A morte de Neil Peart comoveu toda comunidade do rock mundial. Uma das mais icónicas bandas, havia parado há cerca de alguns anos, pois Neil havia definitivamente encerrado sua atuação. O assunto gerou muita pena por parte dos fãs, mas o fato é que encarar a doença sem o impacto da mídia, pode tê-lo deixado viver mais anos, até que sua luta cessou. Um grande baterista, um grande letrista/escritor e um legado incrível pelo virtuosismo do seu trabalho. Amante das motos e da aventura, Peart foi sobrevivente de tragédias pessoais como a morte da primeira esposa para o câncer, consequente à morte da sua filha num acidente automobilístico. A vida lhe trouxe uma nova mulher e uma nova filha, mas já na maturidade teve que nos abandonar pelo mal que marcou a sua vida pessoal: o câncer, visto e sentido de perto. Em meio as condolências cabe nos relembrar a grandeza do Rush, uma banda que trouxe um incrível fomento para o rock mundial. Relembre sua importância.
Onde tudo começou… (1966-1967)
Alex Lifeson conheceu Geddy Lee quando tinha treze anos na escola. Ambos eram filhos de imigrantes da Europa Oriental que haviam deixado a Europa após a Segunda Guerra Mundial para começar uma nova vida no Canadá. Alex Lifeson (que tem o nome original sérvio: Aleksandar Živojinović) tinha pais refugiados que só não foram para os Estados Unidos porque foram negados. Os pais de Geddy Lee eram judeus poloneses e sobreviventes do Holocausto em Auschwitz. Sua mãe imigrante tinha um sotaque judeu tão forte, que sua pronuncia fez com que fosse conhecido como Geddy em vez de Gary, seu verdadeiro nome. Depois de algum tempo, ele mudou oficialmente para Geddy Lee. Como em todas as histórias de bandas de Rock, os garotos se conhecem na escola e resolvem montar uma banda e assim, criar sua rebeldia adolescente. Eram amigos e tocavam na casa de Alex, até finalmente formarem o Rush. Inspirados pelo Cream, a dupla começou a se dedicar, com uma técnica:
“Nós tocávamos junto com o disco ou conectávamos o amplificador de Ged e tocávamos ele no baixo, eu na guitarra. Estávamos começando a olhar a música com mais seriedade e realmente tentando descobrir o que os músicos estavam tocando, como as bandas funcionavam. E nós adorávamos tocar. Nós simplesmente não conseguimos fugir disso.” – diz Alex para uma entrevista ao site Loundersound.
O primeiro show (1968)
Alex Lifeson tinha uma pequena banda chamada The Projection. E do The Projection veio o primeiro show como “Rush”. Alguém disse: ‘Você precisa de um nome melhor para a banda – que tal Rush?’ Foi então que uniu-se a Geddy Lee. Geddy Lee era um garoto muito tímido, mas era o que tinha a melhor voz para a banda.
Os clubes e bares (1971)
Quando a idade para beber virou de 21 para 18 em Ontário, era uma boa oportunidade para tocar nos bares que começavam a se tornar mais populares para os jovens. E foi nessa altura eles começaram a se dedicar em tempo integral. Basicamente o som dos caras era os covers: Cream, Hendrix, The Who. Como já sabemos, nesta época também os bares e discotecas não tinham preparação para bandas autorais, e eles sentiam-se mais a vontade com os covers.
Depois de um ano tocando em clubes, os shows estavam lotados. Já estavam ganhando mil dólares por semana. Foi uma subida astronómica, e eles se dedicaram totalmente à função. O difícil foi gravar um primeiro disco. Segundo diziam: “Ninguém tinha o menor interesse em assinar conosco. Não havia grande selo de rock no Canadá”. Realmente, havia apenas postos avançados de distribuidores para as empresas americanas. E ninguém se importava com a música canadense.”
O single de estreia (1973)
Foi o ano que lançaram o single: Not Fade Away – baseada mais na versão dos Stones do que no original de Buddy Holly. Ao vivo funcionava, mas na gravação nem tanto. E com produtores não muito preparados a coisa ainda estava complicada. De David Stock foram para Terry Brown, sempre na tentativa de melhorar. Foi então que gravaram no estúdio Toronto Sound o álbum RUSH que finalmente lhes orgulhariam.
Working Man (1974)
O álbum RUSH foi lançado pela Moon Records. O grande ponto de virada foi quando o Working Man começou a tocar em uma estação de rádio em Cleveland, Ohio. Uma música de 7 minutos! E isso os levou para a Mercury Records. Problemas de saúde do baterista e incompatibilidades musicais, fizeram com que ele tivesse que ser demitido para a entrada de Jerry Fielding. A ideia era ir para uma vertente mais progressiva, com inspiracao no Yes e Pink Floyd. RUSH foi o disco mais rock n roll da banda, mas eles definitivamente iriam mudar essa vertente.
A entrada de Neil Peart
“No dia em que Neil (Peart) fez o teste para entrar na banda, tínhamos cinco caras – três antes de Neil e um depois. O último cara tinha viajado de bem longe, tipo duas horas de carro, e era uma situação muito desconfortável tê-lo em teste depois de Neil, porque Neil era muito bom. Esse pobre rapaz tinha escrito cartas e estava tocando nossas músicas. Foi realmente estranho, constrangedor. Eu e Alex olhamos um para o outro. Ficamos envergonhados, porque estávamos muito empolgados com a atuação de Neil. Não havia como negar que Neil era o cara.” – Diz Geddy
“Nós ficamos tão impressionados com o jeito de Neil de tocar. Era muito parecido com Keith Moon, muito ativo, e ele tocava sua bateria com tanta força. E depois que tocamos, conversamos e ele ficou tão interessado. Nós nos conectamos em vários níveis. Tenho que admitir que, no primeiro dia, disse a Geddy: Sabe, talvez ainda devêssemos esperar e ver quem mais está lá fora. Mas, quando conversamos novamente, estávamos convencidos de que ele era o cara certo.” – Diz Alex
A entrada majestosa de Neil trouxe uma nova fase de composições que eram feitas de forma improvisada, sempre que sobrasse um tempo entre uma viagem e outra. Geddy e Alex ficaram impressionados com a intelectualidade de Peart que passava todas as viagens a ler livros e produzir as letras da banda de forma produtiva.
Ainda sobre Neil Peart (1975)
O álbum Fly By Night veio para ser um novo começo para a banda. Neil escrevia, Geddy e Alex colocavam as músicas. Tal como a Beneath, Between & Behind, que foi a primeira letra que Neil escreveu para a banda. Apesar que o disco tinha uma intensão de ser musicalmente incrivel, começava a se destacar pelas letras de Peart. O álbum era acima de tudo DIVERSIFICADO! As letras que Neil escreveu para By-Tor e The Snow Dog chamaram a atenção dos músicos e definiu a complexidade que a banda representava musicalmente.
CONTINUA…