Muito além da música, o rock já foi tema por diversas vezes nos cinemas em cinebiografias, comédias, documentários ou ficções. E o quadro Rock N’ Movie aborda sobre produções que celebram o estilo, seja pela paixão dos fãs da música ou sobre vida de grandes astros.

Um dos mais importantes e aclamados álbuns da história do rock, “The Wall”, lançado em 1978 pelo Pink Floyd é um item obrigatório na lista de todo fã do estilo, mesmo que seja apenas por caráter de conhecimento. O álbum duplo mais vendido da história apresenta além de uma bela e criativa sonoridade, um enredo muito interessante. Assim, a ópera-rock acabou virando também roteiro de cinema, com Pink Floyd – The Wall (1982).

O trabalho é criação de Roger Waters (até então líder da banda), que fez o roteiro, Alan Parker na direção e Gerald Scarf com as animações que são um elemento muito importante para a narrativa. O longa segue a mesma história apresentada no álbum, a semi auto-biografia de Waters, narrando a história do músico Pink.

A vida de Pink não é fácil, e sua jornada é turbulenta desde a infância, com traumas como a perda do pai na guerra em 1944, uma mãe super protetora e o bullying que marcou grande parte de sua infância. Na vida adulta se torna um astro do rock que após se casar, é traído e abandonado pela esposa. Com isso, ele enfrenta as consequências do uso de drogas.

Tudo isso faz com que Pink fique rodeado por um “muro”, que nada mais é do que as fases ruins de sua vida, que surgem como tijolos e o erguendo cada vez mais. Em outras palavras, o músico se vê na condição de isolar cada vez mais e, confortavelmente entorpecido, dizer adeus ao mundo cruel.

Assim, inspirado por um filme na televisão, acaba criando uma facção neonazista com centenas de seguidores. Seu objetivo é combater os “males” da sociedade. Mas ao ser capturado, é julgado e condenado a derrubar o muro. 

Todos os atos são acompanhados pelas músicas de The Wall. O filme é uma verdadeira imersão experimental sobre a mente de Pink e de seu criador Roger Waters. O clima é melancólico e também tem tom de indignação. Afinal, o trabalho é uma crítica à sociedade com forte mensagem política contra regimes totalitários.

Com um formato totalmente diferente do que estamos acostumados, o filme de certa forma necessita que o público tenha uma sensibilidade maior pra que seja entendido. The Wall mostra cenas com referências a guerras, brigas, ditadura, problemas sociais da época e efeito de drogas.

Temas fortes mas belamente retratados, em especial com as animações de Gerald Scarfe. Ele, que já havia produzido um videoclipe para a canção Welcome to the Machine, retorna a mais trabalho com a banda. Faz algo impecável e essencial, pois não imagino o filme sem a beleza gráfica dos desenhos.

Apesar de ter sido elogiado pela crítica, Pink Floyd – The Wall não recebeu muitos prêmios. O longa venceu o Bafta nas categorias Melhor Canção e Melhor Som e apenas uma indicação ao Saturn Awards na categoria Melhor Arte em pôster.

O filme é pesado mas importante para que se faça uma verdadeira reflexão sobre as mensagens que estão sendo repassadas. O disco é uma manifestação sobre a liberdade em forma de músicas suaves. E no longa-metragem não seria diferente. Por isso é considerado um dos melhores filmes de rock.

Esta ópera de rock “estilo floydiano” é uma infiltração no caráter e na personalidade de uma pessoa. Ele é extremamente importante na formação da cultura e do conhecimento de inúmeras pessoas. Por isso tanto o disco quanto o filme merecem ser sempre lembrados e descobertos pelas gerações.