Roadie Metal Entrevista: Viletale – A revelação da cena catarinense abre as portas e conta um pouco mais sobre a banda,trabalho e o novo EP “The Suicide Of Dei”.

 Viletale,eis ai um nome que vem correndo nas bocas do underground. Mas além da qualidade excepcional e uma linha horror metal de arrepiar o que esta banda tão jovial no cenário tem para oferecer? A Roadie Metal abriu as portas para os catarinenses que estão prestes a lançar seu novo EP “The Suicide Of Dei” e a banda contou sobre sua história,influências,e sobre todo o contexto destes músicos excepcionalmente competentes.

 Pra quem não conhece a banda Viletale iniciou suas atividades em Janeiro de 2016, com o intuito de trazer no seu som uma linha que remete ao Death Old School, com letras e vocais de base gore, com algumas passagens de riffs de Black metal e demais estilos. Com influência em bandas internacionais como Death, Necroholocaust e nacionais como GoatPenis e Flesh Grinder. A temática é trazer o horror na música, falando de temas macabros ou até celebrando contos literários.

Em agosto, a banda lançou seu primeiro EP chamado “Initiation”, trazendo letras referentes a satanismo, bruxaria, Leviatã e ainda um cover de Evil Dead, do Death, remetendo ao despertar do demônio. Logo no início de 2017 a banda lançou o EP, “From the Depths Ov Mind”, e segue no processo para este novo lançamento que será a porta de entrada para seu primeiro Full-lenght.

 Confira a entrevista abaixo:

  Vamos começar falando do conceito de seu trabalho. Vocês optaram por seguir a linha Horror Metal e a cada novo trabalho divulgado vocês seguem se aprofundando mais neste universo macabro. De forma geral esta é uma linha definitiva para a banda?E qual o motivo da escolha?

 “Quando começamos a formular mentalmente a trajetória e a estrutura conceitual da Viletale, queríamos montar uma banda feroz, com riffs grotescos que giravam em torno do Gore e Death Old School. Porém, não queríamos ser uma banda qualquer, ou mais uma banda igual no cenário. Queríamos ter um pouco de diferencial. Nossa inicial proposta foi construir riffs pegajosos, viscerais e bem elaborados, acompanhado de um conteúdo lírico que pode se dizer um tanto praxe dentro do metal: horror literário. Porém a maneira que abordamos a literatura na banda acaba sendo um pouco diferente e acredito que vou ter uma oportunidade melhor de falar isso mais pra frente. O estilo HORROR METAL não foi definido por nós e sim por alguns fãs locais, principalmente depois do segundo lançamento da banda que foi o “From the Depths Ov Mind”. Hoje seguimos com esse objetivo: reencarnar autores de horror na música, influenciando os fãs a terem cultura, lerem o que escrevemos, manter vivo o hábito da leitura. A cada EP ou debut que trabalhamos, mudamos sempre a temática, onde a banda se adapta ambiência. Tudo isso pelo simples fato que amamos metal extremo e encontramos no terror a fonte da juventude do metal.”

 Viletale. Qual o conceito que os levou a escolha do nome da banda?

 ” O fato de apreciar escritores de horror, como Lovecraft, Robert W Chambers, Edgar Alan Poe, BramStoker e muitos outros, foi o motivo principal da escolha do nome, que hoje sofre muitas piadas por ser semelhante com uma diversidade de palavras. “Vile” e “tale” são duas palavras unidas que fazem referência ao terror literário, sendo traduzidas como “Conto Vil”. A identidade da banda consta uma frase que é o refrão de nossa música hino “vile”: Violate Iconoclast Leviathan Exuberant, que juntas suas iniciais foram a palavra Vile. Legal, né?

Além disso, o símbolo que permanece ao topo do nome é a cruz de leviathan/ São Cipriano, fazendo também referência a letra de Vile. Bem legal, né?”

 Initiation’ e ‘FromtheDepthsovMind’ concederam a vocês a atenção do público underground além do cenário sulista. Agora prestes a lançar seu novo trabalho e com alguns detalhes já revelados como o web clipe da faixa “Splatterhouse”, como a banda define o novo EP “Suicide of Dei”?

https://www.youtube.com/watch?v=WdDssBu-0g0

 “Os EPs Initiation e From The Depths Ov Mind foram ambos álbuns que se mostraram um registro de puro avanço para o conjunto. Claro que o resultado não foi estrondoso a ponto de qualquer dono de bar abrir as pernas pra gente. Quem dera fosse assim fácil. Porém ambos EPs foram bem elaborados, atraindo cada vez mais o olhar para nós e mostrando que somos um monstro que está começando a despertar das profundezas.

