Em 11 de setembro de 2001, ataques terroristas arquitetados pela Al-Qaeda foram colocados em prática e provocaram estragos nos EUA. Na mesma data, coincidentemente, um lançamento também provocaria “estragos” na música pesada. No caso aqui, o estrago foi para o bem. Era dia de lançamento do oitavo álbum do SLAYER, ‘God Hates Us All‘.
Era um desafio para a banda voltar a fazer um bom álbum, que remetesse a banda aos tempos áureos de sua tríade ‘Reign In Blood‘, ‘South Of Heaven‘ e ‘Seasons In The Abyss‘. Ainda mais pelo fato de que ‘Diablos In Musica‘ tenha sido o ponto fraco da carreira da banda e ‘Undisputed Attitude’, ainda que um grande álbum (foi um dos primeiros da banda a ser ouvido pelo redator que vos escreve), trata-se de um álbum de cover de bandas punks. O SLAYER precisava dar a resposta que o público esperava.
Produzido por Matt Hyde e lançado pela American Recordings, o álbum em seus pouco mais de 49 minutos traz o SLAYER de volta aos trilhos.
A abertura com a intro ‘Darkness Of Christ‘ dá aquela sensação de desespero, perfeita para a pancadaria sonora das próximas três faixas: ‘Disciple‘, ‘God Send Death‘ e ‘New Faith ‘, que trazem um SLAYER raivoso, porém, já com influências modernas, o que pode não agradar um fã old school, porém, são grandes faixas.
‘Cast Down‘ se mostra a música mais abaixo do nível das demais, parecendo composição do álbum anterior, mas ‘Threshold‘ com um toque de groove e ‘Exile‘ devolvem ao álbum o bom nível que a ele foi concebido.
Três faixas com um andamento mais “calmo” em termos de SLAYER: ‘Seven Faces‘, ‘Bloodline‘ (esta uma das melhores do disco) e ‘Deviance‘ parecem preparar o ouvinte para a pancadaria sonora que chegará depois: ‘War Zone‘. Essa é direta e sem enrolação: Parece sobra do ‘Reign In Blood‘ versão século XXI.
Em ‘Here Comes The Pain‘, temos aqui a banda em seu momento talvez mais moderno em termos sonoros. Uma boa música.
O disco fecha com chave de ouro, com a melhor composição da banda nos anos 2000: ‘Payback’. Música raivosa, rápida. Claro que eles jamais farão uma música mais rápida do que a clássica ‘Dittohead‘, presente em ‘Divine Intervention‘, mas esta aqui chega bem perto.
As letras, escritas em sua maioria por Kerry King, tratam de temas como religião, assassinato, vingança e auto-controle. O álbum foi bem recebido pela crítica e público, chegando a alcançar um bom desempenho em países como Alemanha e Canadá (9º lugar nas paradas), Itália (11º), Finlândia (12º) e nos EUA (28º na Billboard 200).
Foi o último álbum gravado pelo baterista Paul Bostaph, que daria lugar depois ao lendário Dave Lombardo, mas que voltaria mais tarde para fazer a turnê de despedida da banda.
Enfim, um bom disco que trouxe o SLAYER de volta às suas origens, mesmo que com toques de modernismo em seu som, afinal de contas, evoluir faz parte da nossa missão enquanto seres humanos. E um disco raivoso, lançado no mesmo dia em que um ataque de fúria em nome de “religiosos” aterrorizaram o mundo matando centenas de inocentes, e sob o título de “Deus Odeia a todos nós”, foi uma tacada de mestre, mesmo que a banda de Tom Araya e cia. não fizesse a menor ideia de que o lançamento da obra se daria neste dia de caos.
Track List:
- Darkness of Christ
- Disciple
- God Send Death
- New Faith
- Cast Down
- Threshold
- Exile
- Seven Faces
- Bloodline
- Deviance
- War Zone
- Here Comes The Pain
- Payback
Formação:
Tom Araya – Baixo/ Vocal
Kerry King – Guitarra
Jeff Hanneman – Guitarra
Paul Bostaph – Bateria