Roadie Metal Entrevista: The Gard – do tributo ao Led Zeppelin até o álbum ‘Madhouse’

Apesar de todas as dificuldades, a cena underground brasileira está cheia de boas surpresas que estão apenas esperando para serem descobertas. Se você for conhecer a cena de Campinas (SP), poderá achar o The Gard, uma banda que se iniciou na cidade como um grupo de tributo ao Led Zeppelin, mas que recentemente lançou seu primeiro disco autoral intitulado ‘Madhouse’.

Em seu novo trabalho, o grupo campinense tem surpreendido a todos ao juntar a influência da clássica banda Led Zeppelin com uma sonoridade contemporânea, tornando assim uma identidade própria.

A banda foi formada em 2010 pelo trio Allan Oliveira (guitarra), Beck Norder (vocal) e Lucas Mandelo (bateria), e recentemente anunciaram a nova formação contando ainda com Beck, Allan e Lucas, mas tendo também Enrico Ghirello (baixo) e Gabriel Miranda (guitarra).

Em conversa com a Roadie Metal, o vocalista Beck Norder falou um pouco sobre a história e o som da banda, bem como alguns planos para o futuro. Confira:

Quando vocês decidiram deixar de ser apenas uma banda que faz tributo ao Led Zeppelin para se tornarem um grupo autoral?

Beck  Norder: Na verdade, a banda nasceu da vontade de compor e de tocarmos nossas próprias músicas. O Led Zeppelin, e algumas outras bandas, serviram de inspiração e de “escola” para que aprendêssemos a compor e tocar dentro de um estilo que mais nos agrada. Músico gosta de tocar, de se apresentar, e o que tínhamos para tocar de mais consistente eram os covers. Esse processo caminhou para uma profissionalização dos membros e do projeto prestando tributo ao Led. O que nos ajudou como banda, a construir uma base de fãs e ter um retorno para financiar nosso projeto autoral.

Como vocês tiram a influência do Led Zeppelin para o seu trabalho?

Beck: Led  Zeppelin foi uma banda muito versátil, sabiam de música, de harmonia, exploravam outros instrumentos, e mesmo as músicas mais complexas caíram no gosto popular. Nossa proposta caminha nessa mesma direção, de não ficar no mesmo, de reinventar o Rock; valorizar cada instrumento que toca, e incluir outros instrumentos pouco usados no estilo.

Como foi todo o processo de produção do “Madhouse”?

Beck – Quando a The Gard teve uma mudança de membros, na verdade uma fusão de dois projetos, tínhamos composições de ambos os lados. Algumas composições do Beck, e outras do Allan. Essas músicas foram trabalhadas, ensaiadas, e sem levá-las ao palco, decidimos por gravar tudo o que tínhamos. Queríamos registrar nosso som, mas sem a pressão de um estúdio contratado com a limitação de horas. Foi aí que resolvemos adquirir equipamentos (placa, microfones, etc) para fazer a captação em um “home studio”. Fizemos muitos testes de arranjos, mudamos a composição algumas vezes, regravamos dezenas de vezes até encontrarmos um nível de composição e captação  satisfatório. Após algumas tentativas de mixagem e masterização, encontramos o André Diniz que fez o trabalho com muita maestria. Só no fim desse processo que ponderamos que o ideal seria gerar um full length com essas músicas.

Quando vocês começaram a produzir suas músicas, houve alguma preocupação em fazer um som parecido com o Led Zeppelin ou não?

Beck: Algumas músicas do Led, e outras, foram inspiração para composição de músicas nossas, mas é mais no sentido de reproduzir alguma sonoridade, algum sentimento. O processo de composição não segue uma receita, mas por vezes pensamos “nossa, isso é legal! Por quê? Ah, eles estão fazendo tal ritmo, tal harmonia…” e então tentamos reproduzir algum efeito que gostamos. A criação é um processo de imitação, ela pode ser mais ou menos consciente, mais ou menos conduzida. Queremos ser tão bons, legais e inventivos como o Led Zeppelin, mas não copia-los ou parecer que são eles tocando.

Quais são suas outras influências?

Beck: São muitas as bandas que gostamos, mas talvez as que mais buscamos recursos composicionais, além de Led Zeppelin, são: Deep Purple, Jimi Hendrix, Rainbow, Queen, Beatles, Black Sabbath… e atualmente Muse, Rival Sons, Electric Mary, etc.

Como vocês veem a cena de Campinas atualmente?

Beck: Podemos ver nitidamente aqueles espaços que estão interessados na arte e na cultura, e valorizam as múltiplas maneiras de se fazer música, e outros que financiam um entretenimento manjado sem compromisso com a arte, com o novo, mas com o lucro do seu negócio.

Como tem sido a recepção do novo disco?

Beck: Todo mundo que ouviu e deu feedback pra gente foi muito positivo, muito mais do que a gente esperava, isso animou bastante a gente. A dificuldade é divulgar bem o álbum, chegar nas pessoas a ponto de elas quererem ouvir. Acreditamos que nossos shows desencadearão para mais ouvintes e fãs.

Porque o nome “The Gard”?

Beck – Sabe aquele sentimento de estar fora de si quando você ouve música? Algumas músicas são capazes de te levar para um outro lugar, uma outra dimensão, outro plano. Essa ideia de “outra dimensão” é uma ideia antiga, que os nórdicos chamavam de “Gard”, em uma tentativa de tradução aproximada chegamos a “Reino”.

Os shows têm sido constantes?

Beck: Demoramos um pouco para fazer os shows de ‘Madhouse’, principalmente pela dificuldade de encontrar um guitarrista que pudesse tocar com a gente aqui no Brasil, já que o Allan (guitarrista oficial e também um dos compositores) está fora do país. Mas já estamos ensaiados e começamos a fazer alguns shows em Campinas. Agenda aberta tentando marcar mais shows autorais.

Vocês têm feito shows fora de Campinas constantemente?

Beck: Ainda não fizemos show autoral fora de Campinas.

Vocês têm preparado algum material novo? Algo que possa ser divulgado agora?

Beck – Sim! Estamos terminando de gravar um segundo material, provavelmente um álbum, que começou a ser gravado em 2016, e deve chegar alguma prévia até o fim desse ano. Algumas músicas já estamos testando nos shows.

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