Surgido no final dos anos 60, o Uriah Heep teve o seu auge entre 1970 e 1976, onde lançaram nada menos do que 9 álbuns – marca impensável atualmente –, e venderam milhões de cópias pelo mundo afora. Mas eis que, após o lançamento de High and Might (76), a banda passou por uma mudança profunda, com a saída do mítico vocalista David Byron, substituído por John Lawton, mudança essa que nunca foi bem-aceita pelos fãs mais radicais do Heep. O resultado disso foi um bom trabalho, Firefly (77), uma espécie de recomeço, mas que não foi tão bem-aceito por uma parcela de seu público mais antigo. Mantendo o ritmo forte de lançamentos, sem demora, trataram de lançar no mesmo ano o seu 11º álbum de estúdio, Innocent Victim.

Antes de tudo, esse é um dos mais perfeitos exemplos do termo não julgar um álbum por sua capa. Ela é uma das mais bizarras que já vi. Musicalmente, a banda procurou refinar a proposta do trabalho anterior, suavizando um pouco mais o seu som, e o aproximando do AOR, talvez em uma tentativa de finalmente conquistar o tão cobiçado mercado Norte-Americano. Vale lembrar que essa era uma época em que o Classic Rock começava a entrar em declínio, perdendo espaço para o Punk e a Disco Music, e muitas bandas procuravam se adaptar a uma nova realidade. De cara, duas ótimas faixas, “Keep On Ridin’” e “Flyin’ High”, com boas melodias vocais e um groove bem interessante. “Roller” tem um bom baixo, com uma pegada meio funkeada, além de bons riffs, enquanto “Free ‘N’ Easy” poderia ter sido lançada por alguma banda de NWOBHM, dado o seu peso e velocidade em alguns momentos. “Illusion” é uma balada relativamente simples e sutil, mas que tem nos poderosos vocais de Lawton um grande diferencial; Free Me” tem um apelo pop fortíssimo, e é uma dessas canções fáceis de se ouvir; “Cheat ‘N’ Lie” é um rock mais tradicional, com linha de baixo forte e bom solo, e “The Dance” é outra onde os vocais se sobressaem. Encerrando, temos “Choice”, canção variada, com boas melodias e um ótimo trabalho de bateria guitarra.

Se você é um desses que só aprecia o Uriah Heep com Byron nos vocais, definitivamente esse não é um álbum para você. Innocent Victim é um trabalho muito bem-feito, e se não passa perto dos trabalhos mais clássicos da banda, também passa longe de fazer feio. Se você aprecia um Hard Rock de qualidade, com bom groove e certo apelo pop, esse é um álbum que pode ir sem erro.

Formação:
– John Lawton (vocal);
– Mick Box (guitarra);
– Ken Hensley (teclado);
– Trevor Bolder (baixo);
– Lee Kerslake (bateria).

Faixas:
01. Keep On Ridin’
02. Flyin’ High
03. Roller
04. Free ‘N’ Easy
05. Illusion
06. Free Me
07. Cheat ‘N’ Lie
08. The Dance
09. Choices