Em 11 de setembro de 2001, ataques terroristas arquitetados pela Al-Qaeda foram colocados em prática e provocaram estragos nos EUA. Na mesma data, coincidentemente, um lançamento também provocaria “estragos” na música pesada. No caso aqui, o estrago foi para o bem. Era dia de lançamento do oitavo álbum do SLAYER, “God Hates Us All“.

Era um desafio para a banda voltar a fazer um bom álbum, que remetesse a banda aos tempos áureos de sua tríade “Reign In Blood”, “South Of Heaven” e “Seasons In The Abyss”. Ainda mais pelo fato de que ‘Diablos In Musica‘ tenha sido o ponto fraco da carreira da banda e “Undisputed Attitude“, ainda que um grande álbum (foi um dos primeiros da banda a ser ouvido por este redator que vos escreve), trata-se de um álbum de cover de bandas punks. O SLAYER precisava dar a resposta que o público esperava.

Produzido por Matt Hyde e lançado pela American Recordings, o álbum em seus pouco mais de 49 minutos traz o SLAYER de volta aos trilhos. “God Hates us All” fora gravado no “Warehouse Studios”, em Vancouver, Canadá, mixado no “Larrabee East“, em Los Angeles e a masterização se deu no “Oasis Mastering“, também na California.

A abertura com a intro “Darkness Of Christ” dá aquela sensação de desespero, perfeita para a pancadaria sonora das próximas três faixas: “Disciple“, “God Send Death” e “New Faith“, que trazem um SLAYER raivoso, porém, já com influências modernas, o que pode não agradar um fã old school, porém, são grandes faixas.

Cast Down” se mostra a música mais abaixo do nível das demais, parecendo composição do álbum anterior, mas “Threshold” com um toque de groove e “Exile” devolvem ao álbum o bom nível que a ele foi concebido.

Três faixas com um andamento mais “calmo” em termos de SLAYER: “Seven Faces“, “Bloodline” (esta uma das melhores do disco) e “Deviance” parecem preparar o ouvinte para a pancadaria sonora que chegará depois: “War Zone“. Essa é direta e sem enrolação: Parece sobra do ‘Reign In Blood‘ versão século XXI.

Em “Here Comes The Pain“, temos aqui a banda em seu momento talvez mais moderno em termos sonoros. Uma boa música.

O disco fecha com chave de ouro, com a melhor composição da banda nos anos 2000: “Payback“. Música raivosa, rápida. Claro que eles jamais farão uma música mais rápida do que a clássica “Dittohead“, presente em “Divine Intervention“, mas esta aqui chega bem perto.

As letras, escritas em sua maioria por Kerry King, tratam de temas como religião, assassinato, vingança e auto-controle. O álbum foi bem recebido pela crítica e público, chegando a alcançar um bom desempenho em países como Alemanha e Canadá (9º lugar nas paradas), Itália (11º), Finlândia (12º) e nos EUA (28º na Billboard 200).

Foi o último álbum gravado pelo baterista Paul Bostaph, que devolvia o posto ao membro original, Dave Lombardo. Porém, alguns anos depois, Bostaph retornaria à banda e segue ativo na turnê de despedida do SLAYER.

Enfim, um bom disco que trouxe o SLAYER de volta às suas origens, mesmo que com toques de modernismo em seu som, afinal de contas, evoluir faz parte da nossa missão enquanto seres humanos. E um disco raivoso, lançado no mesmo dia em que um ataque de fúria em nome de “religiosos” aterrorizaram o mundo matando centenas de inocentes, e sob o título de “Deus nos Odeia”, foi uma tacada de mestre, mesmo que a banda de Tom Araya e cia. não fizesse a menor ideia de que o lançamento da obra se daria neste dia de caos.

Lineup:
Tom Araya – Baixo/Vocal
Kerry King – Guitarra
Jeff Hanneman – Guitarra
Paul Bostaph – Bateria

Tracklisting:
01 – Darkness of Christ
02 – Disciple
03 – God Send Death
04 – New Faith
05 – Cast Down
06 – Threshold
07 – Exile
08 – Seven Faces
09 – Bloodline
10 – Deviance
11 – War Zone
12 – Here Comes the Pain
13 – Payback