Quando “Souls of Black” foi lançado, o Testament já era uma banda ovacionada pelos headbangers mundo afora devido ao sucesso de seus três primeiros álbuns: “The Legacy” (1987), “The New Order” (1988) e “Practice What You Preach” (1989) – e também pelas grandes turnês, inclusive uma pelos EUA e Europa ao lado do Anthrax, onde no “Dynamo Open Air”, na Holanda, em 8 de junho de 1987, gravaram o EP “Live at Eindhoven”. Já em 27 de agosto de 1988, a banda subia pela primeira vez ao palco do “Monster of Rock”, em Mainwiesen, Schweinfurt (ALE).
No dia 9 de outubro de 1990, a primeira sequência anual de lançamentos do Testament se fechava com este quarto álbum. Produzido pela própria banda e por Michael Rosen (D.R.I., Death Angel, Flotsam And Jetsam e outros), “Souls of Black”, que foi lançado exatamente no mesmo dia que saiu o álbum “Seasons in the Abyss” do Slayer, foi gravado e mixado no Fantasy Studios, em Berkeley, California (EUA) e masterizado no The Hit Factory Studios, em Nova York.
Seguindo a mesma expressão de destaque que teve os dois discos anteriores, este “Souls of Black” também conseguiu cravar o seu nome na lista Hot 200 da Billboard, figurando na 73ª posição.
Chuck Billy, certa vez, disse que estava contente com a aceitação do álbum, pois “ele foi escrito e gravado às pressas para que a banda pudesse fazer parte da turnê europeia ‘Clash of the Titans’ com Megadeth, Slayer e Suicidal Tendencies”. A turnê de promoção de “Souls of Black” ainda ocasionou o lançamento do primeiro vídeo da banda: “Seen Between the Lines”, lançado originalmente em VHS em 25 de junho de 1991, e que contava com performances ao vivo, entre elas, o cover do Aerosmith: “Nobody’s Fault”, entrevistas e imagens de “backstage”.
Na época, também foram produzidos videoclipes para as músicas “Souls of Black” e “The Legacy”, que passavam a exaustão no programa Headbangers Ball da MTV.
Este foi o primeiro álbum expressivo do Testament que não contou com os serviços de Alex Perialas (Metallica, Exciter, Anthrax e outros), produtor que trabalhou durante a ascensão mundial da banda. Isso causou certo receio nos fãs que não apostavam em mais um álbum de sucesso, como foram seus antecessores, mas Michael Rosen, que era seu engenheiro de som e já conhecia bem o quinteto da Bay Area, não decepcionou.
Fãs e crítica aprovaram o disco, como no texto de Alex Henderson da AllMusic: “Embora se tenha afastado dos temas góticos e ocultistas, o Testament ainda vê o mundo como um lugar infernal, insuportável, atormentado por governos maus e a ameaça de outra guerra mundial”. Dadas as circunstâncias vigentes na política das nações, até que “Souls of Black”, com seus quase trinta anos de lançamento, ainda soa bem atual em suas letras.
O thrash metal foi mais uma vez revigorado com músicas como “Face in the Sky” e “Falling Fast”, trazendo consigo um combo de mais sete faixas arquitetadas com perícia, peso e qualidade sonora. Essa dobradinha que sucede à introdução “Beginning of the End” aliviou profundamente o pessimismo dos fãs, que anos depois viu todo um cenário underground vítima do movimento grunge.
“Souls of Black” contém riffs poderosos e solos ácidos por toda sua duração, e a faixa título em particular, revela trabalhos belíssimos da seção rítmica, como na entrada do baixo de Greg Christian, que gravou a maioria dos clássicos da banda até sair em 2014.
A agressão de execuções como “Love to Hate”, exibia a boa forma vocal de Chuck e reafirmava a intimidade de Alex Skolnick e Eric Peterson, com suas leituras de guitarras inspiradíssimas.
Louie Clemente, baterista original que acompanhou a banda até “The Ritual” (1992) também deixou sua marca em canções como “One Man’s Fate”, onde executa suas técnicas baseadas no groove e em compassos rápidos.
Se Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax se auto-rotulam “The Big 4”, pela turnê que fizeram juntos e que resultou em um ótimo retorno comercial, ao ouvir outras bandas como o Testament, você logo percebe que algo está errado na lista “G4” dos grandes nomes do thrash metal. O choro é livre, claro, mas quem precisa chorar?
Formação:
Chuck Billy: Vocais
Alex Skolnick: Guitarra
Eric Peterson: Guitarra
Greg Christian: Baixo
Louie Clemente: Bateria
Faixas:
01.Beginning of the End (instrumental)
02.Face in the Sky
03.Falling Fast
04.Souls of Black
05.Absence of Light
06.Love to Hate
07.Malpractice
08.One Man’s Fate
09.The Legacy
10.Seven Days of May
-
8/10