Confesso que os “Stones” nunca foram influência direta pra mim, mas é indiscutível a relevância deles para a música do século XX e a importância deles para o Rock n Roll.
Em 1997 eu me lembro de ainda encontrar pelas ruas do interior de São Paulo o carros Gol Voodoo Lounge, que saíram como marketing na tour de 1995 no Brasil. Dois anos depois os veteranos (da ilha da coroa britânica) lançaram mais um trabalho e se colocaram como ativos e atuantes no cenário do rock naquele momento.
A belíssima capa de Bridges To Babylon feita por Stefan Sagmeister, deste que é o meu álbum preferido na extensa discografia da banda, trouxe um Rolling Stones atualizado e repaginado. Com um trabalho digamos “mais moderno” dentro do rock n roll. Alguma influência de Drum & Bass e R&B é percebida logo na primeira audição, aquela veia “Bluesy” de sempre, deu espaço a algo novo e que na época mostrava ser uma tendência. Mas isso de modo algum descaracterizou o som da banda. Tanto é, que esse álbum vendeu muito bem e impulsionou ainda mais as turnês com produção gigantesca, o que se tornaria padrão até os dias de hoje.
Aliás, á partir dos anos 90 os Stones assumiram sua posição (de direito) e de destaque na cenário e na história do rock. Seus shows geraram muita grana e os colocaram definitivamente como um dos maiores nomes do show business mundial.
A tour entre 1997/1998 gerou seu sétimo álbum ao vivo, No Security. Em 2019 saiu o DVD com o show dessa Tour na Argentina, que inclusive tem participação de Bob Dylan na música Papa Was a Rolling Stone.
Na parte interna da banda, eles não conseguiram efetivar o baixista Darryl Jones que havia substituído Bill Wyman, desse modo, na gravação de Bridges To Babylon eles tiveram que recorrer a um número de 8 baixistas, com destaque para Doug Wimbish do Living Colour (inclusive, Living Colour que teve seu primeiro álbum Vivid de 1988 produzido por Mick Jagger).
Bridges To Babylon abre com a animada Flip The Switch que foi executada ao vivo nessa Tour e mostra que o rock n roll não foi abandonado apesar das inserções de outros estilos no álbum como um todo. Para mim Flip The Switch é uma das melhores músicas da banda e com certeza a melhor de 1990 até hoje.
Anybody Seen My Baby? que surgiu após a filha de Keith mostrar a melodia de Constant Craving da cantora k.d. Lang, melodia essa que inspirou a música dos Stones. Para evitar futuros problemas de direitos autorais eles de antemão procuraram a cantora e negociaram uma parceria nesta faixa, que inclusive, acabou sendo creditada no álbum para Mick Jagger, Keith Richards, k.d. Lang e Ben Mink. Outra curiosidade dessa faixa que foi o hit absoluto de Bridges to Babylon é que no vídeo para a mesma, a protagonista do clip é ninguém menos que a atriz em então acensão Angelina Jolie (que faz uma dançarina andando meio perdida pela cidade de Nova York). Nesta música eles acertaram em cheio! Com um Rock bem pop, comercial, porém, bem feito e que possui todos os elementos clássicos dos Stones. Como já citei, com uma dose de “modernidade”, tendo até a introdução de um sample de Hip Hop do artista Biz Markie. Pra finalizar as informações sobre essa música, o contra baixo marcante do inicio foi gravado por Jamie Muhoberac.
Saint Of Me é outro hit desse álbum, que abusou da letra simples e refrão marcante para grudar na cabeça do ouvinte. E isso funcionou muito bem, pois Saint Of Me ajudou os números de sucesso de Bridges To Babylon a crescerem ainda mais.
Em Bridges To Babylon, Keith Richards fez a voz principal em três faixas, são elas: You Don’t Have to Mean It , Thief in the Night e How Can I Stop?.
Bridges To Babylon é um belíssimo registro, que contribuiu para a perpetuação da banda numa década como a de 90, onde a competição por estilos estava acirrada. A banda (de maneira inteligente) fez uma obra mista e eclética, sem perder o contexto de sua discografia.
O interessante de fazer uma audição na íntegra de Bridges To Babylon é poder perceber todas essas influências inseridas no som da banda aparecem nitidamente e isso torna a experiência ainda mais interessante.
A produção de Don Was e The Glimmer Twins ajudou a mostrar uma banda motivada e antenada com o mercado da música do final da década de 90, e isso foi sensacional.
Nesse penúltimo registro de estúdio, eu destaco a execução de Charlie Watts que com seu kit simples de bateria demonstra novamente tamanha maestria, sofisticação e categoria em seu instrumento.
Bridges To Babylon é para mim tão importante na discografia da banda quantos os clássicos absolutos das décadas anteriores, pois em 1997 o mundo havia mudado musicalmente também, e na minha percepção, ter feito esse álbum contribuiu para a sobrevida artística que a banda conquistou até hoje, quase 23 anos após seu lançamento.
Tracklist:
01 – Flip The Switch
02 – Anybody Seen My Baby?
03 – Low Down
04 – Already Over Me
05 – Gunface
06 – You Don’t Have to Mean It
07 – Out Of Control
08 – Saint Of Me
09 – Might as Well Get Juiced
10 – Always Suffering
11 – Too Tight
12 – Thief in the Night
13 – How Can I Stop?
Line Up:
Mick Jagger – Vocal, vocal de apoio, guitarra elétrica e acústica, teclados, harmónica
Keith Richards – Guitarra elétrica e acústica, vocal, vocal de apoio, piano
Charlie Watts – Bateria, vocal de apoio
Ronnie Wood – Guitarras
Músicos convidados para o contra baixo:
Jeff Sarli
Jamie Muhoberac
Blondie Chaplin
Don Was
Danny Saber
Darryl Jones
Me’shell Ndegeocello
Doug Wimbish