 O EP/demo “The Suicide Of Dei” é considerado para nós como o ponto definitivo de avanço da banda. Pretendemos estar lançando esse material ao fim de outubro início de novembro, com um acompanhamento de comunicação visual bem interessante para o nosso próximo trabalho ter seu formato corpulento. O EP ele é a grosso modo altamente digerível. É de fácil compreensão. É um suicídio, literalmente falando, das harmonias, das melodias e do estudo. Unimos o que há de mais podre no EP anterior com a agressão do Initiation e formamos esse terceiro registro.
 O mesmo é um presságio de qual será o quarto material da banda, primeiro full-lenght. Digamos que a árvore de abordagem deste material se resume a “Serial Killers” e dela, saem outras ramificações que estaremos falando sobre. Só no EP novo, temos as histórias sobre uma das primeiras seitas árabes de assassinos no mundo, relatamos um caso brasileiro de necrofilia e canibalismo, falamos da história de Edmund Kemper, fazemos referência a famosa rádio de UVB 76 e ainda temos uma interpretação do filme Begotten que deu a característica única pro EP, além de nos dar a ideia de compor uma faixa única pro material que será a própria “Suicide Of Dei”.

 Se só em um EP estamos falando disso, você consegue imaginar aonde estamos chegando no próximo álbum, uma vez que “The Suicide Of Dei”  vai decidir o futuro do primeiro álbum da Viletale?”

Como foi o processo de composição e gravação deste novo trabalho?

” TOTALMENTE INSPIRADOS EM GOATPENIS E FLESHGRINDER!!!!!!!!!!!!

São bandas, além de muitas do estado de Santa Catarina, que somos fãs e temos eles como principal influência nesse material. Procuramos trazer uma pegada mais Slam e Grind, sabendo que a sanguinolência criminal mancha nossas camisas. Muitas influências do Deathcore também, porém que serão bem mais explícitas no próximo material da Viletale.

Vale a pena comentar que nesse processo migramos de estúdio, saindo da Takeout e indo para o estúdio Sonority na cidade vizinha.

O Roberto de Lucena, amigo do peito nosso e que gravou os dois primeiros EPs da banda sempre será lembrado por nós como “ o cara que fez a gente existir”. Admiramos o trabalho dele com muitas bandas do estilo alternativo e Indie, porém com o passar do tempo, acabamos por exigir um segmento de mixagem que mais se encaixasse com o nosso perfil e tivemos que escolher uma nova pessoa. “The Suicide Of Dei” foi gravado e mixado por José Fernando Metzger, mais conhecido pros íntimos como “cebola”, que já teve o seu passado na Necrophilian, banda de death de Indaial, e soube abraçar com muito profissionalismo a nossa nova proposta. Só posso dizer, e provavelmente você já deve ter percebido, que o novo patamar que alcançamos está realmente excepcional.”

“Edmund Kemper” e “Demônio Cthullu”. Até onde observamos vocês abordam vários personagens do universo do horror mas com este conceito que as bandas nacionais tentam seguir de falar sobre nossa própria cultura a banda pensa em falar futuramente sobre as histórias macabras do Brasil?

“Claro que sim. Nós somos uma banda muito precoce, mal gravamos um material novinho em folha e estamos pensando no que vamos falar no trabalho seguinte. Temos uma trajetória super definida, mas queremos a cultura brasileira, seja ela literária, musical ou regional, no nosso trabalho. Pra mostrar de onde somos. E isso é altamente aplicável em músicas que não necessariamente precisam falar sobre o Brasil, mas a referência sonora acaba sendo explícita. Já pensamos em fazer a releitura do poema “O corvo” porém em sua versão inglês e português segundo Machado de Assis. Já pensamos em falar das lendas urbanas da nossa cidade. Querendo ou não, estamos dentro de um município que tem uma ambiência histórica e nos remete muito aos acontecimentos durante 34 – 45. Já pensamos ainda mesmo em fazer a nossa interpretação sobre alguns contos icônicos de Paulo Coelho, o que seria perfeito, é “diabagemfilósifica” nos dois lados da moeda. Mas como dito, procuramos tentar fazer que ainda não foi explorado, ou se foi, fazer melhor do que já foi registrado. E se tem uma banda que é de se aplaudir de pé por representar a verdadeira cultura brasileira é ‘Arandu Arakuaa’.”

Esta previsto para o lançamento ainda este ano o EP “Suicide of Dei”, e até onde sei ele antecede o primeiro full-lenght da banda. Como será este processo e o que os fãs da banda podem esperar?

Como dito anteriormente, somos muito precipitados. Para o “The Suicide Of Dei”, já é de se saber o que podem esperar. Para o próximo Full- Lenght( que se cabe aqui comentar, está com nome e capa já prontos, e com algumas de suas músicas já compostas ) vocês podem esperar mais do mesmo versão PREMIUM x10 ULTIMATE, por ter músicas grotescas do EP novo, um arranjo lírico tão bom quanto e bem mais amplo dentro do mesmo  contexto já abordado, composições ainda melhores, uma viagem de melodias que não necessariamente fogem da pegada principal e, pra não dizer que não tem literatura, digamos que…

Bem…

Ah, não vamos dar spoilers. Mas “sem lágrimas, por favor. É um desperdício de bom sofrimento”.

