O álbum “Fallen Angel” foi lançado em setembro de 1978 e é o terceiro e último de estúdio a contar com o vocalista John Lawton. Muitos não o consideram um dos grandes álbuns por ter características de “transição”, mas o trabalho tem grandes momentos.

A faixa de abertura, “Woman of the Night”, começa com um timbre leve, bateria limpa e harmônicos de guitarra. Mas não tarda para se transformar num grande rock and roll com a bateria bem mais forte, vocais poderosos e guitarras expressivas. Destaque para a parte em que o andamento cai e vocais maravilhosos surgem como uma surpresa.

O início da faixa dois, “Falling in Love”, começa com uma pegada no estilo do Deep Purple em “Highway Star”, mas logo mostra que se alguém achou por alguns momentos que rolaria uma espécie de plágio, não era isso que a faixa vinha a mostrar. Os vocais já começam com o refrão e talvez possam ser ouvidos como um “adiantamento” da década de 80, pelo estilo de refrões AOR que ainda estavam por vir.

Em “One More Night” a banda manda ver em um rock and roll básico, sem frescuras e bem direto, com bastante energia, mas sem esquecer os backing vocals tão característicos pelo álbum todo. O solo de guitarra, apesar de manter a linguagem rock básico, é especialmente expressivo.

Logo em seguida, o dedilhado de “Put Your Lovin’ On Me” anuncia um clima intimista que dialoga com momentos mais fortes e um astral de muito feeling e soul. O vocal de John Lawton está fantástico nessa música.

Na faixa seguinte, “Come Back to Me”, o clima balada AOR entra de vez e apesar de ser extremamente bem executada e arranjada, termina caindo no comum e conhecido – talvez menos para a época do que para os dias de hoje –, mas mesmo assim parece seguir uma fórmula pré-concebida.

No que seria o Lado B do LP original, “Whad’Ya Say” é quase toda formada por sintetizadores, uma levada de baixo e bateria no estilo Disco, e a banda só permanece no campo do Rock por causa do vocal principal, forte e bem roqueiro, enquanto os backings são também típicos de uma época mais dançante. A faixa destoa do que vinha sendo apresentado até então.

Na sequência, “Save It” começa com muito peso e acentuações pesadas que logo dão lugar a um rock and roll clássico com direito a walking bass e levada “boogie”, apenas com umas poucas interrupções no pique com caída de andamento e um ótimo solo em slide. Os duelos de vocais no final são dignas de um show ao vivo.

Em “Love or Nothing”, o timbre metálico dos violões toma conta da música ao lado da bateria de Lee Kerslake, e a música, apesar de ter pique, permanece leve na maior parte do tempo. A exceção é o break no meio da música, com um riff de guitarra bem marcante e vocais agressivos (para um rock clássico).

“I’m Alive”, composta por Lawton, já começa mostrando a que veio, com bastante pegada e batidas marcantes. A energia da música é maximizada pelos bumbos firmes de Kerslake e a música cantada em duas vozes quase o tempo todo. Os breaks onde volta a introdução são agora sobrepostos com a voz de Lawton, que hoje, muitos anos depois, lembra um Coverdale no início do Whitesnake.

A faixa que fecha o álbum de mesmo nome, “Fallen Angel”, tem um clima bem setentista tanto nos timbres dos backing vocals e violões como na escolha dos sintetizadores. Confesso que apesar da faixa ser boa, não soa como um fechamento de álbum, e após o fim da música fica faltando algo para que o disco realmente dê a sensação de trabalho cumprido.

No geral, “Fallen Angel” é muito bom, muito bem executado, exemplo claro de uma banda supercompetente. No entanto, o que parece faltar é originalidade nas músicas. Neste álbum, pelo menos, o Uriah Heep soa dono de si, porém um tanto genérico se comparado a tantas outras bandas que faziam esse som nessa época. Um dos pontos altos (e que mantém a unidade do álbum) é o vocal de John Lawton, mantendo a banda na sonoridade rock n roll mesmo quando os instrumentais variam tanto em proposta sonora

Uriah Heep (1978)
John Lawton – Voz
Mick Box – Guitarra e violão
Ken Hensley – Teclados, sintetizadores, slides, violão, backing vocal, produção
Trevor Bolder – Baixo
Lee Kerslake – Bateria, synth drums, backing vocal

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