Após sua polêmica passagem pelo Brasil, Roger Water, ex-baixista do lendário grupo Pink Floyd, voltou a protagonizar mais uma questão controversa.
O músico, que por toda sua carreira sempre se posicionou em prol das causas humanitárias, não reagiu bem a notícia de que a UK Pink Floyd Experience, banda tributo ao Pink Floyd autorizada pelos próprios integrantes, marcou uma série de show em Israel para janeiro de 2019.
Como muitos devem saber, Roger é um grande crítico ao governo israelense por conta de suas atitudes contra a Palestina, e por isso, ele boicota o país se recusando a tocar por lá.
O músico se pronunciou através de nota oficial em suas redes sociais.
https://www.facebook.com/rogerwaters/posts/2131912350185892
TRADUÇÃO:
“Nota de Roger para a UK Pink Floyd Experience:
Estou horrorizado em saber dos seus planos em Tel Aviv, Haifa e Be’er Sheba em 4, 5, e 6 de janeiro, por favor, não façam isso.
Cantar minhas músicas para públicos segregados em Israel e contribuir para o branqueamento cultural do governo racista daquele país seria um ato desrespeitoso e irresponsável.
David Power, Bobby Harrison, Mike Bollard, Rick Benbow, Francesco Borrelli….
Vocês nunca ouviram de verdade o trabalho que apresentam para ganhar a vida?
As pessoas que vocês pretendem entreter estão executando as crianças vizinhas a sangue frio todos os dias.
Em nome de tudo que é humano, por favor, me ouçam e cancelem.”
Após a reação de Roger, a banda-tributo divulgou uma nota respondendo ao baixista, onde eles explicam suas motivações para realizarem os shows em Israel, onde eles teriam se apresentado em 2017 e gostado do resultado.
“Nossa decisão em tocar em Israel é completamente apolítica e não critica, nem apoia as visões políticas de nenhum envolvido. Temos que cumprir a nossa obrigação contratual em Israel. No entanto, mudamos o repertório e faremos um show especial com a Israeli Pink Floyd Tribute Band Echoes. Lamentamos o transtorno causado e não queremos causar ódio” disse a banda.
Segundo os músicos, toda a renda obtida nos shows em Israel serão destinadas ao Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef).
Depois da má repercussão, a banda desativou suas redes sociais. Segundo Ziv Rubinstein, produtor do grupo, isso ocorreu por conta das diversas ameaças que os músicos receberam.
Em entrevista para o The Time of Israel, Ziv se pronunciou sobre o caso e criticou Roger Waters por toda a situação.
“Nós os convencemos a vir. Pratiquei diplomacia, mas não foi algo político. Somos músicos e precisamos separar música e política. Eles querem vir, já vieram antes, mas ficaram com medo, pois foram ameaçados pelo sr. Waters. É pela música e pelo amor a ela – e isso é maior que o homem por si só“.
Com isso, Waters fez uma nova declaração se desculpando com os músicos por conta de toda a situação ocasionada por ele, mas mantendo seu posicionamento crítico aos shows em Israel.
“Sinto muito que eu tenha assustado vocês, garotos. Eu poderia ajudá-los a resistir se vocês me pedissem. Sugeriram que eu tivesse publicado os números de vocês como vingança, mas eu nem sei o telefone de vocês. É parte do Hasbra, lobby israelense, tentando me pintar como um valentão malvado em vez de um preocupado ativista de direitos humanos. Vocês disseram que vão tocar em Israel sem nenhuma de minhas músicas. Obrigado pela pequena concessão, não vai trazer os mortos de volta nem acabar com a ocupação, mas, por favor, divulgue seu repertório. Imagino que terá músicas de Syd (Barrett), ‘Great Gig’, ‘Fat Old Sun’ e material pós-1985? Peça à banda-tributo de Israel que denuncie o apartheid do país durante o repertório. Espero que eles, assim como vocês, não toquem minhas músicas. Não suporto nenhuma má vontade“.