Roadie Metal Entrevista: “A minha vida é um apanhado de muita letra de música que a gente já fez.”, diz Luis Mariutti

Luis Eduardo Mariutti Pereira, é um dos maiores nomes entre os baixistas brasileiros. Ele foi integrante original das banda Angra e Shaman, realizou mais de mil shows em 24 países e participou de diversos festivais como Wacken Open Air, Loud Park, Gods of Metal, Eurockennes, Dynamo, Viña Rock, Monsters of Rock, Live’n’Louder. Além disso foi eleito como o melhor baixista do Brasil por doze anos seguidos e um dos dez melhores baixistas do mundo pela revista Burrn! do Japão. Atualmente é integrante da bandas: Dirty Dogz, Motorguts, Sinistra e Shaman.

Em entrevista exclusiva ele falou sobre os principais momentos de sua carreira, a amizade com André Matos, a criação do Mariutti Team e deixou um recado especial aos leitores da Roadie Metal.

Qual o ponto alto da sua carreira?

Luis Mariutti: Na época do Angra, com certeza foi o disco de ouro. Na época do Shaman foi o Ritualive, as grandes turnês. E, hoje em dia, além das bandas tem sido o meu canal no YouTube. O ponto mais alto tem sido as realizações do nosso Mariutti Team, juntamente com o Reunion. O ponto alto desses dois últimos anos foi o canal do YouTube e as realizações do Mariutti Team.

Há alguma música da sua carreira que te represente atualmente?

Luis Mariutti: Ah, eu acho que muita música, né? A gente tem muitos refrões, não só refrão, né, mas muitas coisas escritas em letras que representam muito da vida de cada um. Então acho que é um apanhado na verdade de muita música. A minha vida é um apanhado de muita letra de música que a gente já fez.

O que o Luís de hoje falaria pro Luís do começo da carreira?

Luis Mariutti: Na verdade, de repente falaria alguma coisa no sentido de se valorizar mais, não deixar as coisas muito na mão dos outros, de repente alguns conselhos assim, bater o pé mais pelas suas ideias, questão de valorizar, de ter as ideias um pouco mais valorizadas, só isso. O resto, eu não mexeria em nada na minha carreira não. Eu não daria tantos conselhos assim e deixaria correr naturalmente, como correu. Mas nessa parte de se valorizar um pouco mais, perante os outros, a banda, no começo principalmente.

Vocês (não podemos esquecer da Fer) criaram o Mariutti Team, que hoje se tornou uma família, eu inclusive fiz muitos amigos lá, da onde veio essa ideia do grupo?

Luis Mariutti: A ideia do Mariutti Team na verdade veio da Fernanda. Primeiro nós formamos o Mariutti Team como um time de Muay Thai, e como eu estava um pouco fora dos palcos e tudo mais, a gente acabou focando o Mariutti Team no começo, no Muay Thai, Em levar alunos pra competição, ter um grupo forte. Só que esse Team se estendeu para o baixo também a partir do momento que a gente foi criando canal, fazendo a volta, na verdade me mostrando no canal, voltando para as bandas e tudo o mais. A gente criou, a Fernanda extenseu o Mariutti Team também para o baixo, e acabou virando uma marca, um grupo, um festival, acabou virando várias coisas legais dentro do metal também. Então, hoje em dia a gente tem muito orgulho do que a gente criou e a gente continua com o Mariutti Team Muay Thai, tem os nossos alunos, nossos professores já formados por nós, e temos o nosso Mariutti Team que engloba a parte musical, tem o grupo no Facebook, muitos deles trabalham com a gente, fazem coisa com a gente, sao nossos amigos pessoais, muitas pessoas de dentro do grupo, então pra gente é uma satisfação cada vez maior ter criado o Mariutti Team. tem o zine também, não psoso esquecer do nosso zine, do site, tudo isso são criações e conquistas Mariutti Team.

Além do Mariutti Team, também há o EU APOIO O METAL NACIONAL, nos fale um pouco mais.

Luis Mariutti: O EU APOIO O METAL NACIONAL é uma ideia da Fernanda de ter no zine uma coluna que apoiasse o metal nacional, que falasse das bandas promissoras aí, de bandas nacionais que desse essa ressalva para as bandas nacionais e que possibilitasse a elas expor seu material, suas redes sociais no nosso zine. Além disso, esse apoio se extende também a coluna de locais, de bares, de casa de show que apoiam o metal no Brasil e tambem a coluna do artista, onde o artista Raphael Efez – e agora ele está falando de outros artistas também – expõe as capaz de disco de que ele fez, capas de disco de metal que foram feitas por ele. Então a gente tem o EU APOIO O METAL NACIONAL consiste nesse nosso apoio, o nosso zine é disponibilizado pra todo mundo no nosso site, no mariuttiteam.com, lá ele está em pdf, é só a pessoa baixar e acompanhar tudo que acontece nessa campanha EU APOIO O METAL NACIONAL.

Com a Sinistra, a proposta foi cantar em português. O que motivou essa escolha?

