Shaman: resenha da reunião da banda em Recife

Aquilo que de início seria um show único realizado em São Paulo, certamente, acabou virando uma das turnês de reunião mais esperadas pelo Metal nacional. E no sábado do dia 17 de outubro de 2018, a capital pernambucana Recife foi mais uma das cidades a receber a reunião da formação clássica do Shaman.

O evento, que ocorreu no Clube Internacional do Recife, também contou com a abertura das bandas locais Avaken e Diego Richard.

Ao chegar no local por volta das 18:20 h, via-se uma grande movimentação de fãs na fila, ou seja, a noite prometia casa cheia. A abertura dos portões estava marcada para às 19:00 h, mas para variar, não foi assim que se procedeu. A entrada do público só foi autorizada a partir das 20:20 h, somando assim um atraso de uma hora e vinte.

Mas felizmente, esse foi o único atraso que tivemos na noite, principalmente porque não demorou muito para que a primeira banda da noite, a Avaken, subisse ao palco do Clube Internacional para soltar os primeiros acordes.

A Avaken, que é uma novata no cenário do Metal pernambucano, realizava na noite sua terceira apresentação da carreira, onde em mais ou menos meia-hora de show, mostraram um pouco do seu trabalho autoral, junto com um cover da música “The Evil That Men Do” do Iron Maiden.

A banda fez um show bastante técnico e de muita qualidade, coisa que eu já esperava, pois essa foi a terceira vez que os vi ao vivo apenas esse ano. Destaco principalmente a potência vocal de Ítalo, e também, a irreverência do guitarrista Ben Canto em cima do palco.

A Avaken também tem um tipo de som difícil de rotular, pois suas músicas apresentam características de várias vertentes, como Power Metal, Prog, Heavy, Thrash, e até mesmo New Metal. Mistura essa que é feita com maestria.

Enquanto ao público, ficaram curtindo a apresentação mais na deles, o que é normal se tratando de bandas de abertura.

SETLIST:

01. The Herald

02. Sin

03. Through This Hell

04. The Evil That Men Do (Iron Maiden cover)

Após o fim da apresentação da Avaken, também não demorou muito para se iniciar a apresentação do projeto do guitarrista pernambucano Diego Richard, que viria acompanhado com o vocalista Daniel Pinho, do Terra Prima, no palco.

Em seu repertório, o guitarrista trouxe músicas do seu repertório autoral do seu novo disco “Dream On”, que ainda será lançado, e também covers de clássicos do Metal.

A banda iniciou com as duas faixas autorais intituladas “Look For The Light” e “Keep Dreaming”, tendo depois engatado três cover, sendo esses “Black Diamond” do Stratovarius, “Nova Era” do Angra, e “Eagles Fly Free” do Helloween, que contou com a participação especial do vocalista Erick Jones, da banda recifense Phrygia.

Como de praxe, a animação do público se mostrou mais presente nos covers, principalmente nas duas últimas músicas, e a presença de palco do vocalista Daniel Pinho ajudou a acentuar isso no momento.

SETLIST:

01. Look For The Light

02. Keep Dreaming

03. Black Diamond (Stratovarius cover)

04. Nova Era (Angra cover)

05. Eagles Fly Free (Helloween cover)

Encerrada a apresentação da banda do Diego Richard, era hora de preparar o terreno para a principal atração da noite. Estávamos a poucos minutos da reunião do Shaman em Recife.

Antes do início do show, era interessante reparar na estrutura montada no palco do Clube Internacional, onde foi colocado um telão de led no fundo, o que deixou o local com outra cara, pois a estrutura da casa em questão está longe de ser grande coisa. E particularmente nunca achei que era possível colocar um telão daquele ali.

Pouco depois das 22:30 h, as luzes do Clube Internacional se apagaram, e assim se iniciava a expectativa para o início do show.

Logo após, o telão de led se acendeu, e nele, começaram a rodar vídeos de arquivos da banda, mostrando gravações, depoimentos e apresentações antigas deles, o momento poderia ter sido mais especial (principalmente para os fãs mais saudosos) se não fosse o fato que estava difícil ouvir as coisas que eram ditas nas gravações.

Mas claro, o público entrou em êxtase quando toda a banda apareceu no palco ao som da faixa “Turn Away”, mostrando que a noite começaria ao som das músicas do disco “Reason”, lançado em 2005.

Achei interessante o como a execução do show foi bastante dinâmica por parte da banda, André Matos revezava entre ficar apenas nos vocais, nos teclados e também no piano no decorrer da apresentação.

O que deixou o show ainda mais dinâmico, principalmente nessa primeira parte, foi o fato do André não ter conversado muito com o público, tendo apenas os saudados em alguns momentos específicos. Coisa que de início achei estranho, pois já estive em dois shows solos dele, e sempre havia momentos no início que ele parava para trocar uma ideia com os presentes.

Mas claro, isso não foi nada que tirasse a magia do espetáculo.

O público mostrava estar em completa sintonia com a banda no palco, cantando junto às letras de todas as músicas, e também clamando pelo nome do vocalista André Matos ao final de algumas faixas.

