Responsável por uma das guitarras da banda Necrofobia, o músico Rodrigo Tarelho, teve a difícil missão de entrar na banda, logo após a morte do guitarrista Guzzardi.
Em uma bate-papo emocionante, divertido e revelador, Rodrigo nos contou tudo sobre esse processo e sua ingressão no Necrofobia, assim como suas influências e equipamentos favoritos.
Confira abaixo o que o músico revelou:
Roadie Metal: Rodrigo conte-nos um pouco sobre sua iniciação na música e como adentrou no mundo dos guitarristas?
A primeira vez que me lembro de uma banda de rock me chamando a atenção foi em 1983, quando o Kiss veio pela primeira vez no Brasil. Eu tinha nove anos na época e algumas partes do show passaram na TV.
Depois disso, em janeiro de 1985, aconteceu o primeiro Rock in Rio, que também teve partes dos shows transmitidos pela TV e foi quando eu fiquei maluco com a coisa. Iron Maiden, Scorpions, Ozzy Osbourne, Whitesnake, entre outros. Nunca mais me recuperei (Risos).
Depois disso fiquei alguns anos pedindo uma guitarra para os meus pais e acabei ganhando a primeira quando tinha 14 para 15 anos.
RM: O Necrofobia tinha a frente das guitarras o falecido Guzzardi, você acabou se apresentando com a banda em uma homenagem que rolou em Ribeirão Preto logo após sua morte. Como foi subir no palco nesse momento tão delicado na história da banda?
Foi estranho. Um misto de tristeza pela perda de um amigo com alegria de estar tocando de novo com uma banda depois de muitos anos sem fazer isso.
RM: Passados alguns meses depois dessa homenagem, como surgiu o convite para ser o guitarrista do Necrofobia e qual foi sua reação?
Depois da morte do Guzzardi em 2013, a banda ficou parada por uns 3 meses eu acho.
Então, um dia o Romulo foi na minha casa buscar um Marshall JCM 900 que tinha vendido para ele e foi nesse dia que ele fez o convite.
Na época, assim como foi tocar na homenagem ao Guzzardi, tive sentimentos mistos.
Fiquei feliz pela oportunidade de voltar a tocar com banda, mas por outro lado, seria para substituir um amigo que havia morrido. E ainda tinha o fato de que fazia muito tempo que não tocava para valer. Ficava só brincando em casa.
Mas depois de alguns ensaios, percebi que daria certo.
RM: Qual colaboração você trouxe para as músicas do álbum “Membership”?
Quando entrei na banda, a estrutura das 13 músicas já estava pronta. Não participei da composição da estrutura. Faltavam os solos de 9 músicas e os vocais para todas (3 solos já haviam sido gravados, um pelo Guzzardi (Membership) e dois pelo Alexandre, que foi guitarrista da banda até 2009 e uma das músicas não tem solo).
Então compus e gravei os 9 solos que faltavam.
RM: Qual instrumentos você utiliza e como é seu processo de criação para novas composições do Necrofobia?
As guitarras que utilizo na banda são da Jackson e da Dean.
Nos 9 solos que criei, tentei fazer algo que encaixasse nas músicas, sem preocupação de soar de uma determinada maneira ou outra. As ideias vieram meio que naturalmente, ouvindo as músicas e depois na gravação o Romulo e eu demos uma lapidada na coisa toda.
RM: “Membership” é um dos álbuns mais elogiados desse ano, qual sentimento ao ler uma crítica positiva sobre o atual trabalho do Necrofobia?
Fiquei feliz em perceber que as pessoas estavam reagindo bem ao disco porque, apesar de todos nós termos gostado bastante do resultado final, nunca se sabe como vai ser a reação de quem ouve.
RM: Qual sua música favorita do álbum e o porquê?
Tenho um carinho especial pela “Silent Protest”. A música fala sobre um monge budista vietnamita chamado Thich Quang Duc, que em 1963 tomou um banho de gasolina e colocou fogo no próprio corpo no meio da rua em Saigon, em protesto contra a repressão que o governo do Vietnã exercia sobre qualquer prática religiosa na época.
Gosto da música porque no passado fui envolvido com a prática budista em um templo tibetano que existe em Cotia.
Hoje em dia não sou mais um praticante, mas ainda me identifico com a filosofia budista.
Mas gosto bastante das outras músicas também.
RM: Obrigado pela bate-papo e deixe aqui uma mensagem em nome da banda para nossos leitores.
Em nome da banda gostaria de dizer que vocês são a razão de a nossa e muitas outras bandas underground ainda estarem rodando por aí.
Agradeço a você pela oportunidade da conversa.
Formação:
Romulo Felício: Vocal/Guitarra
André Faggion: Bateria
João Manechini: Baixo
Rodrigo Tarelho: Guitarra
Mais informações:
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