Roadie Metal Entrevista: Bala – “Acho que somos uma mistura de todas as nossas influências”

Oriundas da Galícia, o duo espanhol Bala tem sido uma das principais revelações do metal espanhol da atual geração. No próximo dia 14 de maio, o grupo formado por AnxelaBaltar (vocal e guitarra) e Violeta Mosquera (vocal e bateria) lançará o “Mazela”, seu terceiro álbum de estúdio, e primeiro em nome da gravadora Century Media Records. 

No novo trabalho, as meninas decidiram por fazer boa parte das músicas na sua língua nativa, além de apresentar um som que apresentar diversas influências, indo do Thrash Metal até o Stoner. 

Para falar um pouco sobre o “Mazela”, e sobre o atual momento da Bala, Violeta Mosquera, baterista e vocalista do duo, concedeu uma entrevista exclusiva a Roadie Metal, que pode ser conferida a partir de agora. 

Roadie Metal: O que podemos esperar do “Mazela”? 

Violeta: Esse é o nosso terceiro álbum, estamos bem animadas em mostrar algo novo, porque esse disco estava pronto desde o final de 2019, mas por conta da situação da Covid a gente teve que atrasar o lançamento. Está na mesma linha do “Lume”, nosso segundo álbum, mas acho que colocamos novos elementos, como mais vocais harmônicos, e achamos que estamos soando melhores do que no último trabalho, então estamos felizes com o resultado. 

Roadie Metal: Esse é o primeiro trabalho de vocês em parceria com a Century Media, qual a expectativa de vocês em iniciar esse trabalho com a gravadora? 

Violeta: Não temos uma expectativa, porque para a gente estar na Century Media é como um sonho se tornando realidade. Nosso último álbum foi lançado por um selo pequeno da Galícia. Os dois (selos) trabalham certinho, então para esse novo álbum a gente sabia que seriamos apadrinhadas, então quando a oferta da Century Media apareceu a gente pensou “isso é o que queremos”, e ficamos bem animadas. 

Roadie Metal: Como tem sido a recepção dos singles lançados até o momento? 

Violeta: Estamos bem felizes, o primeiro foi “Agitar”, e foi uma música que fizemos em colaboração com três mulheres, a primeira foi Lúa Mosquetera, que foi quem escreveu a música, ela faz poesias, e a gente é muito fã do trabalho dela, então foi ótimo trabalhar com ela, a gente tem também Najwa Nimri nos vocais, e também Bonnie Buitrago no baixo, então essa foi a primeira música, e acho que graças as colaborações acabaram chamando bastante atenção. A segunda foi “Hoy No”, que lançamos como se fosse um filme do Tarantino, e ficamos bem felizes com as respostas também porque amamos o vídeo. E o último foi o “X”, e foi nossa grande conquista, porque o visual está ótimo e fizemos bons amigos, e iremos lançar um novo na próxima sexta-feira, que será o “Mi Orden”, e espero que gostem. (N.R.: A entrevista foi realizada no dia 20/04, então o clipe de “Mi Orden” já se encontra disponível para visualização no canal da Century Media Records no Youtube). 

Roadie Metal: É interessante observar que o primeiro álbum da Bala (Human Flesh, 2015) teve as letras todas em inglês, o segundo álbum (Lume, 2017) foi feito parte em inglês e parte em espanhol, enquanto o novo álbum foi escrito em sua grande maioria em espanhol. Como vocês decidem a língua que será usada nas músicas? 

Violeta: Primeiro começamos a fazer músicas em inglês porque – falo por mim – eu ouço mais bandas e músicas em inglês, então meu ouvido se acostumou a isso. Quando penso em uma música eu já penso em inglês automaticamente, porque eu ouço possivelmente apenas duas ou três bandas em espanhol, mas as músicas que eu amo são em inglês. Para Anxela, minha companheira de banda, é a mesma coisa, mas ela começou a tentar fazer músicas em espanhol por se sentir mais confiante com isso, e ela diz que é mais autêntico fazer na língua nativa – eu concordo com isso, mas estou tão acostumada em ouvir em inglês que fico mais confortável em fazer uma música em inglês por conta da forma que soa e pela forma que escuto. Mas quando começamos a fazer músicas em espanhol, notamos que pela primeira vez as pessoas nos nossos shows estavam cantando as nossas canções, e não é a mesma coisa quando você está tocando ao vivo e as pessoas estão ouvindo, dançando, mas sem cantar, e de repente você pode parar de cantar e você ouve a plateia, e pensamos “ok, precisamos seguir esse caminho”. É verdade que as músicas que fazemos em espanhol são mais profundas, talvez você consegue falar de certas coisas com perspectivas mais concretas, porque é a sua própria língua. E também temos músicas em galego, porque somos da Galícia, e é uma língua que está morrendo, porque os jovens não falam galego, então sempre pensamos “ok, vamos fazer em espanhol, mas se formos fazer em outra língua, faremos em galego também”. Então no “Lume” temos metade das músicas em cada língua, mas agora no “Maleza” temos a maioria em espanhol, uma em galego e duas em inglês. 

Roadie Metal: Por que a “X” é uma das únicas músicas em inglês? 

