Roadie Metal Na Fronteira do Desconhecido #29: Riot Grrrl

Hoje teremos mais uma edição do quadro “Roadie Metal na Fronteira do Desconhecido”, que tem o intuito de trazer mais informações sobre os mais diferentes subgêneros existentes, de forma a tirar dúvidas sobre estilos pouco conhecidos, acabar com informações enganosas sobre outros, ou simplesmente indicar algumas bandas para quem quiser se aventurar em gêneros novos. O quadro vai ao ar toda quarta-feira.

Imagina um mundo onde você é privado de se expressar, opinar, tocar, de se vestir como quiser e caso faça alguma dessas coisas, é vítima de abusos e violência moral e física.
Pois foi justamente isso que motivou as jovens garotas rebeldes de Olympia, EUA, a criarem o movimento Riot Grrrl!

Bem resumidamente, se eu pudesse definir o movimento Riot Grrrl em três palavras, seriam elas: FEMINISMO, PUNK, POLÍTICA!

História

Há quem diga que o estilo nasceu como um derivado do Indie Rock, quando as garotas se inspiravam nas bandas punk para se expressarem, e eles não deixam de estarem certos também.
O movimento nasceu no começo dos anos 90, sendo a união de um movimento político com a causa punk. Com letras que falam sobre machismo, abuso doméstico, homofobia, gordofobia, desigualdade social e muitas outras coisas que até hoje precisam ser debatidas.

Muitas pessoas podem pensar que o Riot Grrrl nunca teve espaço no mainstream, pelo fato de se envolverem em política e assuntos polêmicos, mas a raiz do movimento sempre foi essa, SEMPRE foi underground, as bandas sempre evitavam grandes gravadoras, e sempre optavam por organizarem os próprios festivais ao invés de tocarem nos de renome.O Riot Grrrl sempre foi sobre minorias, as minas que frequentavam shows de garagem escondidas, como uma alternativa para a fuga da realidade…esse sempre foi o público delas.

Além disso, o movimento sempre incentivava as garotas a produzirem suas próprias artes, sendo elas suas músicas, poesias, zines, e acima de tudo, de expressarem através da arte a sua própria voz.

Uma das pioneiras no estilo é o Bikini Kill, liderada por Kathleen Hanna, a banda surgiu em Olympia, e um dos maiores fatores para o surgimento da banda, foi quando na época da faculdade, a melhor amiga que dividia moradia com Kathleen sofreu uma tentativa de estupro no próprio campus, tendo ficado bem machucada. Como forma de protesto, ela organizou uma espécie de intervenção na faculdade, onde todas as garotas desfilaram usando roupas com frases de repúdio á tentativa de estupro. Após esse episódio, Kathleen conhece Tobi Vail, que na época era uma das pouquíssimas garotas que falavam sobre feminismo e punk, que veio a ser a baterista do Bikini Kill.

O primeiro trabalho do Bikini Kill foi lançado em 1991, “Revolution Girl Style Now“. E outro marco na história do movimento foi quando Kathleen escreveu o Manifesto Riot Grrrl, inspirada nos desabafos e relatos de abuso que ela ouvia de outras garotas, segue um pequeno trecho:

PORQUE nós garotas desejamos fazer discos e livros e fanzines que falem a NÓS e que NÓS nos sentimos incluídas e possamos entender isso de nossas próprias maneiras.
PORQUE nós queremos facilitar para garotas verem/ouvir o trabalho uma das outras, para que a gente possa compartilhar estratégias e criticar-aplaudir umas às outras.

Outra banda que ganhou destaque no movimento foi a Bratmobile, a banda começou quando Allison Wolfe e Molly Neuman se conheceram enquanto colaboravam para a produção do zine “Girl Germs“, o primeiro shows delas foi em 1991, e pasmem, nesse primeiro show a banda tinha só as duas como integrantes, e elas se revezavam para tocar guitarra, bateria, e cantar.

Uma das bandas clássicas no Riot Grrrl era a Heavens To Betsy, que esteve em atividade de 1990 até 94. Outros nomes podem ser citados, como Sleather Kinney, Huggy Bear, e outros.

Cenário Brasileiro

No cenário brasileiro, podemos citar bandas como TPM, Dominatrix, Anti-Corpos e Hidra, entre muitas outras.
A banda paulistana Dominatrix se mantém firme no cenário, já com mais de 20 anos do lançamento do primeiro EP “Girl Gathering“.

Outra banda a ser citada é a Charlotte Matou um Cara, formada em 2015 através de um post no facebook. O nome da banda é uma referência á Charlotte Corday, que matou Jean-Paul Marat na Revolução Francesa. E a aposta da banda sempre foi a de passar a mensagem do empoderamento feminino na base do grito.

Características

O estilo foi fortalecido como punk rock, mas teve suas influências de indie e pop setentista. Mas o forte das bandas sempre foi as letras e as performances no palco, que sempre eram de protesto, revolução, com letras pesadas e roupas provocativas sempre exaltando o famoso “o corpo é meu e sou eu quem mando”.

Discografia Indicada

-Bratmobile – Pottymouth (1993)
-Bikini Kill – Pussy Whipped (1993)
-Bratmobile – Ladies, Women and Girls (2000)
-Dominatrix – Girl Gathering (1997)
-Charlotte Matou Um Cara – Charlotte Matou um Cara (2017)
-Bikini Kill – Revolution Girl Style Now (1991)

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