Embora alguns classifiquem o Tank como sendo uma banda da NWOBHM, o grupo fez sua estreia um pouco tardiamente dentro desse movimento, lançando o seu primeiro álbum no intervalo de tempo que marcava a passagem de bastão entre o levante bretão e os primeiros raios de surgimento do Thrash Metal.
Musicalmente falando, seu som encontrou guarida perfeita dentro do cenário de música pesada da época e não é raro identificarmos sua influência entre diversos artistas, como Sodom ou Running Wild. Dentro da catarse criativa que marcou o princípio dos anos 80, o Tank estabeleceu sua autodefinição, soando claramente individualizado no meio de tantas outras bandas.
Mas o mercado da música é cruel e conseguir um lugar ao sol nem sempre tem a ver com talento. Desanimados com a baixa receptividade que obtiveram após o seu autointitulado disco de 1987, a banda se desfez por algum tempo, retornando à ativa apenas com o presente trabalho. Na formação, permanecia o trio que já vinha atuando desde 1985, quando do lançamento do clássico “Honour and Blood”: Algy Ward, Mick Tucker e Cliff Evans, acrescidos do baterista Bruce Bisland, ex-Praying Mantis.
O resultado foi um disco forte, digno da potência esmagadora de um tanque, intercalando canções rápidas com outras onde o peso é a ênfase. A primeira faixa, que intitula o trabalho, tem a cadência, o clima e a vibração de um hino, daqueles que emocionam e arrancam o ar de nossos pulmões durante o refrão, mas que tem a sagacidade de não descambar para inflexões bombásticas desnecessárias. “T.G.N.I.D.” pressiona um pouco mais os freios, antes da primeira disparada que “Light the Fire (Watch’Em Burn)” simboliza, com Ward criando pressão no contrabaixo, enquanto Tucker e Evans mantém as guitarras fumaçando. A dupla é responsável pela inserção de solos que são simples, mas que produzem um efeito certeiro dentro das composições, como “The World Awaits” exemplifica.
“And Then We Heard The Thunder” tem um pouco de Motorhead em seu riff inicial e, mantendo as tradições inglesas em evidência, “In The Last Hours Before Dawn” lembra algumas características do Saxon em trechos pontuais, com seu andamento climático. “Conspiracy of Hate” não trai a expectativa que seu título gera e surge bastante agressiva, antecipando a reviravolta de andamento da faixa seguinte, “When The Hunter Becomes The Hunted”. Alguma premonição deve ter passado pela mente de Ward, preparando-o para o fato de que aquele seria o fim do Tank clássico, e fazendo-o criar a música “Return of the Filth Hounds” referenciando o primeiro disco, que completava vinte anos naquele período.
“The Blood´s Still On Their Hands” e “The Fear Inside” concluem a audição repassando pelas características presentes nas faixas até então percorridas, mas não poderia ser de outra forma, pois essa é a faceta da banda e são seus os méritos de criarem variações em cima de fundamentos tão fortes de personalidade. Esses fundamentos foram estremecidos após este disco e gerou dois “tanks”, em uma disputa pelo uso do nome que parece ter se tornado moda em tempos recentes. Ambos os lados estão produzindo trabalhos, mas permanece no coração dos fãs a torcida para que possam se entender e voltar a ser, algum dia, uma única e devastadora máquina de combate e destruição, mostrando que as esteiras sobre as quais o metal pesado se desloca são capazes de transpor qualquer obstáculo.
Formação
Algy Ward – baixo, vocal
Cliff Evans – guitarra
Mick Tucker – guitarra
Bruce Bisland – bateria
Músicas
01 Still at War
02 That Girl’s Name Is Death (T.G.N.I.D.)
03 Light the Fire (Watch ‘Em Burn)
04 The World Awaits
05 And Then We Heard the Thunder
06 In the Last Hours Before Dawn
07 Conspiracy of Hate
08 When the Hunter Becomes the Hunted
09 Return of the Filth Hounds
10 The Blood’s Still on Their Hands
11 The Fear Inside