Rock N’ Movie #05: Bohemian Rhapsody (2018)

Muito além da música, o rock já foi tema por diversas vezes nos cinemas em cinebiografias, comédias, documentários ou ficções. E o quadro Rock N’ Movie aborda sobre produções que celebram o estilo, seja pela paixão dos fãs da música ou sobre vida de grandes astros.

O gênero de cinebiografias musicais sempre roubou holofotes em Hollywood. Inclusive longas de um grande nome da música dificilmente passam batido no Oscar em alguma categoria. E não foi diferente com o filme que vamos falar hoje, Bohemian Rhapsody (2018).

O título logo entrega que é um filme do Queen, uma das melhores bandas da história do rock (para muitos a melhor!) com o nome de um dos clássicos mais épicos compostos pelo quarteto inglês. É a história do Queen, mas com um ênfase maior na figura do lendário Freddie Mercury.

O filme narra a trajetória do vocalista desde quando abandonou o nome de batismo Farrokh Bulsara e assumiu a sua nova identidade artística. Interpretado por Rami Malek, vencedor do Globo de Ouro e Oscar pela brilhante atuação, vemos a personificação de Freddie nas telonas. Desde os momentos cômicos, dramáticos ou explosivos, Rami soube cativar os fãs com grande sensibilidade artística.

Vale lembrar que originalmente Freddie Mercury seria interpretado por Sacha Baron Cohen (Borat), devido à semelhança com o cantor e as loucuras cênicas. Seria um candidato ideal para o papel, mas por conflitos artísticos com os produtores, o intérprete de Freddie mudou várias vezes antes de Malek ser contratado. E ele não decepcionou.

Mas além de Malek, também destaca-se também a assombrosa semelhança física de Gwilym Lee, no filme, com o guitarrista Bryan May. Ao assistir o filme, é possível o espectador imaginar que os produtores criaram uma máquina do tempo e buscaram o músico ainda jovem para gravar as cenas. A produção acertou em cheio na maquiagem, cabelo e figurino e o ator brilhou na performance, seja em cenas de diálogo ou com a guitarra.

Ben Hardy, que interpretou Roger Taylor, e Joe Mazzello, ator de John Deacon também têm seu destaque em Bohemian Rhapsody. O primeiro, mesmo que na semelhança esteja um pouco diferente do músico original, se dedicou para o papel, revelando inclusive que mentiu para os produtores ao dizer que sabia tocar bateria e antes do teste fez aulas relâmpagos. O resultado foi muito satisfatório. Já Mazzello conseguiu representar o jeito britânico do norte de Deacon com perfeição.

Além das grandes interpretações, Bohemian Rhapsody garante boas emoções, mas sem exageros. O relacionamento de Freddie com os pais, a bissexualidade, o amor por Mary Austin (mulher que inspirou a fantástica canção “Love of My Life”, que até hoje embala muitos amores), conflitos com a mídia.. tudo é mostrado de uma forma interessante.

O momento chave do filme, quando Freddie descobre que tem AIDS, é revelado de maneira sutil e não torna o filme denso e pesado. Pode ser questionável para alguns fãs, mas esta escolha, ao meu ver, foi acertada por combinar com o resto do longa. Freddie faleceu em 24 de novembro de 1991, dois dias depois de declarar publicamente que era portador do vírus HIV, aos 45 anos.

Outro ponto alto do filme é a forma como o amadurecimento de Freddie é apresentado. Sobretudo após saber da doença e estar consciente de seus erros no passado, pôde se reconciliar com os amigos. Todavia, mesmo com sua dificuldade, e sabendo que não lhe restava muito tempo de vida, não se vitimizou e nem desistiu da música.

Na vida real, o álbum “Innuendo” (1991), último com a voz de Freddie, nos mostra uma verdadeira despedida. As letras e melodias de “The Show Must Go On” ou “These Are The Days Of Our Lives” revelam exatamente isso. Esta fase não é apresentada em Bohemian Rhapsody, mas o clima final, com Mercury mais intenso e inspirado em fazer música compensam nesta obra.

E claro que não podia deixar de falar nos momentos musicais com os clássicos do Queen, que dificilmente qualquer fã fica sem cantar enquanto assiste. Especialmente a cena final, no palco do Live Aid, é uma experiência fascinante e realmente, faz sentir inveja de quem viveu esse momento ao vivo. E a versão em DVD tem a cena inteira com 22 minutos, ao lado do show original.

Apesar de ter sido criticado port muitos devido a erros e cronologia, Bohemian Rhapsody é um filme fantástico e uma linda homenagem ao Queen e Freddie Mercury. Inclusive o longa rendeu ainda mais popularidade para a banda e muitos jovens puderam conhecer o grupo através do cinema. E a trajetória musical de Mercury, May, Taylor e Deacon ao longo de 21 anos deve ter destaque sim. Afinal, é o Queen, que merece toda a majestade.

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