Roadie Metal Cronologia: The Cult – The Cult (1994)

O The Cult chegava à metade da década de 90 com enorme respeitabilidade e credenciado a figurar entre as grandes do rock. Mesclando diversas vertentes e, talvez por isso, recebendo admiração por diversos tipos de fãs, o grupo de Yorkshire decidiu por ousar novamente em seu sexto e autointilulado trabalho de estúdio, revelado no final de 1994. O registro marcou o retorno do conceituado Bob Rock (que já havia laborado com a banda em “Sonic Temple” (1989), dispensando comentários) à produção, além de marcar as estreias do baixista Craig Adams (ex-The Sisters of Mercy) e do baterista Scott Garrett, somando forças a Ian Astbury e Billy Duffy.

Trata-se de um álbum em que o hard rock presente nos álbuns anteriores parece ter sido deixado levemente de lado, vindo o grunge, subgênero que se destacava naquele momento em escala mundial, a ser uma grande influência, junto ao rock alternativo e ao noise rock, que é conhecido pelas distorções. E este último já é notório na primeira música, “Gone”, que apresenta inicialmente uma calmaria regada à mescla de baixo e teclado e em seguida explode com os intensos vocais de Astbury e solos insanos de Duffy. “Coming Down (Drug Tongue)” dá sequência mostrando tudo que um bom groove pode causar.


“Real Grrrl” mostra, sobretudo nos riffs e solos, um pouco da sonoridade antiga do The Cult, somada a uma grande performance de Astbury, levando considerável carga emocional. O teor melancólico se faz muito presente em “Black Sun”, sendo esta sucedida por “Naturally High”, onde a discrição instrumental vem à tona e o groove torna a se repetir. “Joy” chama positivamente a atenção por revelar a participação do órgão, desempenhando um interessante riff nesta música marcada pela intensidade, e “Star”, faixa que seria utilizada originalmente em “Sonic Temple”, mas que não foi finalizada a contento, traz asperidade na voz.

Pode-se dizer que a segunda metade do álbum destoa um pouco da primeira no sentido de que algumas das músicas parecem não ter sido exploradas com mais profundidade ou não tenham as mesmas inovações das anteriores, contudo isso não as prejudica e tampouco pormenoriza o trabalho do The Cult. “Sacred Life” é uma homenagem prestada àqueles que já se foram e sua melodia é bem apreciativa. “Be Free” vai direto ao ponto com seu rock clássico e “Universal You” e “Emperor’s New Horse” podem ser incompreensíveis no início, mas se desenvolvem com brilhantismo no decorrer. Encerrando o álbum com um toque atmosférico, tem-se “The Saints Are Down” que possui conteúdo baladeiro e o bom hard rock “cultiano” de lei.

Por alguns subestimado, fato é que o álbum autointitulado do The Cult mostrou um quarteto em plena sintonia. Os dois novos membros mostraram-se bem atrelados às performances de Astbury, com sua voz mais impactante do que o convencional e à alta técnica e versatilidade de Duffy. Em nada reflete a sua capa, que traz uma ovelha negra, sinônimo de má-sorte ou coisa-problema. Com certeza deve ser ouvido por mais vezes e, consequentemente, obter maior reconhecimento. Após a turnê do álbum, que se encerrou justamente no Brasil, os integrantes resolveram desenvolver outros projetos, fazendo com que a banda entrasse num período de hiato. Mas muito mais coisas bacanas viriam para dar seguimento a sua história que, com certeza, não deveria acabar ali.

The Cult - The Cult (1994, CD) | Discogs

The Cult – The Cult
Data de lançamento: 12 de outubro de 1994
Gravadoras: Beggars Banquet Records (GB) e Sire Records (EUA)


Tracklist:
1 – Gone
2 – Coming Down (Drug Tongue)
3 – Real Grrrl
4 – Black Sun
5 – Naturally High
6 – Joy
7 – Star
8 – Sacred Life
9 – Be Free
10 – Universal You
11 – Emperor’s New Horse
12 – Saints Are Down

Formação:
Ian Astbury – vocais
Billy Duffy – guitarra
Craig Adams – baixo
Scott Garrett – bateria

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