Dentro dos vinte e cinco anos de discografia dessa magnífica banda de Prog Metal, “Twilight in Olympus” ocupa uma posição intermediária, apesar de ter sido disponibilizado dentro dos quatro anos iniciais de atividade. Se tirarmos o primeiro álbum da equação, quando ainda não havia o fator “Russel Allen”, este trabalho é o menos festejado da fase inicial.

Não por ausência de qualidades, claro, apesar de não ser tão bom quanto o aclamado “The Divine Wings of Tragedy”, mas pelo que envolve as mudanças de formação que caracterizaram o seu período cronológico. Primeiro, por ser o ultimo disco a contar com o baixista Thomas Miller, que cederia sua vaga em “V” para Mike LePond; Segundo, por ser o único álbum sem a presença de Jason Rullo na bateria, substituído aqui por Thomas Walling. Rullo, voltaria em “V” e a formação do Symphony X não sofreria mais nenhuma mudança no futuro. Quanto a Walling, não há maiores informações sobre suas atividades musicais posteriores.

Decerto que, dentro da opinião dos fãs e da crítica, “Twilight in Olympus” está situado nos mais altos degraus de preferência, o que significa muito, pois o Symphony X não possui em seu catálogo nenhum disco que seja digno de críticas mais ácidas. A capa, por outro lado, é a pior da banda ao meu ver, mas esse é um detalhe que pode ser relevado. O guitarrista Michael Romeo é o líder e principal compositor. O tecladista Michael Pinella sempre surge como apoio nessa área, mas o debandante Thomas Miller também prestava um suporte criativo importantíssimo e isso já é constatado logo na faixa de abertura, “Smoke and Mirrors”, onde o baixista une-se a Romeo para criar uma das faixas mais empolgantes da banda. Os timbres clássicos das primeiras notas são quase que imperceptivelmente substituídos por riffs acelerados de Power Metal, resultando numa canção impecável, que entrega o que há de melhor em Metal Progressivo sem precisar recorrer a excessos que acabam por ser apenas gordura indulgente.

“Church of the Machine” tem um refrão cativante e muitas partes variadas em seu arranjo. É uma música intensa e que – por isso mesmo – surpreende com o corte final abrupto, onde emenda com “Sonata”, adaptação de uma peça de Beethoven. Sua transição para “In The Dragon´s Den” é mais natural. Pare de balançar a cabeça por alguns instantes, fique quieto, feche os olhos e preste bastante atenção nas interações instrumentais. Veja como o baixo está se relacionando com a bateria. Veja como guitarra e teclado dialogam. Perceba como tudo se soma dentro de minúncias.

Caso queira – e eu recomendo que o faça – mantenha esse comportamento para o épico em três partes “Through The Looking Glass”, inspirada nos romances de Lewis Carrol sobre a personagem Alice. A transição entre as partes decorrerá de maneira muito bem estruturada, podendo até passar despercebida, conforme o seu grau de imersão nas melodias. Romeo é possuidor de bom gosto e sensibilidade ímpares em seus solos. As próximas duas músicas, “The Relic” e “Orion – The Hunter”, estão alguns pontos percentuais abaixo das demais, mas nada que seja adornado pela voz privilegiada e pelo carisma de Allen pode ser considerado comum ou mediano. Indubitavelmente, um dos principais cantores de sua geração, com ampla margem de vantagem.

“Lady Of The Snow” é a última faixa. Suave, climática e, por vezes, teatral. Encerra bem o processo de audição. Se, durante um período de mudanças, o Symphony X efetuou um disco com tantas boas qualificações, a estabilidade que viria a seguir iria garantir que eles – já estando no Olimpo – pudessem avançar para descobrir o que existe além da pousada dos deuses.

Formação

Russell Allen – vocal

Michael Romeo – guitarra

Michael Pinnella – teclado

Thomas Walling – bateria

Thomas Miller – baixo

Músicas

1 Smoke and Mirrors

2 Church of the Machine

3 Sonata

4 In the Dragon’s Den

5 Through the Looking Glass

6 The Relic

7 Orion – The Hunter

8 Lady of the Snow