Roadie Metal Entrevista: Burnkill, Thrash com as cores do Brasil

O Brasil tem um caso de amor com o Thrash Metal por este ser intenso, direto, avassalador como nosso instinto batalhador. Esse amor é lendário e isso se mostra sobretudo nas conversas entre músicos estrangeiros, sobre a influência e a inovação que o Brasil trouxe a esta vertente do Metal.
O estilo explodiu, arrefeceu e voltou com tudo trazendo novas e talentosas bandas como o Burnkill. Estes mineiros de Pouso Alegre, que lançaram recentemente seu debut “Guerra e Destruição”. A Roadie Metal foi conversar com Antony Damien (vocal), Lucas Maia (guitarra), Pablo Henrique (guitarra), Jorge Luiz (baixo) e Anderson Lima (bateria) e conheceu um pouco mais desta nova e promissora força do Thrash Metal nacional!

Roadie Metal: Seu debut “Guerra e Destruição” remete imediatamente ao Metal nacional dos anos 80. Uma música enérgica, pesada e cantada em português. Como foi o processo até se decidirem por essa linha de trabalho?
Antony Damien: Primeiramente, gostaria de agradecer o espaço para contar mais de nosso trabalho. É uma honra para nós. Bom, as letras deste CD são ligadas às guerras e aos conflitos tanto nacionais quanto internacionais que vemos há muito tempo. Letras em português foram o modo mais fácil de expor esses conflitos com nossas ideias ficando fácil o entendimento do público. Nós resolvemos remeter nossas influências com as bandas dos anos 80 onde era tudo novo e revolucionário. Foi uma época simplesmente magnífica e tentar trazer isso de volta para nós, como primeiro trabalho, achamos que seria o ponto de partida. A cena underground brasileira está gerando bons discos com ótimas bandas. Todos têm seu mérito e forma de pensar. É claro que gostamos dos sons novos e sempre temos que estar evoluindo musicalmente, mas como disse antes, o primeiro trabalho da banda teria que ter as influências de nossos ídolos “raízes”.

Roadie Metal: Fale-nos um pouco do processo de gravação de “Guerra e Destruição”.
Antony Damien: Então, o tema “guerra” é muito forte e hoje em dia está cada vez ficando mais intenso. Intolerância de opiniões, desrespeito ao próximo, banalização do poder isso tudo gera esses conflitos e infelizmente as guerras acontecem. A letra veio inspirada em tudo isso. Foi uma aposta nossa, pois foi nossa primeira composição e queríamos ver o resultado em estúdio e foi quando resolvemos gravar este single. O resultado foi impressionante, teve uma aceitação muito grande e for por isso que ela se tornou o título do CD.

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Roadie Metal: Trabalhar a dinâmica das letras em português muitas vezes não é um processo fácil. Quais os prós e contras?
Lucas Maia: Cara, para mim trabalhar com letras em português é muito mais fácil, porque assim consigo passar a mensagem que eu quero. É meio difícil falar os prós e o os contras porque, em nossa língua, muitas palavras às vezes não combinam com a ideia da letra. Mas é tudo uma questão de estudar seu pensamento e colocar ele na escrita. Hoje em dia o idioma inglês vem unificando os países e é unânime que fique mais fácil o entendimento, mas queremos também mostrar a força de nossa língua e nossa cultura para o mundo.

Roadie Metal: Percebe-se também nas letras uma preocupação politizada da banda com os acontecimentos atuais ao redor do mundo.
Lucas Maia: Sim! É bom abraçar estes acontecimentos, conflitos que estão ao nosso redor porque a cada guerra, pessoas se matando entre si, religiões intolerantes, então é uma coisa que nos deixa indignado. Precisávamos escrever sobre esses conflitos, sobre essas guerras, sobre nosso país também. Olhamos ao nosso redor, nosso mundo e nos deparamos também com os mesmos problemas em nosso país.

Roadie Metal: Com é o processo particular de criação das músicas no Burnkill, e o que vocês buscam trazer de novo com sua música?
Pablo Henrique: Nossas composições na maioria das vezes são feitas seguindo a seguinte sequência: criamos as letras (todos os integrantes da banda compõem, então isso ajuda muito no processo criativo delas) e em seguida, criamos o instrumental. Sempre procuramos inovar em nossas músicas. Mesmo utilizando influências dos anos 80, tentamos passar nossa identidade. Queremos que as pessoas, quando ouvirem nossas músicas, repensem mais em suas atitudes e que conflitos só existem porque nós humanos os criamos.

