Se há uma temática que anda em alta ultimamente é a relacionado ao “vikings”, havendo várias obras na cultura popular que mencionam esses antigos povo nórdicos, entre filmes, livros, séries, e músicas. No Brasil, uma banda que vem se destacando ao utilizar essa temática é a paulista Armored Dawn, que ao longo dos 9 anos de atividade tem se apresentado em diversos grandes eventos pelo Brasil e pelo mundo.

No fim de 2019, o grupo lançou seu terceiro álbum de estúdio intitulado “Viking Zombie”, tendo agendado também grandes shows e turnês ao longo de 2020 para divulgar o novo trabalho, mas que acabaram cancelados após a pandemia da Covid-19 estourar em todo o mundo, parando assim a indústria fonográfica como um todo.

Mas mesmo durante a pausa causada pela pandemia a banda tem apresentado novidades, entre elas foi a inclusão do baixista Fernando Quesada (Anie, ex-Shaman, ex-Noturnall) na formação, fazendo com que Heros Trench assumisse a terceira guitarra junto com os guitarristas Tiago de Moura e o finlandês Timo Kaarkoski. Além desses, o Armored Dawn também conta com Eduardo Parras no vocal, Rodrigo Oliveira na bateria, e Rafael Agostino nos teclados.

Para falar sobre esse e outros assuntos, o guitarrista Tiago de Moura de uma entrevista exclusiva para a Roadie Metal, que pode ser conferida a partir de agora.

Roadie Metal: No  final  do  ano  passado  vocês  lançaram  o  “Viking  Zombie”,  seu  terceiro álbum de estúdio, fale-nos um pouco sobre ele.

Tiago de Moura: Bom, todo o processo de composição e gravação levou pouco mais de 1 ano. Como temos nosso próprio espaço de ensaio e estúdio de gravação, não tivemos pressa, tivemos muito tempo para nos concentrar em fazer tudo o mais perfeito possível. Enquanto ainda estávamos em turnê promovendo  o álbum anterior, “Barbarians in Black”, todas as músicas já estavam  praticamente  prontas. Musicalmente falando, é uma mistura de tudo, começando  com as nossas próprias influências mais antigas combinadas com sons de  teclado modernos, é uma mistura do bom e velho Heavy Metal, com algumas melodias mais Pop.

Roadie Metal: Por que o nome “Viking Zombie”?

Tiago: “Viking Zombie” é um álbum conceitual. Nós apenas misturamos esses dois personagens muito populares e conhecidos, criamos um novo e decidimos escrever  nosso  álbum  baseado  nele.  Todas  as  letras  contam  a  história  de  um guerreiro  viking  que  morreu  em  uma  batalha,  mas  não  foi  para  o  paraíso, Valhalla.  Ele pediu  uma  nova  chance  de  viver  e  Odin  atendeu  ao  seu  pedido, mas  nessa  nova  vida,  ele  é  um  zumbi.  Então, ele  está  fora  de  seu  tempo  e  se tornou um desajustado na sociedade e tem que aprender a lidar com isso.

Roadie Metal: Como tem sido a recepção dos fãs e da mídia especializada?

Tiago: Tem sido excelente! Nós tivemos ótimos feedbacks dos fãs e grandes reviews no mundo todo. Estamos muito satisfeitos com esse trabalho.

Roadie Metal: Como a pandemia atrapalhou os planos do Armored Dawn?

Tiago: 2020 seria um grande ano pra  nós. Tínhamos alguns shows marcados com o Sonata Arctica na América Central e em São Paulo, além claro, do projeto “Armored   Dawn   Convida”,   que   passaria   por   várias   cidades   do   Brasil. Naturalmente, todas essas datas foram adiadas. Todos os anos, desde 2017, nós sempre fizemos uma tour pela Europa, coisa que, infelizmente, também não vai acontecer esse ano.

https://www.youtube.com/watch?v=zwVn7XkzeQI

Roadie Metal: Qual a atual previsão para realizar a turnê “Armored Dawn Convida”?

Tiago: Todas as datas foram remarcadas para março de 2021. Esperamos que até lá tudo esteja mais normalizado, estamos muito ansiosos por isso!

Roadie Metal: Como a banda se movimentou durante a quarentena?

Tiago: Bom, nos primeiros 45 dias de quarentena nós ficamos em isolamento total. Depois disso, começamos a retomar os nossos trabalhos, voltamos a nos encontrar, porém com todo o cuidado necessário, obviamente. Foi quando decidimos iniciar a composição do próximo álbum, e agora já estamos com tudo pronto para começar as gravações.

https://www.youtube.com/watch?v=cd–0KeAJ6M

Roadie Metal: Vocês  fariam  um  desses  novos  formatos  de  shows  com  “distanciamento social”, como Drive-In ou livestream?

Tiago: Pra nós, a coisa mais importante é a energia do público, mas tocar apenas para as câmeras numa live, por exemplo, ia ser como se estivéssemos num programa de TV sem auditório. Falta algo, sabe? Claro que respeitamos muito as bandas que fizeram e que continuam fazendo shows nesses formatos mas, nesse momento, isso não tem muito sentido pra gente.

Roadie Metal: Como foi a experiência de tocar no Rock In Rio do ano passado?

