Em 5 de julho de 1988, o SLAYER lançava o seu quarto full-lenght. Depois do sucesso estrondoso que foi “Reign in Blood“, considerado se não o melhor, mas um dos melhores discos de Thrash Metal já lançados na história, a responsabilidade era grande para a banda. E quem esperava um álbum rápido como o anterior, acabou se surpreendendo. Os caras tiraram bastante o pé do acelerador, mas o resultado ficou com o selo de qualidade SLAYER.
Este é o segundo dos discos da fase que eu considero como a “santíssima trindade” do quarteto. A banda estava vivendo o seu auge. E embora eu reconheça a importância de “Reign in Blood” e também o classifique como o melhor disco do estilo já lançado, o meu coração pende mais para “South of Heaven” e por isso, ele é o meu favorito da discografia dos caras, sendo mais do que merecedor da crônica de hoje.
Então, a banda se juntou ao produtor de longa data, Rick Rubin, e o disco foi gravado em Los Angeles, com mixagem em Nova Iorque e lançado pela Def Jam Records.
Abrindo o disco temos a faixa título, com aquela intro sombria, a bateria retumbante de Dave Lombardo e os riffs precisos da dupla Kerry King/Jeff Hanneman dão à qualidade da música que nasceu clássica. Com certeza, o fã estranhou aquela que era a música com o andamento mais arrastado da banda até então. Mas ela é linda, perfeita.
“Silent Scream” traz um esboço do que foi feito em “Reign in Blood“: uma música agressiva, rápida, onde as palhetadas ditam as regras. outro petardo.
“Live Undead” traz de volta um SLAYER diferente, uma música arrastadona durante boa parte de sua extensão, porém, na parte em que antecede o solo, ela fica veloz e termina em grande estilo. Outra música perfeita.
“Behind the Crooked Cross” traz a banda tocando um pouco mais rápido, pelo menos em comparação com a música anterior e o destaque aqui é o baterista Dave Lombardo e suas viradas excepcionais, dando um brilho ainda maior à música.
“Mandatory Suicide” é uma das músicas mais completas de toda a história da banda. Ela mostra mais uma vez esse SLAYER “diferentão”, mas quem resiste aos riffs dessa que foi uma das mais espetaculares duplas do Thrash Metal, mesmo que ambos não fossem assim tão virtuosos? O solo também é bem legal. Essa foi uma das primeiras músicas da banda que eu conheci, então meu carinho por ela é muito especial.
Em “Ghosts of War” temos de volta a velocidade que o fã do SLAYER procura e espera das músicas da banda. Ainda que tenhamos uma mudança de andamento do meio para o final, onde os riffs se mostram poderosos. E Dave Lombardo novamente se destacando, seja nas viradas, seja na levada.
“Read Between the Lies” é outra que nasceu clássica. Seus riffs repetitivos durante as estrofes nos convida a tocar nossa air guitar ou a manter nossas cabeças em posição estática.
O pau volta a comer solto em “Cleanse the Soul“. Com uma bateria bem core e palhetadas à velocidade da luz, essa música é um convite ao mosh. Outra perfeição.
“Dissident Aggressor” é um cover do JUDAS PRIEST, coisa que confesso que não sabia até pesquisar para poder vos escrever. E olha que eu já escuto esse álbum há pelo menos uns 15 anos. Então fui escutar a versão original, já que essa do SLAYER eu conheço bem e adoro. E ao ouvir a original, percebo que o quarteto não mudou nada na estrutura musical. A diferença é apenas no vocal, onde Tom Araya nunca conseguiria alcançar os agudos do “Metal God”, Rob Ralford. E o solo também fora modificado pelo SLAYER. Ficou bem fidedigna a versão,
Fechando o disco temos a arrastada e não menos maravilhosa “Spill the Blood“, que começa com uma guitarra dedilhada e depois Dave Lombardo chega quebrando tudo com suas viradas espetaculares. Uma longa introdução que nunca soa pedante nos faz viajar e assim se encerra este álbum em que o SLAYER inovou na sonoridade, desagradando a alguns, mas que conseguiu certo sucesso comercial: este álbum alcançou a posição #57 na “Billboard 200“.
E em menos de 37 minutos, com dez músicas perfeitas, temos um disco que mescla bem um SLAYER veloz de “Reign in Blood“, com um novo SLAYER, em que a banda abre espaço para músicas mais trabalhadas e não apenas velozes. E no lançamento posterior, “Seasons in the Abyss“, a banda chegaria ao ápice da carreira, dando sequência ao formato trabalhado aqui em “South of Heaven“. Mas falaremos do Seasons em uma outra oportunidade, porque hoje é dia de celebrar o aniversário deste álbum importantíssimo não só na história da banda e sim do próprio Thrash Metal, em um ano em que bandas como MEGADETH, METALLICA, ANTHRAX e TESTAMENT, por exemplo, lançaram excelentes discos e indispensáveis na discografia de qualquer headbanger, o SLAYER deu o seu melhor e lançou o melhor disco daquele já longínquo ano de 1988.
É uma pena testemunhar a última turnê da banda. Os caras ainda estão em forma, mas o importante é reconhecê-los em vida, pois eles fizeram muito pelo Thrash Metal. E este que vos escreve terá o imenso prazer em marcar presença no show que a banda realizará no “Rock in Rio” 2019. Mesmo sabendo que provavelmente não haverão outros shows após o fim desta turnê, nós desejamos longa vida ao SLAYER. E vamos celebrar este disco porque ele merece e muito.
Lineup:
Tom Araya – Baixo/Vocal
Kerry King – Guitarra
Jeff Hanneman – Guitarra
Dave Lombardo – Bateria

Tracklisting:
01 – South of Heaven
02- Silent Scream
03 – Live Undead
04 – Behind the Crooked Cross
05 – Mandatory Suicide
06 – Ghosts of War
07 – Read Between the Lies
08 – Cleanse the Soul
09 – Dissident Aggressor
10 – Spill the Blood
