Quanta diferença entre o que dispomos hoje em dia e o que havia naquele ano de 1989. Não tinha essa coisa de capa sendo revelada aos pedaços, músicas sendo lançadas antecipadamente e outros confortos atuais que você conhece através da tela de seu comput…. perdão, seu smartphone.
Talvez pequenas notas publicadas na revista mensal que cobria o assunto. Então, o seu lojista preferido dizia que estava para receber o disco e, com sorte, você poderia ter o primeiro contato com os novos sons juntamente com todos que estivessem na loja naquele momento, presenciando o ato solene de abertura do pacote. Resenhas impressas? Provavelmente uns dois meses depois.
O fato é que o Sepultura havia crescido, e o seu crescimento estava autenticado em cada maldito acorde daquele disco. Passando pelas fundações do Death Metal brasileiro, seguiu-se um disco mais técnico, “Schizophrenia”, alavancado pela mudança de guitarrista. “Beneath The Remains” era o passo além que estava se tornando uma constante na caminhada da banda. Cada álbum do Sepultura avançava sobremaneira em relação ao seu anterior. Thrash brasileiro, com influências europeias, produzido por um americano. Para o Sepultura não existiam fronteiras geográficas ou musicais.
Na linha cronológica dos principais momentos do Metal brasileiro, o lançamento de “Beneath the Remains” ocupa uma posição histórica representativa das mudanças de época e, portanto, o seu aniversário não é relevante apenas para o Sepultura, mas para todo o contexto musical pátrio. Pela sua letra ou pelas variações em seu andamento, “Inner Self” era a faixa que você teria que obrigatoriamente conhecer. O fato dela ter gerado um vídeo clipe tornava isso ainda mais essencial, pois era o clipe de uma banda underground que estava rompendo barreiras, uma de cada vez. Era tosco e escuro, mas cada fã precisava estabelecer o seu contato com o mesmo, pois tratava-se de um documento que inspiraria diversos outros a realizarem seus próprios vídeos.
A arte da capa foi desenvolvida pelo artista Michael Whelan. Originalmente, o disco deveria ter sido lançado com a ilustração que foi utilizada para o álbum “Cause of Death”, do Obituary, mas a gravadora não pensou da mesma forma. De qualquer forma, o Sepultura saiu em vantagem nesse quesito, pois a caveira iluminada por luzes vermelhas resta bem mais original e assustadora.
A faixa título já nascia clássica! Rápida, urgente, pronta para certificar a transição definitiva que aquele álbum representava, pegando a banda de Minas Gerais e jogando-a definitivamente para o mundo. Faixas como “Stronger Than Hate” já possuíam elementos de Groove que iriam influenciar toda uma nova corrente dentro de alguns anos, mas é “Mass Hypnosis” a música que nunca saiu da memória e cuja força seria comprovada de vez na primeira apresentação da banda no Rock in Rio de 1991, com toda a plateia gritando sob o comando de Max Cavalera.
As demais faixas replicam todo o ódio concentrado encontrado na sua primeira metade. O Sepultura, na realidade, gerou os escombros descritos no título e passou por cima deles. Após essa conquista, não olhou mais para trás. “Beneath The Remains” era o seu ápice para aquela época, mas a escalada era constante e não havia tempo a perder se repetindo. A única opção de ação viável, futuramente e sempre, seria erguer-se!
Formação
Max Cavalera – vocal, guitarra
Igor Cavalera – bateria
Paulo Jr. – baixo
Andreas Kisser – guitarra
Músicas
01 Beneath the Remains
02 Inner Self
03 Stronger Than Hate
04 Mass Hypnosis
05 Sarcastic Existence
06 Slaves of Pain
07 Lobotomy
08 Hungry
09 Primitive Future