Desde a sua estreia, parecia que o Yes estava construindo algo especial, galgando pouco a pouco os degraus que sempre os levavam para um nível superior ao estado anterior.
Isso fica bem demonstrado quando observamos, principalmente, as mudanças de formação que iam acontecendo entre cada lançamento. Vendo hoje, é como se estivesse sendo montado um quebra cabeça, trocando uma peça por outra até que fechássemos um panorama de perfeição. A plenitude ocorreu, por fim, quando o tecladista Tony Kaye cedeu sua vaga para Rick Wakeman. Pronto! Estava completa a mais plena formação do Yes e uma das mais irretocáveis aglutinações de músicos que se tem notícia: Wakeman, Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe e Bill Bruford. Para eternizar ainda mais esse momento no imaginário dos fãs, o artista plástico Roger Dean fez a primeira de sua longa história de colaborações com a banda e criou a capa do álbum “Fragile”.
Um ano depois, viria o quinto álbum e a primeira vez em que não havia nenhuma mudança de formação. Mesmo a arte da capa manteve-se nas mãos do mesmo criador que, para não deixar passar em branco o padrão evolutivo na trajetória do Yes, apresentou pela primeira vez o tradicional logotipo no alto da capa, onde a cor verde encontra os seus limites rumando para a escuridão.
Seria perfeito se, chegando nesse patamar, a banda permanecesse como a poderosa força criativa que era, mas foi a própria noção de perfeição que criou o primeiro racha, imediatamente ao final das gravações. O baterista Bill Bruford sentiu-se extremamente frustrado com o processo de composição e gravação, onde cada take era exaustivamente discutido e replicado em detrimento da antiga espontaneidade. Como bom jazzista, Bruford apreciava algo mais improvisado e, concluído o trabalho, partiu para o King Crimson, deixando espaço para a entrada de Alan White, que vinha da Plastic Ono Band, de John Lennon e Yoko Ono, a quem caberia iniciar a turnê de divulgação.
O vocalista Jon Anderson foi o principal condutor do processo de criação de “Close To The Edge”. A faixa título, composta em parceria com o guitarrista Steve Howe possui cerca de dezoito minutos, a mais longa música da banda até então, dividida em quatro partes, e foi inspirada pelo livro “Siddhartha”, do escritor alemão Hermann Hesse. Seu início parece ser levemente desencontrado até que se perceba que todos os instrumentos já confluíram e você não notou como isso aconteceu. Em sua parte intermediária, Wakeman insere sons grandiosos, de alto efeito dramático na composição, antes de fazer seu belo solo, que antecederá o ápice ao final.
Anderson, Bruford, Howe e o baixista Chris Squire assinam em conjunto a faixa “And You And I”, bonita canção de tons mais melódicos e com maior predominância da sensibilidade musical de Howe. Uma excelente passagem de bastão para “Siberian Khatru”, onde a banda avança sobre uma condução rítmica mais orgânica, conduzida pela linha melódica criada por Wakeman e, sob a qual, o baixo de Squire arremessa uma avalanche de notas.
“Close To The Edge” tornou-se o referencial não apenas da discografia do Yes, mas do Rock Progressivo como um todo, não deixando de haver quem o classifique como o melhor álbum já criado dentro desse estilo. Depois de ter chegado tão próximo do limite, o Yes tornou-o inalcançável para os demais.

Close To The Edge – Yes
Data de Lançamento: 13/09/1972
Gravadora: Atlantic
Tracklist:
1 Close to the Edge
2 And You and I
3 Siberian Khatru
Formação:
Jon Anderson – vocal
Steve Howe – guitarra, sítara
Chris Squire – baixo
Rick Wakeman – teclados
Bill Bruford – bateria