Em meados do segundo semestre de 2019, a banda recifense Boa Vista Hard Club, em atividade desde 2015, lançou o “Tresvariar”, seu primeiro álbum completando, mostrando toda a força do som chamado por eles de “Hard Rock Experimental”.

Mesmo tendo influências tradicionais no estilo, a banda, formada por Victor Chalegre (vocal e guitarra), João Antônio (guitarra), Braun baixo), e Henrique Costa (bateria). demonstra no seu álbum de estreia um som mais diferenciado, longe do chamado “mais do mesmo” o qual muitos estão acostumados, tentando assim deixar o seu recado em meio a rica cena underground pernambucana.

Sendo assim, a Boa Vista Hard Club, grupo originário do bairro recidense o qual carrega no nome (Boa Vista), deu algumas palavras com a Roadie Metal falando sobre seu novo trabalho, e também alguns pontos desses três anos de carreira.

Roadie Metal: Contem um pouco sobre a história da banda, o seu surgimento, e afins.

BVHC: A banda surgiu no fim de 2015 quando Chalegre iniciou um novo projeto autoral e convidou João e o antigo baixista para participarem junto com o baterista da sua antiga banda. Depois de um tempo o baterista não pode continuar e Henrique entrou na bateria. Começamos a compor as primeiras músicas e no 30/12 de 2017 começamos a nos apresentar, por isso consideramos que a banda nasceu mesmo nessa época. Em 2019 a formação se alterou novamente e Braun assumiu o baixo, desde então lançamos nosso primeiro disco “Tresvariar” e estamos nos apresentando com ele.

Roadie Metal: Normalmente, qual é a temática das letras?

BVHC: De tudo um pouco. A resposta ideal talvez seja a vida, porque qualquer música é possível pra gente.

Roadie Metal: Quais são suas principais influências?

Braun: De um tudo! Acredito que existe música boa e ruim independentemente do gênero. Então escuto de AC/DC a Reginaldo Rossi, passando por Bob Marley e Nina Simone.

Chalegre: De Noel Rosa a Slipknot, passando por Led Zeppelin, AC/DC, The Doors e Foo Fighters, dando uma volta com a galera de casa (Chico Science e NZ, Luiz Gonzaga) e mais uma lista grande.

Henrique: Dream Theater, Symphony X, Helmet, Rush, Deep Purple, Skindred, Megadeth.

João: Minhas influências são muito brasileiras e latinas e conversam bastante com o Rock clássico. Meu pai é trompetista, então desde criança eu sempre ouvi muito frevo, salsa, bolero. Durante a adolescência eu me interessei bastante por Rock clássico e quando comecei a aprender o violão descobri o Choro e o Samba, a Bossa e as Valsas. Acaba que vem de todo lugar.

Roadie Metal: Vocês se denominam como “Hard Rock Experimental”, expliquem o porquê desse “Experimental”.

BVHC: Quando definimos nosso som no início, já estava naturalmente certo que não seria mais do mesmo. Queríamos um Hard Rock diferente que mostrasse um pouco de cada integrante, criando assim uma identidade original.

Roadie Metal: Falem um pouco do seu primeiro álbum “Tresvariar”.

BVHC: Esse álbum é uma pequena amostra do que passa em nossas cabeças. Tresvariar significa perder o controle da sua comunicação e não fazer sentido. Muita gente busca fazer sentido. Tresvariar é um convite pra você perder o sentido e se libertar, assim como é um pouco qualquer experiência musical. De certa forma ele traduz o quanto estamos todos um pouco perdidos e ao mesmo tempo lutando pra chegar onde queremos.

Roadie Metal: Por que na faixa “This Fool Is Fine”, vocês decidiram fazer uma parte dela em inglês?

BVHC: Nós decidimos bem cedo escrever em português, tanto pelo desafio quanto pelo respeito ao nosso idioma que é incrível, mas Chalegre teve uma vida cheia de experiências em inglês, começando pela música, mas passando por uma carreira profissional como professor, etc. “This Fool is Fine” foi somente a primeira experiência de escrever em inglês pra banda. Talvez façamos mais no próximo álbum.

Roadie Metal: Apesar do som de vocês ser denominado como “Hard Rock”, o mesmo é bem diferente daquilo que é mostrado por bandas clássicas do estilo, como “AC/DC”, “Guns n Roses” e “Twisted Sister”, vocês sempre buscam fugir desse tradicionalismo em suas músicas?

BVHC: Não buscamos fugir do tradicionalismo do Hard Rock clássico não. Tão pouco procuramos nos adequar ao mesmo. O Hard Rock clássico é somente um dos estilos que compõem nossas influencias. Bandas como AC/DC e Guns são tão importantes para o nosso som quanto todas as outras citadas anteriormente.

Roadie Metal: Você já estão preparando algum material novo?

BVHC: Já sim! Estamos começando a preparar o material do segundo álbum. Infelizmente tivemos que dar uma parada por conta dessa loucura pela qual estamos passando por conta do COVID-19. Mas assim que pudermos, retomaremos os trabalhos. Quem sabe a gente consegue soltar um Single ainda no primeiro semestre, né?

Roadie Metal: Como vocês veem a cena local atualmente?

BVHC: A cena local infelizmente anda bem caída. Se você nos perguntar de quem é a culpa, nós diríamos que de todos. Dos artistas que não se reinventam e também não se valorizam, das casas noturnas que não valorizam o artista autoral e o seu trabalho, dos produtores que muitas vezes conduzem seus eventos de forma amadora e não mostram uma coerência em suas curadorias e do público que muitas vezes não valoriza um trabalho novo e local. Resumindo: uma mudança geral seria bem-vinda.

Roadie Metal: Como a letra de “Chegou a Hora da Terra Parar” se encaixa no contexto que estamos vivendo atualmente?

BVHC: “Chegou a Hora da Terra Parar” é a única música diretamente política do álbum, então tinha muita coisa pra dizer. Falar do presidente genocida, falar da influência institucional da religião, da lavagem cerebral, falar sobre ser feito de otário pelo sistema. O mundo sempre foi um lugar cruel, mas ao invés de torná-lo melhor, a humanidade vai lá e reinventa a crueldade.

Roadie Metal: Há algo que vocês queiram acrescentar?

BVHC: Se preparem para o que vem por aí e ouçam BVHC!

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