O lançamento dos álbuns “Episode” e, principalmente, “Visions”, na metade dos anos 90, catapultaram o Stratovarius para o topo das atenções. Claro, não se tornou uma banda gigante, mas – merecidamente – obteve um destaque invejável, com seu Metal Melódico acelerado.

Após os dois trabalhos acima, vieram mais dois discos de grande sucesso, cuja avaliação individual costuma oscilar bastante entre os apreciadores. Alguns podem considerar superiores, medianos ou inferiores na comparação, mas é certo que aqueles aspectos de novidade começavam a definhar… até que chegou o momento do projeto “Elements”, dividido em duas partes e marcando sete anos de uma formação inalterada e aparentemente incansável, que não cessava de alimentar o seu público com mais e mais material.

Observando a ficha técnica, o guitarrista Timo Tolki permanecia na função de produtor e – de acordo com os créditos – limou os parceiros dos trabalhos de composição, dividindo apenas a autoria da primeira faixa com o vocalista Timo Kotipelto. “Eagleheart” tornou-se o único single do disco e é, disparadamente a melhor faixa do álbum, mantendo a tradição de composições antológicas como “The Kiss of Judas” e “Hunting High and Low”.

Depois dela é que os problemas começam. Sinceramente, eu esperava algo mais dinâmico e vibrante de uma música com o nome “Soul of a Vagabond”, mas o que surge é uma canção com tons épicos/solenes e corais espalhados ao longo de sete intermináveis minutos. O comecinho de “Find Your Own Voice” dá um pequeno susto, sugerindo uma continuação na mesma linha anterior, mas felizmente cospe fogo em modo Speed, onde o destaque vai para o magistral tecladista que é Jens Johansson, tanto em seus solos quanto no acompanhamento de base que faz para a voz de Kotipelto na ponte do refrão.

Então “Fantasia” começa, com melodias cativantes em sua parte introdutória, mas que vão por terra quando chega o momento da parte vocal. E, dessa vez, serão nove intermináveis minutos, que não conseguem sequer ser salvos pelas partes mais pesadas da composição. Nesse momento do disco, um padrão começa a surgir. Uma faixa boa e uma inferior, depois repete. Seria isso mesmo? “Learning to Fly” aparece para mostrar que não é implicância, sendo mais condizente com o que esperamos do Stratovarius. Mas, infelizmente, “Papillon” também surge para confirmar o outro lado da moeda, novamente com aquele dispensável tom solene, apesar de, dessa vez, mais adequado ao tom esperado da composição.

“Stratofortress” é uma instrumental bem-vinda, onde novamente brilha a presença de Johansson e, a essa altura, eu já não teria muito como me surpreender a respeito da faixa título. De fato, repetem-se aquelas características já mencionadas, mas, pelo menos dessa vez, há a presença de riffs mais robustos e empolgantes, que fazem desta a melhor entre as composições de andamento mais cadenciado no disco.

Para encerrar, “A Drop In The Ocean”, uma balada que trabalha adequadamente o encontro entre os dedilhados de guitarra e as partes orquestradas, sem desconsiderar o talento interpretativo de Kotipelto. Nota-se que a parte final do disco obteve um equilíbrio ausente no seu decorrer. Se faixas como “Soul Of A Vagabond” ou “Fantasia” tivessem sido reconfiguradas em proveito de ideias mais cativantes, certamente o conceito que teríamos seria outro, mas ele permanece como o arauto de momentos que desviaram a banda do topo para o qual ela se encaminhava, por mais difícil que isso parecesse poder acontecer.

Formação

Timo Kotipelto –  vocal

Timo Tolkki – guitarra

Jens Johansson – teclado

Jörg Michael – bateria

Jari Kainulainen – baixo

Músicas

01 Eagleheart

02 Soul of a Vagabond

03 Find Your Own Voice

04 Fantasia

05 Learning to Fly

06 Papillon

07 Stratofortress

08 Elements

09 A Drop in the Ocean

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