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Roadie Metal: Como tem sido a recepção do debut “Guerra e Destruição” e como a banda tem visto o atual cenário da música pesada no Brasil?
Jorge Luiz: A recepção está sendo ótima, isso está sendo a realização de um sonho e acreditamos que estamos seguindo no caminho certo. O cenário do Metal brasileiro é bem extenso e variado, vários estilos em vários estados, nós estamos conseguindo nosso espaço aos poucos… Mas como tudo tem dois lados, sempre tem a galera que apoia com todas as forças, comprando material, indo nos shows e é graças à esse pessoal que muitas do bandas underground conseguem ir tão longe. As bandas que estão no auge da fama, um dia, elas também encontraram dificuldades e hoje em dia estão lá em cima graças à esse tipo de galera que apoia. Também não podemos esquecer da outra metade que se diz do underground, que confirma a presença no evento só pelo Facebook, mas não vai porque não conhece a banda ou porque não é a banda que eles estão acostumados a ouvir. Todos tem espaço na cena e é por isso que as bandas devem se unir pois só assim o Metal nacional voltará ao seu auge.

Roadie Metal: Como a banda tem trabalhado a questão de divulgar, vender e reverter seu material em lucro, neste cenário atual onde as trocas de MP3 tem afetado diretamente os músicos?
Jorge Luiz: Bem, vamos tentar ao máximo fazer com que as pessoas comprem nossos CDs. Divulgaremos nossos produtos nos shows e na internet, temos parcerias em lojas e com isso vamos conseguindo aos poucos obter lucro pra podermos continuar investindo na banda para sempre melhorar cada vez mais nosso trabalho, pois encaramos a banda como uma empresa e assim, colocamos a banda pra frente. Muitas vezes tiramos do nosso bolso para fazer as divulgações e acreditamos que infelizmente essa é a realidade de muitas bandas brasileiras. O lado bom de se ter músicas digitais é a divulgação, quanto mais pessoas ouvirem nosso trabalho e gostarem, certamente comprarão nosso CD assim como nós mesmos fazemos com bandas que gostamos. Com esta divulgação digital nosso som só tende a crescer.

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Roadie Metal: Como são os shows da Burnkill e com que bandas mais gostaram de dividir o palco até o momento?
Pablo Henrique: Em nossos shows procuramos sempre transmitir a energia de nossas músicas e é incrível ver o retorno disso através do público que nos assiste. Já dividimos palco com bandas de extrema qualidade, porém as mais memoráveis foram, Edu Falaschi, Hevilan, Necromesis ainda com a vocalista Mayara “Undead” Puertas, atual Torture Squad e os gigantes do Thrash Metal brasileiro que também nos influenciam muito, a banda MX.

Roadie Metal: Fale-nos sobre a participação de vocês no tributo ao Dorsal Atlântica.
Antony Damien: A banda carioca Dorsal Atlântica teve grande influência para nós da Burnkill. Particularmente, gosto bastante da banda, mas confesso que fazia um bom tempo que não ouvia CD dos cariocas. Até que um dia em 2012 voltei a escutá-los e resolvi pôr no setlist de uma banda que fazia parte na época, a Death Molotov. Quando me desliguei da banda e surgiu a Burnkill, resolvi pôr também no set list. Foi um tributo à eles mas foi somente esta música “Guerrilha”. Tocamos em alguns shows e o pessoal das antigas curti bastante.

Roadie Metal: A turnê de divulgação de “Guerra e Destruição” pretende se expandir a outros estados? Quais os planos para o decorrer de 2016?
Anderson Lima: Bom, estamos lutando pra que isso seja possível. Já temos algumas datas em nossa região e uma data no litoral paulista que em breve divulgaremos. Em relação aos demais estados, creio que será consequência das divulgações do nosso CD, pois já mandamos material para diversos eventos em diferentes cidades e estados brasileiros. Estamos disponíveis para tocar pelo Brasil todo.

Roadie Metal: Boa sorte na divulgação de seu debut e deixem uma mensagem aos leitores de ouvintes da Roadie Metal!
Anderson Lima: Bom, gostaríamos de agradecer pelo espaço para contar mais um pouco de nosso trabalho e história e para nós é uma honra ser entrevistado pela Roadie Metal. Gostaríamos de deixar nossos links para contato e também para que o pessoal possa conhecer mais do nosso trabalho e quem quiser adquirir nossos produtos. Grande abraço a todos!

https://www.youtube.com/watch?v=LvYxrbkb0Uc

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