Com o intuito de movimentar a cena local, e trazê-la mais para a zona norte do Recife, no último sábado, dia 18 de maio, a segunda edição Festival Rock Ribe ocorreu no bairro de Porto da Madeira, na Dalva de Oliveira Comedoria e Petiscaria, localizado na Avenida Beberibe. 

Diferente da edição do ano passado, quando evento ocorreu em praça pública e tinha entrada franca, no festival desse ano o mesmo ocorreu em local privado, e com cobrança de ingresso (10 reais). 

Outra diferença também foi no número de atrações, enquanto na edição de 2018 tivemos apenas quatro bandas, na desse ano se apresentaram sete, entre covers e autorais. 

A casa escolhida para sediar o evento era bem pequena, e os padrões da mesma se encaixa naquilo que chamamos de “boteco de esquina” (não estou desmerecendo a casa, já deixando claro). Certamente também era um local o qual nunca tinha recebido um evento de rock antes. 

Mas apenas uma coisa me preocupava em relação ao local, que era o fato do mesmo ser completamente aberto, sem isolamento acústico, e em uma área que me parecia ser residencial. Ou seja, poderia haver chances de algum vizinho ficar put* com o barulho e chamar a Polícia para resolver a situação. 

Bom, mas já adianto que felizmente, nada do tipo ocorreu naquela noite, mas sempre é bom ficar atento a esses detalhes. 

Falando do evento em si, as bandas escaladas para compor o cast da noite eram Lady Babel, Gabriel Galilei, Insânia, Boa Vista Hard Club, Cospefogo, Ugly Boys e Power Crazy. As atrações se apresentaram nessa exata ordem. 

O evento estava marcado para se iniciar às 18h, mas para variar, atrasou. Mas aqueles que chegaram cedo puderam ver um mini-show da Lady Babel para a transmissão da Rede Globo, que foi ao local fazer uma entrada ao vivo. 

A segunda edição do Rock Ribe começou oficialmente já próximo das 20h com a apresentação da banda Lady Babel. 

Quando o show começou, a casa já se encontrava com um bom quantitativo de gente, ainda tendo outras pessoas que chegavam aos poucos no local. 

A Lady Babel fez um show com tributos a músicas do rock n roll nacional dos anos 70, tendo também algumas músicas autorais no repertório. Com isso, toda a banda representou os rockeiros da terceira idade, com a exceção da vocalista Amanda Guedes, de forma maestral e com muita técnica, isso sem falar na voz na própria Amanda que encantou a todos. 

Também posso dizer sem sombra de dúvidas que a Lady Babel foi a banda mais carismática (principalmente o guitarrista Antônio Guedes) da noite, e olha que o páreo para esse posto foi duro. 

Após o fim da apresentação da Lady Babel, era a hora de Gabriel Galilei, vocalista da banda Conspiração Reptiliana, se apresentar com seu projeto solo, trazendo um estilo chamado por ele mesmo de “Brega Rock” e “Tropical Wave”. 

Admito que o tipo de som feito por ele não é da minha preferência, mas mesmo assim é um trabalho a ser apreciado, principalmente por conta da forma que ele traz referências retrôs em sua música juntando com algo mais moderno. 

O jovem músico, que atualmente divulga seu mais novo trabalho intitulado “Os 20 e Poucos Anos”, também se destacou por conta da sua empolgação, gingado, malemolência, e presença de palco. Uma pena que não podemos dizer o mesmo do público, que preferiu conferir sentado em suas mesas. 

Encerrada a apresentação de Galilei, a atração seguinte veio com um completo contraste ao som do jovem cantor de “20 e Poucos Anos” (se me permitem o trocadilho), se tratando do Metalcore da banda Insânia. 

Imagino que os mais desavisados ficaram assustados com a mudança sonora tão repentina. Após ouvir um som “light” vindo do Gabriel Galilei, agora ouviam todo o peso do metal da Insânia, que também estava divulgando seu novo disco, se tratando do seu homônimo lançado esse ano.

Principalmente por conta da energia apresentada em suas músicas, o show da Insânia foi o mais instigante da noite. A banda conseguiu fazer a casa tremer com o seu som, mas infelizmente foi apenas com o som, pois o público pouco interagiu com eles, mesmo com o vocalista Diogo Felipe tentando instiga-los. 

Provavelmente isso se deve ao fato deles terem sido a banda mais pesada da noite, e mesmo com um cast variado como foi o do Rock Ribe, eles acabaram sendo um ponto fora da curva, pois o som deles não é do tipo que qualquer ouvido aguenta. 

De qualquer forma, isso não diminuiu em nada a insanidade que foi o show deles, só não sendo “perfeito” por conta desse fator “público”. 