Luis Mariutti: Na verdade, quando eu cheguei na banda, as músicas já eram em português, então já tinha essa proposta, o nando já tinha escrito várias letras em português, e assim, não o desafio da banda, mas a proposta da banda é que seja encarado como qualquer outra música, como o metal cantado em inglês, como o metal cantado em alemão, pelo Rammstein por exemplo. O nosso metal cantado em português, que seja tão acessível para as pessoas quanto o cantado em outras línguas, inglês principalmente. Na verdade, no Sinistra, em se tratando da banda Sinistra, dos integrantes do Sinistra, é a melhor maneira que a gente encontra de passar as nossas ideias, e desse desafio de tentar ganhar o mundo com as letras em português, né, por que não?

Falando em Sinistra, como estão os preparativos para o primeiro álbum? Logo teremos um novo single?

Luis Mariutti: Na verdade, o Sinistra estava pensando em lançar o álbum quando começou essa pandemia, em março. O nosso lançamento ia ser junto da abertura dos shows do Sammy Hagar. Como não rolaram os shows por causa da pandemia, a banda está pensando em refazer o lançamento, mas começar de novo a soltar os singles. Só que dessa vez, já com a gravação de melhor qualidade do que foram os dois primeiros. Na verdade, a gravação ali era de uma demo. Então agora vai ser com a gravação definitiva.

Sobre o Shaman, como foi pra você a receptividade dos fãs?

Luis Mariutti: Creio que está falando da formação com o Alírio. Eu acho que foi a melhor possível para o momento, e na verdade o que aconteceu, então a perda do André foi ma coisa muito sentida pelos fãs, então a gente teve que ter muito cuidado na escolha e tinha que ser uma pessoa que tivesse muito respeito e também muita bagagem para não aguentar, mas pra conseguir se blindar de qualquer comparação ou de qualquer coisa nesse sentido, que não teria, na verdade, cabimento nenhum tendo em vista o que aconteceu. Então a receptividade foi a melhor possível, a gente fez poucos shows agora nessa nova formação, mas nesses poucos shows que a gente fez, a gente sentiu que o público realmente se emocionou e entendeu, abraçou, na verdade, a causa, abraçou o Alírio da melhor maneira. Então vimos que a nossa escolha foi a escolha certa.

A banda lançou recentemente a música e o clipe de ” Brand New Me” e o clipe de “Turn Away”, com essa pandemia que nos pegou de surpresa, há a hipótese de um novo single acontecer?

Luis Mariutti: Existe a possibilidade sim. Hoje em dia não tem muita fórmula para lançamento mais, né. As pessoas, na verdade, não ficam aguardando tanto o cd com as músicas, comdez músicas no formato que era antigamente, hoje em dia você pode ir muito bem trabalhando por música. Creio que a gente vá lançar mais algum single sim, antes de lançar – para aqueles que gostam de ter em casa o cd físico ali com todas as músicas, então com certeza a gente vai fazer, mas antes disso a gente vai lançar mais uma ou duas músicas.

Essa pandemia acabou adiando os planos de todos e principalmente das bandas. Na sua opinião, como será a vida das bandas após essa pandemia?

Luis Mariutti: Eu acho que agora as bandas vão ter que se adaptar nesse começo, a essa nova vida que é simplesmente pela internet. Então todo mundo vai ter que tentar sobreviver. é uma fase difícil para todo mundo, né. Para os músicos eu creio que, nós seremos uma das últimas classes a voltar, realmente, a fazer os concertos nas casas de shows e tudo mais. Então a gente vai ter que se adaptar a essa nova realidade que todo mundo está se adaptando que é ficar em casa, nós vamos ter a live do Shaman agora que vamos ter cuidado com todos os exames, e todos os protocolos para fazer, mas não é uma coisa fácil e é uma coisa que vai ser uma e depois a gente vai ter que… (estamos) pensando no que fazer, quais serão os rumos tomados por todos para enfrentar essa pandemia, pra gente conseguir sair dessa, as bandas saírem dessa fortes, todo mundo fazendo turnês depois e lançado novos trabalhos. É assim que a gente pensa, passo a passo, dia a dia, a gente se adaptando a nova realidade e aí a gente vai ver como vai ser essa reabertura para ir se adequando aos modelos que vierem.

Infelizmente, mês passado completou um ano que perdemos o André Matos, o que você falaria para ele se pudesse nesse momento?

Luis Mariutti: É o que eu digo, né, só agradecer, na verdade, que a gente teve uma grande história, juntos. A maioria dos shows que eu fiz foi com o André cantando e a maioria dos shows que ele fez com certeza foi comigo no baixo, então as nossas histórias se confundem nessa parte e eu só agradeceria porque a gente passou muita coisa boa então é só gratidão de ter passado tudo isso, junto.

Agora para encerrar, quero agradecer a atenção e o carinho dos fãs e também agradeço essa entrevista. Deixe um recado para os fãs e leitores da Roadie Metal.

Luis Mariutti: Gostaria de deixar um abraço aos fãs e leitores da Roadie Metal e dizer que esperamos voltar o mais rápido possível. Espero que esteja todo mundo bem, todo mundo com saúde que nesse momento é o mais importante, estar todo mundo bem, todo mundo forte para passar por essa pandemia pra gente chegar nesses dias melhores aí, que com certeza virão.

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