Violeta: É uma das músicas que eu fiz. Temos também outra em inglês, que se chama “Bessie”, mas a letra é bem pequena, onde a gente fala a mesma coisa que é “run free, Bessie” (corra livre, Bessie). E essa (“X”) é a única em inglês porque é a única que fiz toda sozinha, então quando chegou na hora de fazer a letra pensei “ok, se será apenas eu, farei em inglês”. Porque, como te disse, como sempre ouço minhas bandas favoritas em inglês, então meu cérebro funciona dessa forma. Para mim é difícil escrever em espanhol, e eu sou espanhola, mas ainda assim para mim é bem mais difícil. 

Roadie Metal: E é por isso que é você quem canta essa música? 

Violeta: Nunca foi a intenção, eu queria que a Anxela cantasse também. Mas quando chegamos no estúdio tivemos muitas coisas que ainda não estavam prontas, e decidimos lá na hora. Então eu sabia as melodias e sabia tudo, então tentei combinar com Anxela para ela cantar algumas partes, mas depois pensei que era melhor eu cantar. Quer dizer, tentamos linhas diferentes, com melodias diferentes, decidimos que era melhor eu cantar, porque eu e Anxela temos vozes diferentes, então ela disse “você criou a melodia de acordo com a sua voz, então é melhor você cantar e eu fazer backing vocals”. 

Roadie Metal: Como é o processo de composição entre vocês duas? 

Violeta: Eu tenho mais bandas, a Anxela também, mas nunca não acho mais ninguém com quem é mais fácil de criar música do que ela, porque a gente não se importa, a gente ama tudo que fazemos juntas. Às vezes Anxela traz um riff de guitarra e eu toco algo por cima disso, às vezes eu trago algumas coisas na guitarra e sugiro um riff. Acho que a gente nunca nega uma música que criamos, é muito fácil para a gente porque trabalhamos muito bem juntas, gostamos das mesmas coisas, temos as mesmas influências, então queremos fazer as mesmas coisas. Porque como eu disse, nós duas temos outras bandas, e todo o processo de composição é bem difícil com elas, enquanto com a Bala é bem mais fácil. Ou seja, é bem orgânico e puro. 

Roadie Metal: Confesso que é bem difícil rotular o som de vocês, pois o mesmo tem um pouco de Stoner, Thrash, Hardcore… Em que gênero vocês acham que a música da Bala se encaixa? 

Violeta: É difícil para a gente responder também. Ai o pessoal pergunta “como é o som de vocês”, eu não consigo explicar. Acho que somos uma mistura de todas as nossas influências, que tem um pouco de Grunge, Stoner, Punk, um pouco de Metal também, não acho que conseguimos nos colocar em apenas um gênero, temos um pouco de várias coisas, e é uma salada mista disso tudo. 

Roadie Metal: Como vocês planejam divulgar o novo trabalho de vocês em meio a toda a situação da Covid-19? 

Violeta: Pensamos que os shows só poderão ocorrer em 2022, porque agora temos apenas apresentações pequenas com pessoas separadas em seus lugares, e não acho que a Bala seja música para curtir sentado. Tivemos planos de turnê em 2020 que não ocorreram, e não podemos fazer isso também. Então temos algumas apresentações pequenas que não sabemos se ocorrerá, porque temos muitas coisas que estão sendo adiadas várias vezes, como alguns festivais de verão que faríamos em 2020, que foram adiados para 2021, e agora eles estão entrando em contato dizendo que não vai dar pra rolar esse ano também. Também achamos que a parte principal será feita no próximo ano, assim que for possível. 

Roadie Metal: Como está a situação da pandemia na Espanha? 

Violeta: Depende em que parte da Espanha, Madri, por exemplo, está quase com a vida normal, mas também depende da comunidade, tem locais que você deve ir para casa às nove da noite, bares e restaurantes estão fechados… Na Galícia estamos em uma situação melhor do que na semana passada, já houveram algumas reaberturas. Mas tudo depende do lugar em questão. 

Roadie Metal: Como está a vacinação por aí? Ainda estão vacinando apenas os idosos ou já avançaram mais nisso? 

Violeta: Até onde sei, estão vacinando apenas os idosos. E claro, sem shows, nada está acontecendo e precisamos esperar, então tem sido uma droga. 

Roadie Metal: Vocês tem planos de tocar no Brasil em algum momento? 

Violeta: Com certeza! Amaríamos ir aí, tenho amigos por aí, e eu sempre amo ir para o Brasil, Anxela também, e ir para aí tocar seria um sonho se realizando. Espero que um dia consigamos ir aí nos conhecer pessoalmente. 

Roadie Metal: Qual a sua mensagem para os brasileiros que estão lendo essa entrevista? 

Violeta: Minha mensagem é: ei pessoal do Brasil, amaria ir para aí esmagar as suas cabeças, os seus ouvidos, e deixá-los sangrando com minhas baquetas e a minha banda Bala. Espero que estejam bem, espero encontra-los em breve, nosso novo álbum será lançado no dia 14 de maio, se vocês puderem nos seguir nas redes será ótimo. Curtam a vida e façam barulho! 

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