O guitarrista Andreas Kisser e o baixista Paulo Xisto concederam entrevista que foi ao ar na última sexta-feira, 17, no programa “O som do Vinil”, que o ex-baterista dos TITÃS, Charles Gavin comanda, no Canal Brasil. Durante o bate-papo, diversos assuntos foram levantados e iremos transcrever o que rolou nos 25 minutos de programa.
Andreas começa afirmando que o SEPULTURA fez uma completa reestruturação na parte de suporte da banda, incluindo empresários e colocando pessoas em outros continentes para dar este suporte. Disse também que a relação com as gravadoras Sony Music (Brasil) e Nuclear Blast (exterior) é muito sadia e motivacional, pois garantem à banda essa preservação da liberdade artística. Por estas razões, o guitarrista considera que Machine Messiah é uma das melhores produções já realizadas por eles.
Eloy Casagrande também foi alvo de elogios por parte de Andreas:
“Penso que ele se achou no SPEULTURA. Eu já tinha escutado seu trabalho na banda solo de ANDRÉ MATOS e no GLÓRIA, mas aqui demos a ele toda a liberdade, cheguei nele e disse: vai, agora é teu solo de bateria”.
Paulo por sua vez afirmou que “sofre” para poder acompanhar as levadas de Eloy e que tem a dura tarefa de preencher os espaços nas músicas.
Sobre o lançamento mais recente, Andreas afirmou que foi um disco difícil de ser executado durante as gravações, devido a complexidade das composições e que isso exigiu que todos estivesse com suas mentes e corpos em perfeito estado de saúde para que tudo soasse da melhor forma possível.
Sobre o conceito do álbum, o guitarrista afirmou que foi ele próprio quem trouxe todas as ideias, partindo de suas experiências com a banda ainda lá nos anos 80 e de como a tecnologia evoluiu, mas que a humanidade parece ter regredido nos dias atuais: “A tecnologia nos deixou burros… O Messias em questão é essa tecnologia, as pessoas esperam que do nada apareça algo tecnológico para resolver tudo. A música I Am My Enemy fala em que ‘você é o problema e a solução’. Não será um ‘Iphone 38’ que resolverá os nossos problemas”.
O vocalista Derrick Green também foi tema da conversa:
“Ele trouxe vida à banda. (Derrick) veio do hardcore e trouxe novos elementos para nós. Tem experiência de vida, morou em Berlim, também na Holanda e queríamos alguém diferente do estilo do Max, dando lhe toda a liberdade artística no SEPULTURA“.
E ele aproveitou a declaração acima para ser feliz em afirmar também que o Heavy Metal é o mais democrático dentre todos os estilos, pois temos negros, mulheres (N do R: e também homossexuais) sem nenhuma distinção ou preconceito.
Em outro momento da entrevista, Andreas afirmou que o álbum dos TITÃS “Cabeça Dinossauro” (1986), gravado no estúdio Nas Nuvens (Rio de Janeiro) foi o disco que inspirou o SEPULTURA a gravar o clássico “Beneath The Remains“, no mesmo lugar, em 1989.
A gravadora mineira Cogumelo Records entrou no papo e Paulo dissertou sobre ela: “A Cogumelo era no princípio, uma loja de discos, mas ai o Eduardo e a Pat (os donos) resolveram criar o selo e o OVERDOSE seria a banda em que eles investiriam de início. Porém, o nosso amigo Vladmir (vocalista do CHAKAL), interveio e persuadiu os donos para que o investimento se desse também no SEPULTURA e foi ai que a gravadora lançou o split com as duas bandas”.
Perguntado pelo apresentador sobre o que diferencia o SEPULTURA das outras bandas no cenário do Metal, Andreas disse que isso se deve a inclusão de elementos na música e citou como exemplos a bateria na introdução de Territory, em que Iggor Cavalera coloca ali levadas de hardcore com o groove brasileiro e também mais recentemente a faixa Phantom Self, em que contou com participação de uma orquestra de violinos da Tunísia, somado ao maracatu nordestino. “Essas misturas nos estimulam”, afirmou Andreas.
Andreas falou também sobre a faixa Iceberg Dances, faixa em que a guitarra dá lugar ao violão jazzístico: “É um tributo às bandas que fazem música instrumental, como o RUSH, o METALLICA, o IRON MAIDEN“. E ele comemorou o fato de a música ter feito parte da trilha sonora da novela “A Força do Querer” da Rede Globo, onde a personagem de Paolla de Oliveira, que vivia uma policial e a música sempre tocava quando a atriz estava no tatame: “Nós conseguimos ter um tema de novela com uma música instrumental”, disse ele.
Charles Gavin também mostrou a capa de uma cópia do álbum Schizophrenia (1987), um presente que o Sepultura deu ao ex baterista quando do show dos TITÃS no ginásio Mineirinho, no ano de 1987 e leu a dedicatória de Max Cavalera:
“Tudo de realmente bom para vocês, pois merecem. Um dia chegaremos lá”.
E o Sepultura não somente chegou, como ultrapassou as fronteiras, abrindo as portas para que outras bandas brasileiras pudessem mostrar ao mundo que o Brasil não é feito apenas de futebol e carnaval. E seja o caro leitor fã da fase com os irmãos Cavalera ou fã da fase atual, numa coisas todos nós teremos de concordas: o SEPULTURA é a maior banda de Heavy Metal do Brasil em todos os tempos.
Não há previsão de mais reprises do programa, mas se você tiver na grade da sua tv a cabo o Canal Brasil, poderá acessar a entrevista pelo On-demand, clicando neste link .
Fonte: Canal Brasil