Com uma considerável e rica quantidade de anos gloriosos dedicados ao vocal do Judas Priest, Halford entrega em mais esse trabalho uma performance digna do nome que ostenta. Diferentemente do princípio de sua carreira, quando suas características notas agudas eram limpas e brilhantes em grande maioria do tempo, agora o velho mago da voz opta por ornar a parte mais alta de seu range com drives gordos e carregados de peso, mesmo nas notas mais extremas. Geralmente, cantores mais jovens e desprovidos de conhecimento técnico sobre seu próprio aparelho fonador, dão preferência a drives desmedidos e irresponsavelmente inconscientes quando a predominância muscular vocal jaz sobre a ação do CT (músculo cricotireóideo, principal responsável pela emissão de notas agudas, ou a popular voz de cabeça), essa preferência inconsciente, na maioria das vezes se dá pela falta de controle técnico sobre seu próprio range, quando não se tem habilidade pra “chegar lá” e acaba-se por soltar algo mais próximo de um grito do que propriamente uma nota cantada sob regência do controle psicoacústico. Rob tem apresentado muito essa característica de cantar agudos sempre com drives (até mesmo nas músicas em que ele não o fazia enquanto jovem) em detrimento da voz limpa que outrora usava, mas julgo importante ressaltar minha suspeita de que, dada sua larga experiência, tal escolha se dá mais por uma questão estética do próprio vocalista do que por alguma possível falta de capacidade técnica por parte do mesmo (que não precisa mais provar nada a ninguém).
No atual trabalho lançado pela banda, o vocalista demonstra potência e bravura excepcionais mesmo para alguém em sua idade! Os indícios de presbifonia estão lá, demonstrando sua sutil aparição, o que é algo compreensível até para um Metal God, mas nem mesmo com isso sua maestria se perde, pelo contrário, sua nova condição vocal “envelhecida” que aparenta em sons funéreos um aspecto mais sinistro, foi usada esteticamente em seu favor de uma maneira que só a sabedoria advinda da idade pode trazer.
