
Alice in Chains é uma banda de grunge formada em Seattle, no ano de 1987 quando Jerry Cantrell, guitarrista da banda, conheceu um jovem de cabelos coloridos em um bar de Seattle. Este jovem era o centro das atenções do local, era Layne Staley, vocalista da formação clássica da banda.
A música escolhida de hoje é Man in the Box, talvez o maior sucesso da banda, que está presente no álbum de estreia da banda: Facelift.
Man in the Box
Homem na caixa (encaixotado)
Eu sou o homem encaixotado
Enterrado na minha merda
Você não virá e me salvará
Me salvará?
Alimente meus olhos
Você pode costurá-los bem fechados?
Jesus cristo
Negue seu criador
Ele que tenta
Será consumido
Alimente meus olhos
Agora que você os costurou bem fechados
Eu sou o cão que apanha
Enfio o meu nariz na bosta
Você não virá e me salvará
Me salvará?
Alimente meus olhos
Você pode costurá-los bem fechados?
Jesus cristo
Negue seu criador
Ele que tenta
Será consumido
Alimente meus olhos
Agora que você os costurou bem fechados
De início, podemos interpretar uma prisão: a pessoa da letra da música diz que está preso em uma caixa, enterrado na própria merda e pergunta se não virão salvá-la. Estar preso pode significar perdido, sem ação, sem saída; enterrado na própria merda pode significar os próprios erros, as próprias escolhas que o levaram até ali. Pedir ajuda parece a única opção. A prisão pode ser a angustiante vida de alguém com depressão ou dependência química (“enfio meu nariz na merda”), não encontrando soluções para sair de onde está.
Uma outra interpretação trata de religiosidade, Deus e fé (ou falta dela). Podemos entender que as costuras dos olhos são para que não se possa enxergar sozinho, não possa ser “livre” e deva apenas ouvir e absorver o que lhe é dito. O pedido de salvação pode ser colocado como ironia, uma vez que ele está “perdido” e talvez não tenha a fé de que realmente exista um Deus.
Há também uma linha de pensamento que passa por tortura de animais. É como seu o animal pedisse socorro e não pudesse sair daquela prisão e pede ajuda de seu dono ou de qualquer pessoa disposta a ajuda-lo. “Sou o cão que apanha”, claro que pode ser entendido de forma literal, mas sabemos que existem situações de abandonos e tortura com animais indefesos e que pessoas, muitas vezes, usam os próprios animais para aliviarem suas raivas e tensões usando métodos de tortura.
Podemos também interpretar outra coisa dentro do aspecto religioso, porém um pouco diferente do que já fora colocado. Poderia ser o fato de “colocar Jesus em uma caixa” e fazer o que quiser da vida, sem regras, sem religião, sem sugestões de alguém que não seja a própria pessoa.
O importante é que a música é um sucesso e ainda é muito tocada por todos os lugares, sendo uma das mais importantes da década.
O Canal NB de Gabriel Pugliani também fez uma análise da música. Nela, temos visões próximas em algumas coisas, porém distintas em outras. Vale muito a pena conferir o vídeo abaixo e conhecer a análise dele também. Já aproveita e se inscreve no canal para ficar atualizado sobre a música e conferir outras interpretações de letras.