Nunca julgue um livro pela capa!

Nem um disco…

Se você segue essa máxima, ótimo! Já ultrapassou essa etapa de avaliação do trabalho, que pode ter maior ou menor relevância para cada fã. No presente caso, convenhamos que a arte é uma desgraça mesmo. Parece que alguém disse “coloca qualquer coisa aí” e a ordem foi seguida à risca. Uma mescla de cores tão improvável que chega a incomodar.

Mas, enfim, o que importa é a música. E o disco. Sim, o nome UFO tem peso histórico e um catálogo que contém clássicos irrepreensíveis do Hard Rock dos anos 70, porém devemos nos ater ao presente. De nada valerá fazer comparações com o passado, pois é, na maioria da vezes, um exercício inútil. O tempo é outro, o contexto é outro, a banda é outra. “Seven Deadly” merecer ser avaliado apenas pelo que está contido entre seus segundos iniciais e finais, desconsiderando qualquer coisa que seja alheia aos seus 48 minutos de duração.

De antemão, a banda já convivia com o privilégio de uma formação relativamente estável. Ok, o antológico baixista Pete Way fez sua última aparição de estúdio com o grupo em 2006, mas por outro lado a presença de Vinnie Moore já não era mais novidade, e este álbum marca a sua quarta colaboração dentro de uma prolífica parceria com o líder Phil Mogg nas composições.

Essa parceria, entretanto, não é uma exclusividade. Tanto que a primeira faixa, “Fight Night”, provém da união de ideias de Mogg com o tecladista (e eventual guitarrista base) Paul Raymond e os dois veteranos não falham em entregar uma canção tão “UFO” quanto você possa imaginar. “Year of the Gun” e “The Fear” são as outras duas canções da dupla. “Wonderland” tem aquele tipo de pegada que você aprendeu a chamar de Movimento Retilíneo Uniforme lá nas saudosas aulas de Física. O baterista Andy Parker mostra que os seus problemas de saúde foram superados e conduz o ritmo com o apoio do baixista convidado Lars Lehmann. “Angel Station” irá certamente lhe emocionar e o gosto de whiskey na boca não surgirá do acaso. A passagem dos anos não prejudicou a performance de Mogg. Ele ainda é, aqui, um grande intérprete.

“The Last Stone Rider” possui alguns traquejos da fase recente do Deep Purple. Moore é, certamente, um diferencial e o UFO é a vitrine perfeita para o seu talento e bom gosto. Ouvir seus solos, como o presente na suave “Waving Good Bye”, é um prazer intenso. É correto afirmar que o UFO, embora não tenha estabelecido um novo marco em sua carreira, deleita-se na entrega de canções repletas de feeling. Não é impossível imaginar que muitos tenham adquirido este trabalho para completar suas coleções e colocado-o na estante. Mas caso se deem a oportunidade de busca-lo, vez por outra, irão constatar o quanto ele é bom.

Não há nenhuma faixa sequer cuja presença possa ser considerada como mera preenchedora de espaço. Não se trata de técnica, mas de magia, aquela arte que jovens aprendizes tentam reproduzir, mas que os mestres sempre guardarão para si alguns truques não revelados, guardados em suas mangas.

 

Formação

Phil Mogg – vocal

Vinnie Moore – guitarra

Paul Raymond – teclado

Andy Parker – bateria

Lars Lehmann – baixo

Músicas

01 Fight Night

02 Wonderland

03 Mojo Town

04 Angel Station

05 Year of the Gun

06 The Last Stone Rider

07 Steal Yourself

08 Burn Your House Down

09 The Fear

10 Waving Good Bye

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