Tiago: É uma experiência que todo músico deveria ter a oportunidade de viver. Foi emocionante tocar em um dos maiores festivais de música do mundo, ainda mais na mesma noite de tantas bandas incríveis, como Anthrax, Helloween, Iron Maiden, etc. Foi uma sensação única! Espero que a gente tenha oportunidade de tocar de novo em alguma próxima edição.

Roadie Metal: É perceptível que a banda sabe trabalhar bem na questão do seu marketing. Como esse trabalho é feito?

Tiago: Na verdade, nós não fazemos nada que já não tenha sido feito antes, né? É o mesmo trabalho que todas as bandas conceituadas sempre fizeram. Uma boa assessoria de imprensa, um bom artista pra fazer as capas e artes de divulgação… sempre procuramos fazer o melhor possível. Nem sempre o nosso melhor é suficiente para agradar todos, afinal no Metal existem tantas ramificações  de  estilos  que  é  praticamente  impossível  uma  banda  agradar  a todos. Então a gente faz o que realmente achamos ser o melhor pra nós.

Roadie Metal: Por que vocês decidiram ter três guitarras na formação?

Tiago: Muitas das composições do “Viking Zombie” têm três guitarras. Isso já vem acontecendo há um tempo, tanto que antes do Heros assumir a terceira guitarra e do Quesada entrar na banda, nos shows, o Rafael saía do teclado pra tocar a terceira guitarra. Acontece que dessa vez a gente sentiu uma diferença grande entre tocar teclado ao vivo o tempo todo, e soltar o teclado já gravado, pro Rafa poder tocar guitarra. Então decidimos trazer essas composições com três guitarras de vez para o palco também.

Roadie Metal: Como foi o processo de inclusão do Fernando Quesada na banda?

Tiago: Depois da ‘Warriors Tour’ em 2018, quando fizemos alguns shows juntos, naturalmente ficamos mais próximos dele. Todo mundo já se conhecia, mas ali estreitamos esse contato. Quando resolvemos que o Heros assumiria a terceira guitarra, precisaríamos de um novo baixista, e ele foi o primeiro nome que nos veio em mente. Foi automático e unânime.

https://www.youtube.com/watch?v=3-L8o777QTs

Roadie Metal: É interessante observar que vocês têm dois integrantes que também fazem parte do Korzus  (Heros  Trench  e  Rodrigo  Oliveira),  como  é  a  relação  de vocês com o grupo em questão?

Tiago: É uma honra tocar com músicos como eles. E na verdade, é como se todos nós já fizéssemos parte da mesma família. O Korzus como um todo, em algum momento, já fizeram parte do Armored Dawn de alguma forma. O Dick fez os cenários do “Barbarians in Black” e do “Viking Zombie”. O Antônio compôs a música ‘Ragnarok’. O Pompeu é nosso diretor artístico há pouco mais de um ano. Somos todos amigos próximos e nosso relacionamento é excelente!

Roadie Metal: Por que vocês abraçaram a temática “viking”?

Tiago: Primeiramente, é importante frisar que, ao contrário do que muitos dizem, nós não somos uma banda de Viking Metal. Desde o início, a banda sempre procurou fazer um som com temas que agradassem os integrantes, independente da temática. Como o Eduardo (vocal) é um grande fã da cultura Viking, existiu sim uma tendência a falar sobre esse assunto, mas se você reparar bem, as letras de toda a carreira do Armored Dawn são atemporais, são letras que falam sobre lutar e não desistir. O que acontece é que essa mensagem que nós procuramos passar funciona tanto para os temas Vikings e guerras, quanto para as batalhas que travamos dia-a-dia, no cenário atual.

Roadie Metal: Você diria que nesse momento estamos vivendo um “Ragnarok”?

Tiago: Não acredito que seja exatamente um ‘Ragnarok’, mas sim um fim de uma era. O que eu vejo é uma repetição, mais um ciclo, assim como aconteceu com a Gripe Espanhola, no começo do século XX. Pra ser sincero, não acredito que seja a última vez que vai acontecer algo do tipo, mas espero que demore, no mínimo, 100 anos pra acontecer de novo.

Roadie Metal: Como você acha que vai ser a indústria musical no pós-pandemia?

Tiago: Acredito que tudo vai voltar nesse ‘novo normal’. Teremos shows, grandes públicos, mas acho que muita gente ainda irá aos shows usando máscara e com todos os cuidados, mesmo com a vacina, pois o medo de se infectar com algo novo não vai sair da cabeça das pessoas tão cedo. Acho que de um jeito diferente, o mercado voltará com força total até o segundo semestre do ano que vem.

Roadie Metal: Qual música do Armored Dawn você escolheria para descrever 2020?

Tiago: Pra esse ano difícil, escolheria a ‘Survivor’. Essa música fala da luta de todos os dias. Mesmo durante a tempestade estamos de pé, sem nos deixar abalar e cada vez mais fortes.

Roadie Metal: Há algo não mencionado nessa entrevista que você queira adicionar?

Tiago: É mais um recado, na verdade. Lute pelos seus ideais e não deixe as críticas de derrubarem. Lute pela sua arte, seja ela qual for.

Roadie Metal: Qual a sua mensagem para os leitores da Roadie Metal?

Tiago: Sigam a gente nas redes sociais pra acompanhar quais são os nossos próximos passos. Se cuidem. Espero que possamos nos encontrar na estrada em breve. Obrigado, Roadie Metal, pelo espaço!

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