Seria Dave Grohl o último grande frontman do Rock?

David Eric Grohl nasceu em Warren, Ohio, nos Estados Unidos em 14 de Janeiro de 1969. Era apaixonado por música desde cedo e na adolescência entrou para a banda Scream para assumir as baquetas. Não foi ali que tornou-se conhecido, mas certamente foi ali o trampolim que o levou à fama. Em um de seus shows com sua banda, Kurt e Krist (integrantes do Nirvana) estavam na plateia e ficaram admirados com sua capacidade e energia na bateria. Ali era o despertar de uma parceria de muito sucesso.

 

 

O Nirvana passava por constantes problemas de formação por conta de bateristas. Kurt nunca encontrava um integrante fixo que lhe agradasse. Bateristas de outras bandas da época que eram amigos de Kurt faziam participações especiais em pequenos shows da banda e algumas gravações, mas não era suficiente para as pretensões do Nirvana, uma vez que o fato de ter outra banda em atividade fazia com que o baterista não tivesse foco total no trabalho. Com o fim de Scream, surgiu a oportunidade de Dave fazer parte do Nirvana. Logo nos primeiros ensaios ficou evidente de que esta seria a formação ideal. O que fora feito por bateristas anteriores, Dave aperfeiçoara e o melhor de tudo: Dave também ajudava nos vocais. Como Krist pouco participava fazendo segunda voz, a chegada de Grohl à banda agregou também tal característica.

 

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O Nirvana estourou. Porém a voz de Grohl na banda não era tão forte assim. Kurt escrevia as músicas, aceitava pouca ou nenhuma opinião sobre as composições. Grohl tinha muito o que dizer, possuía músicas próprias, mas não tinha espaço na banda para mostrá-las e trabalhá-las. Gravara sozinho uma fita demo tocando todos os instrumentos e cantando, isso tudo com o Nirvana ainda em atividade. Grohl sempre fora dedicado e não era bom apenas na bateria, mas, pelo jeito, no Nirvana jamais poderia mostrar todo este talento.

Com a morte de Kurt e, automaticamente, o fim do Nirvana, Dave queria continuar sua vida artística. Chamara Krist e Pat Smear (guitarrista de apoio que se integrara ao Nirvana na turnê “In Utero”) para continuarem com outro projeto. O primeiro recusara, o segundo aceitara e, assim, surgira o Foo Fighters. As músicas gravadas por Dave na fita demo quando ainda fazia parte do Nirvana foram usadas para este novo trabalho. Só que desta vez Grohl não assumira as baquetas e a bateria, resolvera ficar com a guitarra e os vocais. Escolha ousada, arriscada, porém acertada: ele tinha capacidade de ser um bom frontman e não decepcionou. Com certeza tinha muito a dizer e tudo ficara “preso” quando ainda era baterista do Nirvana.

Liderar um grupo novo era um risco, porém poderia valer a pena caso tivesse talento suficiente para não ser apenas lembrado como ex-baterista do Nirvana. A nova geração que ouve Foo Fighters, primeiro conhece o trabalho atual dele para depois saber que fora baterista do Nirvana. Não que seja ruim ser lembrado como integrante importante de uma banda já extinta, mas ter seu nome ligado apenas a isto mesmo tendo um trabalho ativo, com certeza deixaria Dave chateado.

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O Foo Fighters tornou-se independente, não precisava mais da fama de Grohl como integrante do Nirvana para ter seu nome lembrado. Suas referências e raízes são visíveis, porém ao lembrarmos da banda o que nos vêm à mente são seus maiores hits e sucessos, não apenas uma fama derivada de outra banda. Dave Grohl conseguiu conquistar fãs com seu carisma, com seu jeito de ser, com suas atitudes, com suas parcerias e mostrou que o rock não precisava ser sempre baseado em grandes polêmicas ou músicos turrões que apenas brigam. Dave mostrou que no rock há espaço para “caras legais” e, com isso, conquistou muita coisa. Além de tudo, o frontman gosta de se reinventar: agora participa diretamente na direção dos seus clipes e de outras bandas (como Soundgarden em 2013).

 

https://www.youtube.com/watch?v=44dtwM9Sjs8

 

Ser líder de uma banda de rock nos dias atuais pode até parecer pouca coisa ou fácil. Mas ser líder e ser relevante dentro do cenário onde as bandas mais conhecidas são aquelas que tem trabalhos de muitas décadas, aí a história é outra. Ao longo dos anos muitas bandas surgiram, porém poucas permaneceram com conteúdo interessante e relevante ao longo do seu trabalho. Fazer sucesso com um ou dois álbuns tem lá seus méritos, mas passar décadas lançando novos trabalhos e ainda ter seu nome em premiações, tendo arriscado fazer coisas novas, tendo arriscado até atuações dignas de cinema em seus clipes, aí já não é para qualquer um. Dave Grohl mostra que é um artista completo e que a música é o que se sobressai em seus trabalhos, porém não é apenas ali sua contribuição.

 

 

Dave conseguiu elevar seu rótulo de ser considerado “o cara mais legal do rock” quando fora a um show de uma de suas bandas preferidas: o Metallica. O show fora no Rose Bowl em Pasadena, CA, no dia 29 de julho de 2017. O diferencial é que Grohl não procurara área especial ou fora ao camarim: ele pagara ingresso como qualquer outra pessoa e assistiu ao show todo na pista, junto do público. O que rendeu muitas fotos da galera que estava lá assistindo ao show também. Com isso, ele diminuíra o tal abismo que muitas bandas colocam para com seus fãs, mostrando que ele, mesmo sendo famoso, também é fã de outros trabalhos e também fora a shows antes de chegar aonde chegou.

Se aparecerá outro frontman como ele, com toda a veia artística que possui e com todo carisma e relevância no cenário mundial, não sabemos. O que sabemos é que sua contribuição é inegável e seu trabalho, com certeza, alcançou muita gente, levando a lotar vários shows e festivais pelo mundo. O importante é continuar prestigiando seu trabalho como músico, compositor, ator em seus clipes e, agora também, diretor. Se reinventar-se é preciso, ele atingiu o nível de maestria, sendo muito bom em tudo que se propõe a fazer.

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