Também destaco um rápido momento quando o guitarrista Hugo Mariutti colocou um chapéu de cangaceiro em homenagem ao público nordestino, tendo a plateia clamado pelo seu nome.

Após praticamente ter tocado as dez músicas do “Reason” sem parar em nenhum momento, ao som de “Born To Be” a banda deixa o palco por um momento, deixando a plateia na expectativa pela segunda parte, onde o “Ritual” seria executado na íntegra.

Durante o intervalo, mais uma vez foi mostrado imagens de arquivo da banda no telão de led, tendo também o mesmo problema das pessoas não conseguirem ouvir direito o que estava sendo dito nas gravações.

Quando a longa intro “Ancient Winds” começou a ser executada, foi projetada no telão a imagem da capa do “Ritual”, levando todo o Clube Internacional a loucura.

A pista foi “incendiada” no melhor sentido da palavra quando a banda retornou ao palco para tocar “Here I Am”, onde a plateia cantou toda a letra em alto e bom som junto com o André Matos.

Não muito depois, o André finalmente parou para conversar com o público pela primeira vez na noite. Na sua fala, ele lembrou que a ideia da reunião da banda no início era para ser de apenas uma apresentação em São Paulo, mas que depois eles decidiram atender aos pedidos dos fãs de estender a ideia para uma turnê pelo Brasil, sendo aquele o quinto show da mesma.

André também declarou que para eles, tocar em Recife era a mesma coisa de estarem tocando em casa, pois foi no antigo Docas onde o Shaman fez uma das suas primeiras apresentações.

Em “For Tomorrow”, foram trazidas ao palco linhas de violão e de flauta pan durante a introdução da canção, que também levantou o público presente no Clube Internacional.

Na faixa “Over Your Head”, André mostrou aos fãs que mesmo tendo envelhecido, ele ainda consegue segurar o tranco nas notas mais agudas, e falo isso porque é perceptível de uns anos para cá que a voz dele está muito longe da potência que tinha no passado.

Terminada a execução da música, André se senta no piano e começa a tocar um solo. Os que conheciam bem a ordem das faixas do álbum “Ritual” sabiam qual música viria a seguir, simplesmente aquela que conseguiu ser uma das poucas músicas de Metal a fazer parte de uma trilha sonora de novela da Globo.

E claro, em “Fairy Tale” tivemos o coral mais alto da noite, onde todos pareciam disputar quem conseguia cantar as notas mais agudas com maior perfeição, cena essa que deixa qualquer fã arrepiado só de pensar.

A essa altura uma coisa era perceptível, o público se animou muito mais com as músicas do “Ritual” do que com as do “Reason”, o que era de se imaginar, pois o primeiro sempre será a principal referência da banda.

Após duas horas de show, nos aproximávamos cada vez mais do fim da festa. Depois da execução das músicas “Blind Spell” e “Ritual”, apenas “Pride” separava o evento do seu encerramento.

Mas não poderiam faltar aqueles fãs da época do Angra que pediam pela execução de “Carry On”. André até chegou a tocar o riff da música no piano, mas ficou apenas nisso mesmo.

“Assim que você fode um guitarrista, ô riffzinho chato” falou André após levantar do piano.

E antes de tocar a última música, André falou: “Farei um discurso agora, espero me sair melhor do que Bolsonaro, o que não é difícil”.

Certamente, o pessoal contrário ao presidente eleito vibrou com a “alfinetada”, ecoando os gritos de “Ele Não”. Enquanto aos favoráveis, ou pouco se manifestaram ou simplesmente ficaram na deles.

Logo após, o vocalista agradeceu o apoio dos fãs e falou sobre o fato da música “Pride” ter sido originalmente gravada com a participação do vocalista Tobias Sammet (Edguy, Avantasia), e por isso, sempre que a música é executada ao vivo, eles chamam algum convidado para participar com eles.

O convidado da vez foi ninguém mais, ninguém menos do que o recifense Antônio Araújo, guitarrista do Korzus, que subiu ao palco com uma mensagem de apoio a cena Metal local, pedindo para que o público compareça aos shows da cidade.

E assim a reunião do Shaman em Recife se encerrou ao som de “Pride”, com o público abrindo o único grande mosh pit da noite.

SETLIST:

01. Turn Away

02. Reason

03. More

04. Innocence

05. Scarred Forever

06. In The Night

07. Rough Stone

08. Iron Soul

09. Trail of Tears

10. Born to Be

11. Ancient Winds

12. Here I Am

13. Distant Thunder

14. For Tomorrow

15. Time Will Come

16. Over Your Head

17. Fairy Tale

18. Blind Spell

19. Ritual

20. Pride

E por volta de 01:20 h, o Shaman encerrava seu show de reunião no Recife sob os fortes aplausos do público pernambucano, que guardarão em suas mentes a partir de agora as lembranças de uma noite épica.

Felizmente, tirando os pequenos detalhes já citados no texto, tudo transcorreu bem durante o evento, e todos voltaram para casa completamente satisfeitos.

Agora, a reunião de André Matos, Luís Mariutrri, Hugo Mariutti e Ricardo Confessori segue para Brasília, no dia 30 de novembro.

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