Na apresentação seguinte, mesmo em uma menor proporção do que a Insânia, também não faltou peso por parte da banda Boa Vista Hard Club. 

Apresentando aquilo que eles chamam de “Hard Rock Experimental”, o quarteto tocou suas músicas autorais presente no EP “A Fundação”, com muito peso, fortes riffs e uma bateria instigante. 

Destaco na apresentação duas coisas: o forte vocal de Victor Chalegre (que drives insanos!!!!), e a bateria monstra de Henrique Costa. 

O que mais me agrada no som deles, é o fato deles fazerem um Hard Rock sem ficar preso no som tradicional, como muitas bandas do estilo fazem, tendo assim uma proposta mais moderna. Mas, também houve espaço para o “clássico” no repertório deles, tendo em um momento eles tocado um mix com intros de hits do rock/metal, como “2 Minutes to Midnight” do Iron Maiden, “Enter Sandman” do Metallica,” Smoke On The Water” do Deep Purple, “Highway to Hell” do AC/DC, e alguns outros. 

A sequência de sons de peso seguiu com a apresentação da banda Cospefogo, liderada pelo sempre carismático Mau Victorino, tocando um Heavy Metal com letras completamente em português. 

Além da competência técnica deles, outra coisa que os destaca é a presença de palco de todos os integrantes, que conseguem deixar o show mais envolvente, e falo isso com a certeza de quem viu a banda tocar ao vivo pela segunda vez esse ano. 

A banda se mostrou bastante animada no palco, diferente do público que ainda se mostrava paradão. Cenário esse que não mudou em nenhum momento ao longo do evento, e que iria piorar dali em diante, porque por conta do horário já tardio (quase meia-noite), alguns já começavam a deixar o local. 

Isso ficou ainda mais perceptível durante o show do Ugly Boys, onde o bar já aparentava estar mais vazio, e quando os presentes se mostravam mais cansados. 

Sobre o show do trio em si, mais uma vez posso afirmar que a banda sempre acaba incorporando o verdadeiro espírito do punk rock em suas apresentações, e falo isso porque essa foi a terceira vez em que vi o grupo ao vivo, e pela terceira vez, aconteceu um problema técnico durante show. 

Dessa vez, o problema ocorreu em menor proporção, tendo sido o fato da corda “mizinho” da sua guitarra ter quebrado, corda essa que segundo o próprio vocalista Geydson falou no palco, não lhe fazia muita falta (nas primeiras vezes em que os vi ao vivo, em uma o show começou sem o baixista, e em outra o pedal da bateria quebrou na segunda música). 

O próprio Geydson também falou no palco que a banda não ensaiava há mais de três meses, e que eles foram para o show sem ter montado um repertório, mas garanto uma coisa, se ele não tivesse falado isso, provavelmente ninguém iria reparar nesses detalhes, pois o trio transparecia estar bem ensaiado. 

Mesmo com esses detalhes, o Ugly Boys se saiu muito bem apresentando seu punk rock/ska clássico dos anos 80, Além das suas músicas autorais, a banda também tocou alguns covers, como “Three Little Birds” do Bob Marley, “What Do I Get” do Buzzcoks”, “Roots Radical” do Rancid e “Last Caress” dos Misfits (tendo as duas últimas sido tocadas a pedido da plateia). 

Já o encerramento do evento ficou por responsabilidade da banda Power Crazy (banda que também contava Leeds Guedes, da Insânia, na guitarra), que apresentou para os poucos gatos pingados sobreviventes da longa noite de shows, covers de grandes clássicos do rock/metal. Tendo também a participação especial de Amanda Guedes (vocal do Lady Babel), de Larissa Moura (vocal a Bettercup) e Vítor Lima (baterista das bandas Bettercup e Insânia). 

Encerrada a segunda edição do Rock Ribe, podemos ir para as considerações finais. 

Sobre a Dalva de Oliveira Comedoria e Petiscaria, acredito que já dei todas as considerações no início do texto, é um local intimista, mas que foi pensado para ser um restaurante, e não uma casa de show. 

O som não falhou por todo o evento, mal houveram microfonias e deu para ouvir todas as atrações muito bem sem muitos problemas. 

Apenas uma coisa muito essencial faltou naquela noite, a empolgação do público. Infelizmente, não houve nenhum show onde a galera realmente se conectou com a música, ficando mais sentadas em suas mesas tomando uma. 

Outro fator que pesou, principalmente no final, foi a quantidade de atrações, para um evento do tipo, 7 bandas foi muito, o essencial seria apenas 4 no máximo para a galera não chegar no final do evento completamente cansada. 

De qualquer forma, iniciativas como as do Rock Ribe precisam ser apoiadas, pois são elas que conseguem manter a cena viva, principalmente nos bairros longe do centro da cidade, local que costuma ser o foco dos eventos. 

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