Seguindo com a análise discográfica da banda sueca Pain of Salvation, chegamos ao ano 2011, quando a banda lançou seu oitavo álbum, “Road Salt Two”, que apesar de seguir nominalmente seu antecessor, nada tem a ver com este em termos líricos, exceto pela sonoridade característica da banda, calcada no progressivo, flertando com outros estilos em sua composição, como blues, hard rock e folk. O álbum soa um tanto quanto sombrio e denso em alguns momentos e mais melódico em outros. Uma característica marcante deste álbum é a despedida do guitarrista Johan Hallgren e do tecladista Fredrik Hermansson.
O trabalho foi lançado em 26 de setembro, pela gravadora InsideOut, contendo 12 faixas, todas compostas pelo vocalista Daniel Gildenlöw, que é uma atração à parte, tamanho o talento dele em suas variações vocais. Os trabalhos são abertos com a vinheta “Road Salt Theme”, com sua característica instrumental hollywoodiana, como se tivesse saído de um filme e segue imediatamente para “Softly She Cries”, um tipo de blues hard meio pesado, distorcido e obscuro. “Conditioned” aparece como o primeiro destaque do trabalho, sendo uma faixa mais hard, mas bem ao ritmo setentista, sem abrir mão das variações sonoras, traz ainda uma bela linha de contrabaixo. “Healing Now” segue com uma abertura dedilhada maravilhosa, sendo mais acústica. Uma das melhores do play. A quinta faixa, “To the Shoreline”, surge de forma bem diferente do que se ouviu até aqui, sendo mais obscura e suplicante, trazendo uma levada country interessante, fazendo-me lembrar da clássica canção “The House of the Rising Sun”, do Animals, porém aqui com diversas variações tanto instrumentais, quanto vocais.
“Eleven” traz um pouco mais de energia para a audição, com um certo peso e psicodelia quase bluezy. A sétima faixa, “1979” é uma linda e suplicante balada, até com um certo toque oriental, introduzida pelos teclados e nos levando a viajar pelo tempo e a pensar nos momentos vividos no passado. “The Deeper Cut” leva o ouvinte a outro nível sonoro, novamente mais denso e pesado, mais grooveado e até desesperador, como numa fuga intensa. “Mortar Grind” remonta ao EP “Linoleum”, lançado no ano anterior e continua num ritmo mais pesado com atmosfera densa. A audição vai chegando ao fim e “Through the Distance” surge para permitir que o ouvinte recupere o fôlego provocado pelas duas faixas intensas anteriores. Trata-se de uma balada bastante emocional. “The Physics of Gridlock” é a mais longa e progressiva do álbum, com mais de 8 minutos. Começa de forma intensa, mais calcada no hard rock, vai sendo levada aos poucos para uma cadência quase funkeada e aporta num momento mais emocional e intenso. Na parte derradeira há a troca de idioma, do inglês para o francês, oferecendo um ambiente mais bucólico ao ouvinte. Assim como na abertura, “End Credits”, encerra de forma instrumental, fazendo com o que o ouvinte acabe por imaginar que ao invés de ter escutado um disco de músicas, estava assistindo a um filme e chegou a hora de subir os ‘créditos finais’, quando as luzes se acendem e é hora de ir embora.
O que podemos dizer sobre Road Salt Two? Primeiro é importante ressaltar o trabalho do Pain of Salvation como um todo, uma banda diferente, que se destaca pelo progressivo psicodélico experimental, se é que podemos dar ao estilo essa nomenclatura, mas é exatamente isso, uma mistura profusa de sons e estilos, que não permitem ao ouvinte nortear o que significa e é aí que a banda se sai bem porque eu diria que não há rótulo, ou seja é o que você como ouvinte achar que é? E você, então me pergunta, Tia Jenny, isso quer dizer que é ruim? E eu te respondo de forma contundente “NÃO”!!! A questão aqui é que se você começar a ouvir com o intuito de rotular o som ou nortear a audição, simplesmente ficará perdido e sem entender. Para tirar proveito do álbum é preciso se despir de qualquer ideologia e apenas se deixar levar. Há muito momentos maravilhosos, canções lindíssimas, outros momentos nem tanto, mas o mais importante é simplesmente ouvir de forma despretensiosa, mergulhando em cada canção e no que ela oferece. Uma coisa é certa, Daniel e companhia mexem com diversas de nossas emoções. E assim, eu me despeço do quadro Roadie Metal Cronologia.
Data de lançamento: 26/09/2011
Gravadora: InsideOut
Tracklist:
01. Road Salt Theme (00:45)
02. Softly She Cries (04:15)
03. Conditioned (04:15)
04. Healing Now (04:29)
05. To The Shoreline (03:03)
06. Eleven (06:55)
07. 1979 (02:53)
08. The Deeper Cut (06:10)
09. Mortar Grind (05:46)
10. Through The Distance (02:56)
11. The Physics Of Gridlock (08:43)
12. End Credits (03:25)
Formação:
Daniel Gildenlöw (vocais/ guitarras/ baixo)
Johan Hallgren (guitarra/ vocais de apoio)
Fredrik Hermansson (piano/ órgão/ melotron/ teclados)
Leo Margarit (bateria/ vocais de apoio)
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