Sendo considerados uma banda ainda jovem em uma cena nacional problemática vocês causam certo espanto com três Ep’s em um curto intervalo de tempo, um evento de próprio punho(observação são 2), e uma produção impecável. Na opinião de vocês o que possível fazer para rebater os problemas alegados por tantas bandas que as vezes levam um considerável tempo para um novo lançamento?

[…] um evento de próprio punho […].
Dois, pra ser sincero. Fazemos uma balada gótica também para gerar publicidade para a banda. Afinal, estamos escutando o que gostamos.

O problema disso o que você falou é a “falta”. Falta de interesse, falta de amor e tesão pelo o que faz. Falta de motivação. Falta, principalmente, de organização. Meu deus, não somos nem de longe a maior banda de Blumenau, mas tentamos ser organizados.

O trabalho gera resultado, porque sempre estamos compondo coisas novas (até o momento que começarmos a sair do estado, aí a gente consegue segurar um pouco as “prega” da calça e não sair trabalhando em música atrás de música).

O estudo gera resultado, porque podemos estar procurando referências sonoras no trabalho ou estar até no básico “happy hour na casa do vocalista para falar merda e talvez da merda tirar algo de bom”, a gente se pega escutando rap, outras bandas que gostamos ou debatendo assuntos que podem gerar novos resultados.

E sem falar que produzimos esses materiais não só pensando nos organizadores de evento ou na galera que escuta a gente. Pensamos neles de uma maneira mais profunda: na reação deles na frente do rádio ou do computador, na frente do palco batendo cabeça ou no “face” compartilhando o que postamos. E acima de tudo isso, produzimos porque nós somos nossos principais fãs e temos que amar o que fazemos.

Então para essas bandas que estão com dificuldade para lançar algo, ou que demoram para lançar alguma coisa, que muitas vezes o diagnóstico aponta como falha e não como um prolongado trabalho para gerar curiosidade e marketing para o conjunto, o certo seria procurar ser afetado pela verdadeira e original motivação das bandas: o que as motivou a fazerem o que fazem. Tem muita banda tocando em palco gringo que já não sabe nem mais o que ta fazendo ali.”

A banda que teve seu inicio em 2016 tem poucos dados sobre sua união. Conte para nós como Viletale surgiu?

O vocalista e guitarrista solo Bruno Jankauskas (janka) havia terminado com a sua antiga banda chamada 7bullets, também uma banda de metal um tanto extremo, onde boa parte do segmento da Viletale se deu a um pouco da essência que existia nessa banda anterior.
Para ser bem sincero nós já nos conhecíamos. O Alan Ricardo (teta) tocava numa banda de Metalcore antigamente, o Matheus Lunge nunca tinha tido banda mas já conhecia o Janka. Esse apresentou o teta ao lunge, e o lunge ao teta, que apresentou ao janka e ao lunge ao mesmo tempo (zoas). O janka chegou um dia com a proposta de som para os dois e ambos toparam, não só por ser um projeto bacana, mas por estarem “secos” para tocar. Demorou um tempo até acharmos um baixista decente (o processo foi como nos anos 90: fizemos um anuncio e publicamos na page. Era só esperar. E apareceu.) que é o Filipe (lisbe), o mais novo da banda, porém com habilidade e técnica impecável. Tímido nos seus bastidores mas acaba se soltando no palco. Sempre com problema no jack do baixo, comprando pedal atrás de pedal e confrontando o mal contato das fontes de energia para o seu set, enquanto encara desafios melodiosos sob o efeito de drogas. Esse é o Filipe.
 E assim surgimos. Nossa forte amizade que nos faz preocupar um com o outro e encher o grupo do Messenger de besteirol e assuntos diversos é o que nos mantém unidos, mantendo essa máquina funcionando e gerando o impacto que causamos nas pessoas. Nossa amizade é a causa disso tudo.
Exceto quando estamos putos com o teta, porque ele tira a gente do sério e temos vontade de socar esse arrombado.”

Muito se fala sobre a qualidade de seu trabalho, o que é inegável, mas existem outros pontos sobre a banda que podem surpreender?

“Somos como Hobbits: pequenos, mas somos cheios de surpresas. Sempre tentamos inovar no conceito musical, que é onde melhor nos aperfeiçoamos, tentamos sempre surpreender com os eventos que fazemos pro pessoal perceber que somos sempre acessíveis e que queremos aumentar o repertório cultural da cidade.

 Se a gente soubesse no que pudéssemos ainda surpreender, provavelmente estaríamos já trabalhando em cima. Porém nunca sabemos o dia de amanhã. Então é mais fácil melhorar no que já fazemos do que talvez arriscar algo que não temos 100% de certeza se vai dar certo ou não (apesar de que tudo na vida é assim).
Mas posso garantir que somos uma das poucas bandas que criam memes sobre a gente, o que gera melhor relacionamento com público e conteúdo para página. Vai lá conferir!”

 Conheça um pouco mais do cortante trabalho do Viletale:

Membros da banda:

Bruno Jankauskas –  Vocal/Guitarra Solo
Alan Ricardo –  Guitarra Base
Filipe Oliveira –  Baixo
Matheus Lunge –  Bateria

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