ROCK IN RIO: CHEGA DE MIMIMI, É HORA DE RECONHECERMOS O VALOR DESTE FESTIVAL

Entra edição, sai edição é sempre a mesma ladainha de xingamentos e críticas ao maior festival de música do Brasil, o malfadado Rock in Rio.
Sempre digo que seu maior defeito é o nome. Se o evento se chamasse, por exemplo, “Rio Music Festival”, não ouviríamos o mesmo blá blá blá de sempre. Claro, existem sempre os mais exaltados que amaldiçoam Roberto Medina e seus Asseclas por misturar pop num festival que tem rock até no nome. Até aí concordo, o nome não é coerente com o que vemos na prática, mas daí a crucificar o empresário são outros quinhentos, como diria a Dona Célia, minha mãe.
Antes de tudo é preciso lembrar que o evento em questão foi criado para gerar lucro (money, bufunfa, dinheiro). Nenhum mecenas neste mundo investiria milhões em um evento só para agradar esse ou aquele público. Roberto Medina só faz o Rock in Rio porque o festival lhe traz rios de dinheiro.
Isto posto, vamos esquecer o polêmico nome do festival e nos ater ao evento em si. Seria correto chamar de “porcaria, merda, lixo, vergonha, etc” um evento que vende 560.000 ingressos em um dia e ainda deixa na fila de espera quase 2 milhões só porque detestamos metade das atrações?
Gostemos ou não o Rock in Rio é um sucesso e uma marca reconhecida e valorizada mundo afora. Não dá mais pra mudar o nome depois de 30 anos de sucessivos sucessos. Temos que aturar o equívoco do nome e pronto.
É muito comum ler/ouvir que todo mundo prefere o Monsters of Rock. Claro, porque no Monsters só tem rock, e pesado. Porque no Monsters não tem mistureba de estilos. Porque a Ivete Sangalo jamais tocará no Monsters. Isso faz do Monsters realmente melhor do que o Rock in Rio?
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Eu, particularmente, adoro os dois festivais, mas…
Só para efeito de comparação fiz uma pesquisa e descobri que ao longo de suas seis edições o Monsters of Rock contratou um total de onze bandas nacionais. Sabem quantas bandas brasileiras de “metal” o Rock in Rio contratou só nesta edição de 2015? Foram dez! E só estou falando de metal!
E não para por aí! As bandas nacionais que se apresentam no palco Sunset do Rock in Rio são exibidas em rede nacional pelo canal Mutshow ao vivo, ao passo que a única banda nacional que se apresenta no Monsters sequer tem sua apresentação transmitida pelo canal. Com muita sorte o Multshow disponibiliza um trecho da apresentação. Na edição de 2015 o Monsters não foi transmitido por canal algum.
Em termos de infra estrutura seria humilhante comparar os dois eventos. Tá, você vai dizer que o Monsters é mais underground enquanto o Rock in Rio é mais Pop e eu vou concordar com isso, mas vamos analisar outro dado importante: o preço do ingresso.
Vamos pegar logo o preço da entrada inteira sem a maldita taxa de conveniência:
Monsters of Rock 2015 – R$400,00 (dividido em 3x no cartão)
Rock in Rio 2015 – R$360,00 (dividido em 3x no cartão)

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O que o Monsters nos oferece além das 8 atrações musicais, uma feira de produtos relativos a cultura rock (novidade em 2015) e uma praça de alimentação?
Quem respondeu nada errou porque existem alguns stands dos patrocinadores que promovem interatividade com os frequentadores. Nada muito interessante e que lhe dará no máximo a oportunidade de tirar umas fotos pra postar nas redes sociais. Ou seja, se você não gostar da banda que está no palco a alternativa é procurar alguma coisa pra comer ou um lugar pra sentar no cimento do Sambódromo, geralmente a mercê do sol.
O que o Rock in Rio nos oferece além das 8 atrações musicais, um stand com produtos oficiais (que custam caro) e “algumas” praças de alimentação onde as filas são mínimas (a maior que peguei tinha 4 pessoas)?
Eu precisaria de várias linhas pra enumerar a quantidade de atrações que vão desde as famosas Tirolesa e roda Gigante até Montanha Russa e similares adrenalizantes. Fora isso também têm os stands dos patrocinadores, todos com suas atrações capazes de reunir muitas pessoas em frente. Se quiser saber a lista completa de atrações é só ir ao site. Ou seja, se você não gosta da banda que está no palco, alternativa para ocupar o tempo é que não falta. E lugar pra descansar é o que mais tem dado o tamanho do local do evento. Tem até sombra proporcionada pelos postes de iluminação que também são projetados para “gerar sombra” durante o dia! E sentar na grama sintética dói menos a bunda do que no cimento. Fora isso tudo ainda nos oferece espaço na Rock Street para mais 3 bandas nacionais se apresentarem, mesmo que sem divulgação na TV.
Outra diferença gritante é o público. Enquanto o Monsters recebe algo em torno de 35 mil pessoas o Rock in Rio recebe diariamente 85 mil. Tá, eu sei, metade do público do Rock in Rio tá lá de turista pra comprar camisetas “Eu Fui” e postar fotos nas redes sociais. Isso é fato! Só que as bandas nacionais que tocam no Palco Sunset se apresentam para pelo menos 40 mil pessoas em um palco que “de boca” tem apenas 2 metros a menos que o principal. Pergunte a qualquer músico que lá tocou se isso é bom ou não.
Eu adoro e frequento ambos os festivais e os adoro! Cada qual tem seu charme e sua capacidade de nos alegrar. Esse texto não tem por intenção diminuir a importância do sensacional Monsters of Rock. Esse texto visa única e exclusivamente mostrar o quanto o Rock in Rio é importante para o rock/metal brasileiro.
O Rock in Rio tem seus defeitos, claro, mas é um puta de um festival bacana de se ver e participar! Todo músico sonha em subir naquele palco por mais que diga, às vezes em tom de despeito, que não. Todo roqueiro adoraria pisar na Cidade do Rock e encher seu celular de fotos.
Pode ser que um dia algum maluco banque uma edição do Wacken por aqui, ou do Download ou sei lá o quê, mas a verdade é que, gostemos ou não do Line Up, o Rock in Rio é, foi e sempre será o maior festival de música do Brasil. Mesmo que o nome não corresponda ao conteúdo.

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