Três dias após a mortal apresentação do SLAYER no Rock in Rio, na qual a banda foi o headliner do palco Sunset e fez os fluminenses testemunharem a última apresentação da banda em terras tupiniquins, o terceiro e principal obra da carreira da banda apaga as velinhas.
Em 7 de Outubro de 1986, o SLAYER lançava um disco que mudaria a vida de todos: da banda, do Thrash Metal, da sua vida, caro leitor, da vida deste redator que vos escreve, enfim… O disco mais violento, rápido, agressivo da história do Heavy Metal: “Reign In Blood“.
Muitos colocam “Reign In Blood” e “Master of Puppets“, do METALLICA no mesmo patamar, e de fato estão: com 7 meses de diferença entre um e outro (O METALLICA lançou antes a sua obra-prima), ambos são reconhecidos não só pelos fãs, mas também pela crítica como os melhores álbuns das respectivas bandas e referências das próprias.
Se “Master Of Puppets” é mais técnico, sem abrir mão da velocidade do Thrash Metal, em “Reign In Blood“, Tom Araya, Kerry King, Jeff Hanneman e Dave Lombardo são mais diretões, priorizando os riffs rápidos e solos ainda mais rápidos. Bem, chega de comparações, pois hoje o homenageado é o álbum do SLAYER.
Gravado entre junho e julho de 1986, no “Hit City West Studio“, em Los Angeles e lançado pelo selo Def Jam, de propriedade do produtor Rick Rubin, que se aventurava pela primeira vez no Metal, uma vez que seu selo era mais voltado para o Rap. Mas o disco foi concebido de forma tão avassaladora que a parceria tornou-se duradoura.
O disco abre com “Angel of Death“, que fala sobre Josef Mengele, o chamado “Anjo da Morte”, responsável por todo aquele triste e deprimente horror cometido contra a espécie humana: o Holocausto. A música não foi bem compreendida por alguns na época, que acusaram a banda de nazismo. A música é arrasadora, como as demais que dão sequência ao petardo. Difícil ficar parado ao escutar os primeiros acordes desta música. E foi com esta faixa que a banda encerrou sua apresentação mortal no Rock in Rio 2019.
Cabe aqui uma curiosidade: o SLAYER NÃO foi a primeira banda a abordar o “Anjo da Morte” em suas letras. No mesmo ano, a banda carioca DORSAL ATLÂNTICA já havia abordado em seu debut, “Antes do Fim”, o mesmo tema, na música “Josef Mengele”.
Voltando ao nosso homenageado, “Piece By Piece” mantém a pancadaria sonora dos caras, mesmo que o começo dela seja mais “devagar”. Ledo engano, caro leitor, em menos de 25 segundos, o “pau canta na casa de Noca” e o pescoço do ouvinte é seriamente desafiado a manter-se inerte.
“Necrophobic” mantém o nível alto, com os caras apostando em riffs rápidos e Tom Araya cantando mais rápido do que narrador de turfe.
“Altar of Sacrifice” aposta no dueto de guitarras e a bateria rápida. Ela serve como ponte para “Jesus Saves“, que começa com os melhores riffs já escritos pela dupla King e Hanneman, bem carregados. Se a música vai seguir nesse andamento? Ledo engano, logo logo, os caras descem a mão em seus respectivos instrumentos. É uma tarefa quase que impossível escolher a melhor música deste disco, visto que muitas são populares e tocadas até os dias atuais nos shows da banda (e de forma OBRIGATÓRIA), mas em minha opinião, “Jesus Saves” é a melhor do disco. O fato curioso é que quando tocadas ao vivo, ambas as músicas são tocadas na sequência, o que faz todo sentido.
“Criminally Insane” começa com a bateria quebrada de Dave Lombardo… Mas eles pensam que enganam a quem? Logo logo a velocidade e o peso tomam conta da música, embora essa seja um pouco diferente, tendo uma mudança de andamento no meio dela, mais arrastada, mas depois voltando à velocidade.
“Reborn” segue o ritmo das músicas anteriores: velocidade, peso, mais velocidade. Em “Epidemic”, uma virada de bateria na introdução é a ponte para que a dupla de guitarristas entre com seus riffs alucinantes. Aqui a velocidade é um pouco quebrada, mas nada que deixe a música ruim, pelo contrário.
“Postmortem” é mais calcada nos riffs e no andamento “menos rápido”. Aqui, Araya arrisca um agudo, tal qual como na faixa de abertura. Apesar de um andamento mais arrastado, no meio da música, eles não resistem e voltam à receita que deu certo nas demais músicas: a velocidade.
E os bumbos juntamente com o surdo da bateria de Dave Lombardo anunciam que o disco está chegando ao final. E que final épico. Assim podemos definir a faixa “Rainning Blood“. Aquela música que todo headbanger que se preze poga sozinho em casa, ao escutar com o volume no talo. Aquela que todos sonham em entrar no mosh (este que vos escreve realizou esse sonho na última sexta-feira, dia 4 e que moshpit era aquele, senhores. O mais brutal que eu já participei na vida). Rapidez, brutalidade, duetos de guitarra ditando as coisas por aqui, além do vocal espetacular de Tom Araya, talvez a sua melhor performance na carreira. O disco termina com o solo veloz, com a mesma velocidade que ele se iniciou.
E assim termina um álbum que nasceu clássico, o melhor da história do Thrash Metal. Ele é direto, pode ser considerado tosco se comparado com outras obras em que os músicos são mais virtuosos, mas aqui falamos em feeling, e nisso, os caras do SLAYER são mestres. Longa vida a este disco! E uma pena que a banda tenha tocado apenas as faixas de abertura e fechamento desta obra, além de “Postmortem“, em sua passagem derradeira pelo Rio de Janeiro, mas não faz mal, esse é um disco que merece e tem que ser celebrado todos os dias.
Lineup:
Tom Araya – Vocais/Baixo
Kerry King – Guitarra
Jeff Hanneman – Guitarra
Dave Lombardo – Bateria
Tracklisting:
01 – Angel Of Death
02 – Piece By Piece
03 – Necrophobic
04 – Altar of Sacrifice
05 – Jesus Saves
06 – Criminally Insane
07 – Reborn
08 – Postmortem
09 – Rainning Blood