Dogmas, dogmas, dogmas… Parece que não dá para fugir deles! Mesmo – ou melhor dizendo, principalmente – no Thrash Metal!
O Tankard é uma das mais efetivas e perenes bandas alemãs do estilo, detentora de uma discografia com baixos índices de oscilação, mas mesmo assim ainda existe uma parcela de fãs que torce o nariz para o conjunto. E essa atitude – pasmem – não ocorre em consequência da qualidade das músicas, mas precipuamente pela postura mais, digamos, relaxada, dos integrantes.
Ter bom humor, afinal, seria incompatível com a postura Thrash? É claro que não, mas cada um segue de acordo com seus próprios conceitos. Lamenta-se apenas a perda de oportunidade de desfrutar de uma banda absolutamente avassaladora em sua proposta. “Stone Cold Sober” é o sucessor de quatro álbuns anteriores e um EP, todos gerados através do relacionamento da banda com a gravadora Noise. É também o primeiro disco a apresentar uma mudança na formação, representada na substituição do baterista Oliver Werner por Arnulf Tunn, que permaneceu apenas por este registro, e seria o início de uma série de troca de músicos que prolongar-se-ia até a estabilização, em 2000.
Considerados esses detalhes, o restante da mitologia ao redor da banda permanecia o mesmo: capas divertidas e letras que oscilam entre a crítica e a gozação – ou que faziam as duas coisas ao mesmo tempo. Não é o caso de “Jurisdiction”, faixa que abre o álbum. Essa é puramente crítica em seu discurso e não se apóia em meio termos para gritar “Fuck the law”, na mais completa utilização da influência Punk que o grupo de Frankfurt possui.
“Broken Image” é menos cortante, mas possui mais variações, sendo um dos destaques indiscutíveis do tracklist. Por outro lado, a faixa seguinte, “Mindwild”, é a composição mais desnecessária do disco. O excesso de riffs quebrados deixou-a muito truncada, tornando difícil gerar alguma empolgação por conta de seu andamento confuso. “Ugly Beauty” coloca o Tankard que conhecemos de volta aos trilhos e a cover de “Centerfold”, canção da J. Geils Band, cai como uma luva dentro do repertório dos alemães, por conta de seu clima de cantoria em taverna.
“Behind The Back” não chega a ser má, mas está longe de ser memorável. A faixa título, “Stone Cold Sober”, utiliza-se de seu refrão para obter um melhor resultado e é seguida pelo exagero gore de “Blood, Guts and Rock´n´Roll”, tão incisiva quanto a faixa de abertura. “Lost and Found (Tantrum Part 2)” junta-se às faixas menos cativantes, colaborando para que o álbum soe irregular quando apreciado em totalidade.
“Sleeping With The Fast” capricha no Crossover e, ao antecipar a melhor música do disco, a excelente “Freibier”, faz com que o disco conclua com a impressão tendendo mais para o lado positivo do que pro negativo. Ainda resta uma composição, a instrumental “Of Strange People Talking Under Arabian Skies”, que entrega toda a estranheza que seu título sugere, com influências árabes espalhadas em passagens diversas, soando bastante interessante, apesar de não ser necessariamente o que se espera do Tankard.
“Stone Cold Sober” ocupa um espaço intermediário na discografia da banda, não apenas cronologicamente, mas também qualitativamente. É tão digno e eficaz quanto os demais, mas, por conta de algumas poucas faixas, perde os pontos que poderiam impulsioná-los para estar entre os principais discos dos bebedores de cerveja.
Formação
Andreas “Gerre” Geremia – vocal
Frank Thorwarth – baixo
Andy Boulgaropoulos – guitarra
Axel Katzmann – guitarra
Arnulf Tunn – bateria
Músicas
01 Jurisdiction
02 Broken Image
03 Mindwild
04 Ugly Beauty
05 Centerfold
06 Behind the Back
07 Stone Cold Sober
08 Blood, Guts & Rock’n’Roll
09 Lost and Found (Tantrum Part 2)
10 Sleeping with the Past
11 Freibier
12 Of Strange Talking People Under Arabian Skies
13 Outro