Estamos no ano mais importante da história do Heavy Metal, onde grandes álbuns foram gravados por diversas bandas e estes acabaram eternizados e cultuados por headbangers mundo afora. E o o W.A.S.P. lançava o seu terceiro álbum justamente neste ano, não sendo tão feliz em sua empreitada como algumas de suas contemporâneas.
É difícil fazer uma resenha para este disco, pois é uma complicada aventura enveredada pela banda de Blackie Lawless. E ele mesmo admitiria isso, anos depois, quando do relançamento do álbum, em 1997. Aspas para o que o líder do W.A.S.P. escrevera no encarte:
“(o álbum foi) uma gravação cansativa de uma banda cansada.”
Lawless, Blackie
E os problemas seguiram para a definição da capa, pois a ideia inicial era que Blackie Lawless aparecesse nu, apenas com a guitarra a frente de seu corpo, ideia prontamente rejeitada pela gravadora. Então, a banda recorreu à alternativa de lançar a capa com o seu líder vestido como se fosse um animal. Muito brega para uma banda de Metal, mas tudo bem, não julgaremos o disco pela capa.
Então, com o próprio Blackie Lawess na produção, a banda adentrou ao estúdio “The Pacha Music House“, em Hollywood; a mixagem ocorreu no “Amigo Studios“, em North Hollywood e a masterização no “Sterling Studios“, em Nova Iorque. A bolacha foi lançada originalmente em 8 de novembro de 1986 pela Capitol Records.
Dadas as devidas informações acerca do álbum, vamos a audição do mesmo. E vos digo, não foi da melhores: “The Big Welcome” é uma vinheta bastante medonha, que o ouvinte poderá pular se quiser. Não foi o caso deste que vos escreve e por uma razão bem óbvia.
Então a faixa dois é a que de fato abre o álbum. E “Inside The Electric Circus“, a faixa título, mostra uma banda que nitidamente bebeu na fonte da NWOBHM. Aqui as semelhanças com o JUDAS PRIEST são enormes, mas a banda mostra seu valor. Música forte e que é uma excelente abertura, causando uma impressão de que a audição será boa.
“I Don’t Need No Doctor” é um divertidíssimo cover da canção de Ray Davies. Os caras colocaram todos os elementos clichês do Hard Rock oitentista, mas ficou muito boa. Os riffs ficaram sensacionais. As duas primeiras músicas realmente causaram uma impressão muito boa.
“9.5. – N.A.S.T.Y.” foi o primeiro single deste álbum e mantém os pés da banda fincados no Hard Rock. A primeira imagem que temos ao escutar esse som é a dos filmes da década de 80. A música em si é bem interessante e tem um solo em que eu coloco como o destaque. A faixa teve sucesso no Reino Unido, onde alcançou a posição #70 das paradas.
A fórmula do Hard Rock começa a ficar repetitiva em “Restless Gypsy“. Não que esta seja uma música ruim e não é, mas aqui o álbum começa a soar demasiadamente igual.
“Shoot From The Hip” mantém a banda firme no Hard Rock, mas está faixa tem um diferencial: é uma faixa com boas passagens e um breve flerte com o Metal. Novamente destaco o solo, bem elaborado e bem executado. E é uma música pesada.
“I’m Alive” traz riffs cavalgados que nos dão uma boa impressão, que acaba se confirmando na música, que não tira a banda do caminho do Hard Rock. Uma boa música.
Temos outro cover neste álbum, a clássica “Easy Living”, do URIAH HEEP. Uma música que eu costumo escutar no meu trabalho, quando me deixam trocar a playlist de gosto duvidoso que usam por lá e coloco um pouco de Rock Clássico. Então esse som por si só já é maravilhoso e os caras abrilhantaram ainda mais. E assim, o que é bom, fica difícil de ser estragado. Nem se eles quisessem. Já valeu a audição.
“Sweet Cheetah” embora tenha um refrão grudento, é a que menos me agradou. É chatinha. “Mantronic” traz lindos arranjos de violão e guitarra em sua intro e você se engana achando que se trata de uma balada. Mas no desenvolvimento da música, nada de novo, o mesmo Hard Rock repetitivo que a banda tem praticado desde a faixa 4, com raras exceções. A quebra de ritmo trazendo o mesmo violão da intro, desta vez no meio da música, emendada com o solo são os pontos altos desta.
“King of Sodom and Gomorrah” é mais do mesmo. Uma banda se repetindo, tornando a coisa bastante pedante, enquanto “The Rock Rolls on” fecha bem um disco que soou chato e durante boa parte dos seus 47 minutos. Uma faixa mais puxada para o Metal, que salva um pouco este disco.
Embora seja um disco aquém das expectativas, ele obteve relativo sucesso: no Canadá, alcançou a posição 84 do “Canadá RPM Top 100“; Na famosa “Billboard 200” estadunidense, chegou ao 60º lugar ; No Reino Unido, ficou em 53º no “UK Albuns Chart“; Na Suécia, alcançou o 35º lugar na “Sverigetopplistan” e a melhor posição foi alcançada na Noruega, com um 17º lugar na “VG-lista“.
Em várias entrevistas, Blackie Lawless, que é conhecido por ser um severo crítico de seu próprio trabalho, classificou este como sendo um dos mais fracos lançamentos de sua carreira. E eu, apesar de não ser um profundo conhecedor do W.A.S.P., concordo. É um disco que tem bons momentos, sim, muito embora mais catapultados pelos covers do que, de fato, pelas suas composições autorais. Após o lançamento de “Inside the Electric Circus“, a banda entrou em um breve hiato, porém, em 1989 a banda voltaria a lançar um novo “full-lenght“, porém, essa é uma história que você, caro leitor irá saber no próximo ROADIE METAL CRONOLOGIA.
Lineup:
Blackie Lawless – Vocal/Baixo
Chris Holmes – Guitarra
Steve Riley – Bateria
Johnny Rod – Guitarra
Tracklisting:
01 – The Big Welcome
02 – Inside the Electric Circus
03 – I Don’t Need No Doctor
04 – 95-N.A.S.T.Y
06 – Shoot From the Hip
07 – I’m Alive
08 – Easy Living
09 – Sweet Cheetah
10 – Mantronic
11 – King of Sodom and Gomorrah
12 – The Rock Rolls on
NOTA: 5,0