O som do Shape Of Water é do tipo que instiga, mas também abala a timidez. Essa dupla de músicos italianos que reside na cidade de Manchester (ING), não vê problema em misturar rock pesado com música eletrônica. O resultado disso, no entanto, é pouco convencional, pois em músicas como o single “The Silence Of The Lambs” pode-se encontrar elementos até do metal extremo com um clima amistoso. A exemplo disso estão riffs rasteiros inserindo velocidade, ao passo em que a bateria dispara andamentos rápidos à música. Tudo isso arranjado por uma camada épica de sintetizador que climatiza toda a cozinha.
Em síntese, “The Silence Of The Lambs” vai muito além disso. Primeiramente, a canção é anunciada por uma introdução de teclado, que lembra filmes de horror. Na sequência, a primeira pancada surge com o primeiro riff e propulsão na pegada. Nessa parte, o baixo e bateria trabalham divinamente bem com adição de peso, tornando tudo mais empolgante. Mas nem tudo é só agressão no novo trabalho do Shape Of Water, existe também um groove legal com combinações de guitarra, pedais duplos e bela cadência. Isso mostra o quanto o duo formado por Rox Capriotti e Luca De Falco é versátil.
Se em “The Silence Of The Lambs” as influências eletrônicas apareciam sutilmente, em “Naked”, lado B do single, a estrutura é quase totalmente eletrônica. Como uma troca de influências impressionante, onde a música principal pode agradar a amantes da cena new metal e metalcore, a canção secundária, no entanto, mergulha em uma atmosfera mais clássica abordando temas sonoros que se encaixam na new wave. Sem desprezar o uso das guitarras, mas adotando melodias mais mais acessíveis e não violentas, o Shape Of Water aglutina ideias sofisticadas a outras extraídas da vanguarda. Dessa maneira, a dupla imprime a sua identidade.
“Naked” é uma música de aspectos sentimentais. No início, a sua introdução nos convida a audição de um belo dedilhado. O público indie deverá gostar mais dessa música, pois além do perfil melódico, as timbragens dos instrumentos nos leva a uma banda de garagem, revelando um lado mais orgânico da banda. Embora isso pareça ser simples, algumas técnicas e acordes deixam o som com um pouco de complexidade. Um destaque inegável vai para o solo de guitarra, que é uma espécie de ápice na canção. No entanto, a base com batidas simples nas cordas da guitarra também chega a empolgar e até dita o ritmo. Excelente!
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