Sem “rodeios” e sem “enrolação”, vou direto ao assunto: Eu considero a vocalista Sandra Oliveira da banda Blame Zeus, a melhor cantora de rock/metal em Portugal que eu conheço. Não me refiro apenas à cantora e sua capacidade artística, mas também à dedicação que faz ao seu trabalho e os elementos riquíssimos e tão modernos que agrega ao seu estilo Heavy Rock ou simplesmente Metal; que une perfeitamente aos quase 9 anos da banda à universalidade do estilo e encanta um nicho maior de interesse, por tratar-se de um som pesado, mas sem ser extremo demais, ou seja, de fácil assimilação.
Música à nível de exportação, com total possibilidade de apreciação em países estrangeiros, com qualidade de gravação e apresentações ao vivo (que já presenciei) à altura de espetáculos famosos: Festivais abertos ou arenas, tanto quanto as salas de concerto. Eles são do Porto, mas tem essa característica não-geográfica e isso é mais um ponto à favor.
Já com essa boa impressão, fui ouvir o álbum Seethe (2019) para perceber o novo trabalho e penso que a primeira impressão, é essa mesmo de uma música de fácil “digestão”, potente, original, saborosa e com variações adequadas ao contemporâneo.
O álbum Seethe começa com a respiração, o fôlego de “How to Successfully Implode” , um diálogo que se apresenta com energia. Ali estava claro que muita história viria pela frente. A expressão “Seethe” também é “sentir muita raiva, mas não poder ou não querer expressá-la claramente” e isso é demonstrado nas letras e nas canções.
Mas é “Dejavu” que vai lhe tirar da cadeira e começar a balançar o esqueleto ou a cabeça. Penso eu, se o objetivo da banda é tornar-se uma boa referência em seu país, eles estão no caminho certo. Acredito que ninguém fique parado com suas canções. Eu os conheci no palco, e confesso que este disco complementou minha admiração por eles.
“Dowm to our bones” é bem mais fluida e é importante também destacar os instrumentais, mas o que realmente chama nos a atenção é o vocal masculino inesperado. Estamos mesmo a tratar de um timbre lusitano? É mesmo feito para não identificar sua origem.
Como todo grande trabalho musical nos pede uma balada, “White” é a música que você precisa ouvir para sorrir. O mais curioso até aqui é que fiquei a pensar que a voz de Sandra, por vezes, me faz lembrar a típica e até então inigualável voz de Siouxse (Siouxse and Banshees) e a docilidade seca torna suas músicas ainda mais agradáveis.
Os acordes de guitarra em “Bloodstained Hands” são mesmo satisfatórios e “The Obsession Lullaby” tem boa execução. Mas na sequência aprecio mais a “Into The Womb” pois tem uma melodia empolgante.
Creio que a banda teve muito momentos de inspiração para compor este disco e pois acho que as faixas conectam-se entre si. Ainda quero tomar minha decisão final ao vê-las executadas ao vivo.
“No” mantém a linearidade do disco e “The Warden” me traz de volta o entusiasmo do inicio. Talvez porque eu penso que a voz de Sandra é mais adequada às baladas e compassos mais ritmados. Penso também que é um disco que tem algo heterogéneo e coeso ao mesmo tempo.
Com uma costura bem fechada, o disco é encerrado com “The Crown And The Gun”, e penso que é uma boa música de fecho. Não há grandes hits impressionantes daqueles que você vai lembrar todos os dias, mas há um conjunto incrível de grupo, de composição e execução. Então minha nota é a melhor.
Apresentações:
Porto – HARDCLUB – 9 NOVEMBRO
Lisboa – RCA CLUB – 16 NOVEMBRO
Faro – ARCM BAR – 30 NOVEMBRO
Maiores informações: https://www.facebook.com/BlameZeus/?epa=SEARCH_BOX