Se o Vader tivesse iniciado a sua carreira como uma banda de death metal, não haveria dúvidas de que ele seria o criador do estilo naquele ano de 1983, mas o grupo fundado por Czarny (vocal), Piotr Paweł “Behemoth” Wiwczarek (guitarra), Astaroth (baixo, RIP) e Belial (bateria) iniciou sua carreira tocando metal tradicional, passando a ser um nome seminal do metal extremo só a partir da gravação da demo “Live in Decay”, de 1988.
Ainda assim a banda teve que enfrentar por muito tempo a dificuldade de divulgação de seu material, pois entre os anos oitenta e noventa a Polônia, assim como todas as nações do Leste Europeu, passava por duras reformas na política e economia, com a queda da União Soviética. Não fosse a Earache Records ter descoberto a banda e lançado o seu debut em 1992, talvez o Vader seria hoje muito mais “cult” no cenário underground do que aparenta.
O death metal colossal de “The Ultimate Incantation” (1992) não foi o bastante para garantir uma renovação de contrato com a inglesa Earache que, na época, era a casa de bandas como Brutal Truth, Bolt Thrower, Carcass, Napalm Death, Entombed, Morbid Angel e muitas outras, mas o seu destaque pelo cenário mundial ficou marcado possibilitando o lançamento do próximo álbum, “De Profundis” (1995) pelo selo local Croon Records.
Estava claro que o Vader merecia um lugar entre os grandes nomes do death metal, pois suas demos e seus dois primeiros álbuns exibiam a técnica brutal que qualquer nome inglês, americano ou escandinavo possuía, e isso se repetiu em “Black to the Blind”, um álbum mais apurado que seus antecessores, porém, violentamente insano e pesado. Dessa vez o lançamento ficou por conta da alemã System Shock, subsidiária da americana Impact Records, que hoje pertence à Universal Music.
“Behemoth”, que além da guitarria também assumiu os vocais em 1989 com o nome de Piotr “Peter“ Wiwczarek, foi quem produziu este terceiro disco, ficando a masterização nas mãos de Julita Emanuiłow no Selani Studio, em Olsztyn (POL). Peter também tocou baixo em algumas músicas. O time se completou com Maurycy “Mauser” Stefanowicz (guitarra), Leszek “Shambo” Rakowski (baixo) e Krzysztof “Doc” Raczkowski (bateria) que morreu em 2005 devido a problemas cardíacos.
O álbum foi lançado no dia 13 de outubro de 1997 e ganhou versão japonesa pela Avalon Records, que incluiu a canção “Anamnesis” como bônus, pois como todos sabem, não se faz sucesso no Japão sem algo além do que é gravado comumente nas versões oficiais de CDs. A grande expressão de “Black to the Blind” fez o disco concorrer ao Prêmio Fryderyk Award da Polônia, na categoria de “Álbum de Hard & Heavy do Ano”. A terceira faixa, “Carnal” serviu de trilha sonora para o filme de ação “Gniew (Anger)” (1998) do diretor polonês Marcin Ziębiński.
Um fato curioso é que no relançamento da Witching Hour Productions, em 2012, a capa original feita por Jacek Wiśniewski foi substituída por uma outra arte de Zbigniew Bielak, que também modificou o layout. Afora isso, o disco ainda teve remasterização dos irmãos Wiesławscy no Hertz Studio, em Białystok (POL).
“Black to the Blind” é um dos álbuns mais importantes da carreira do Vader não apenas pela dedicação de seus músicos em darem continuidade ao poder e resistência da banda, mas também por ter nascido no período de ouro do estilo que pariu no mesmo ano, “Back from the Dead” do Obituary, “Serpents of the Light” do Deicide, “One Second” do Paradise Lost, “Death Metal” do Dismember, “The Mind’s I” do Dark Tranquillity e tantos outros. Garantiu também ao grupo muitos fãs que passaram a integrar a sua legião de admiradores, embalada pela potência de sua música e valor do seu nome.
Tracklist:
01.Heading for Internal Darkness
02.The Innermost Ambience
03.Carnal
04.Fractal Light
05.True Names
06.Beast Raping
07.Foetus God
08.The Red Passage
09.Distant Dream
10.Black to the Blind
11.Anamnesis (bônus)
