Choice of Weapon chegou perto de não existir.
Após serem demitidos da Roadrunner Records, em julho de 2009 o vocalista Ian Astbury chegou a dizer que o The Cult nunca mais gravaria um disco, pois era um formato morto e que anos de trabalho em um álbum iriam pelo ralo com vazamentos antes da hora.
A banda ficou longe dos álbuns completos e focou seu trabalho em EP’s e, claro, turnês.
Então veio 2011 e em um show no lendário Hammersmith Apollo, em Londres, o mesmo Ian Astbury anunciou que a banda entraria em estúdio logo após aquela turnê.
Como resultado, no dia 22 de maio de 2012, Choice of Weapon foi lançado através da Cooking Vinyl, e com produção de Bob Rock e Chris Goss.
Choice of Weapon contou com 4 singles ao todo: “For the Animals”, que inicia com um riff de baixo de Chris Wyse e logo após entra um daqueles típicos riffs do guitarrista Billy Duff, faiscantes e festeiros; uma canção completamente rock and roll, com direito até às linhas de teclados que remetem aos primórdios do gênero. A canção segue com diversas camadas e nuances, que fazem com que tenha sido uma escolha acertada para ser o primeiro demonstrativo do disco; o segundo single foi “Honey From a Knife”, que começa desacelerada, segurada pelo groove do baterista John Tempesta, e depois descamba em um dos refrãos mais legais e agitados. A faixa “Lucifer”, mais cadenciada e carregada, com riffs sujos, pesados e uma ótima linha vocal além de vocais de apoio certeiros, também ajudou a divulgar o disco, assim como “The Wolf”, que poderia fazer parte de qualquer clássico do The Cult nos anos 80.
Há álbuns em que somente os singles se destacam e que fazem com que a audição do restante dele seja sonolenta; definitivamente não é o caso em Choice of Weapon. O The Cult estava afiado quando compôs essas canções. “Elemental Light” é uma semi-balada, mórbida, lentamente contagiante; e por falar em balada, “Life>Death” é espetacular. A banda toda se destaca nessa faixa, mas a interpretação de Ian com os fraseados de Duffy são marcantes.
Quer mais rocks certeiros e riffs empolgantes? Aumenta o som em “Amnesia”, “Pale Horse” e “Until the Light Takes Us”, todas com potencial de ser sua favorita e também de resgatar aquela boa nostalgia dos velhos tempos.
“Siberia” é mais um destaque; encerra a versão deluxe do álbum com um clima post-punk, especialmente em sua linha de baixo, e acaba se encaminhando para um final emocionante e carregado.
Choice of Weapon é intenso, direto, emocional e, principalmente, roqueiro do início ao fim. Nada mal para um disco que, pelo menos por um momento na vida da banda, supostamente não deveria existir.
O título, segundo o próprio vocalista em entrevista à Rolling Stone, reflete o fato de todos nós termos um arsenal de armas para usarmos: desde as armas “literais”, como as usadas em guerra ou a força física, até às armas “intelectuais” como uma caneta, uma câmera, um artigo ou até mesmo a nossa fala. Sobre a imagem da capa, Ian guardava consigo a figura desde os 11 anos. Ainda garoto, ele sempre foi fascinado pela cultura indígena e decidiu usar a imagem de uma espécie de shaman na capa do álbum, uma das mais legais da discografia do The Cult.
Este trabalho também tem a curiosidade de ter sido o primeiro a não ter uma mudança de integrantes por dois álbuns consecutivos, tendo a formação deste álbum gravado também o disco anterior, Born Into This (2007).
The Cult – Choice of Weapon
Data de lançamento: 22 de maio de 2012
Gravadora: Cooking Vinyl
Tracklist:
Honey From a Knife
Elemental Light
The Wolf
Life>Death
For The Animals
Amnesia
Wilderness Now
Lucifer
A Pale Horse
This Night In The City Forever
Every Man and Woman Is a Star (versão deluxe)
Embers (versão deluxe)
Until The Light Takes Us (versão deluxe)
Siberia (versão deluxe)
Formação:
Ian Astbury – Vocal
Billy Duffy – Guitarras e vocais de apoio
Chris Wyse – Baixo
John Tempesta – Bateria
Músicos adicionais:
Jamie Edwards – Teclados e cordas
Chris Goss – Guitarras e vocais de apoio
A. J. Celi – Vocais de apoio em “Honey From a Knife”