Soulfly é o álbum de estreia da banda Soulfly liderada pelo guitarrista e vocalista Max Cavalera. O trabalho foi lançado em abril de 1998 e gravado no Indigo Ranch Studios, Malibu, California. Este foi o primeiro trabalho lançado por Max Cavalera após a conturbada saída da banda brasileira de Metal já consagrada na época chamada Sepultura.
O álbum recebe alguns convidados, como Dino Cazares e Burton Bell, ambos do Fear Factory; Fred Durst e Dj Lethal, ambos do Limp Bizkit; Chino Moreno do Deftones e Benji Webbe, do Dub War.
Em 2008, em uma entrevista para a Karang!, Max explicou que começar este projeto fora muito mais difícil do que começar o Sepultura, mesmo que aqui ele fosse mais experiente e já tivesse fama por ter feito ótimos trabalhos. Segundo o músico, ter a “sombra” do Sepultura e o peso de toda aquela saída conturbada da banda fez com que ele se esforçasse ao máximo para trazer uma sonoridade que saísse totalmente do que havia junto do Sepultura, principalmente no último álbum que participou, o Roots.
O disco foi certificado como Ouro pela RIAA no dia 16 de novembro de 2005, tal o sucesso do trabalho de Max Cavalera e companhia. O álbum também chegou na 79ª da Billboard nas paradas de sucesso de 1998.
A formação da banda neste álbum contou com: Max Cavalera nos vocais e na guitarra, Roy Mayorga na bateria, Jackson Bandeira na guitarra e Marcelo D. Rapp no baixo.
O álbum contou com 15 faixa e mais três faixas-bônus. Dentre as músicas, o trabalho conta com Umbarauma (cover do músico brasileiro Jorge Ben) e Ain’t No Feeble Bastard e The Possibility, ambas covers da banda de punk chamada Discharge.
Todas das músicas foram criadas por Max Cavalera, exceto as duas covers de Discharge (Ain’t No Feeble Bastard e The Possibility Of Life’s Destruction), a cover de Jorge Ben Jor (Umbabarauma) e The Song Remains the Same, composta por Max Cavalera e parceria com a banda de Hardcore brasileira chamada Ratos de Porão. As letras foram, em sua maioria, escritas por Max Cavalera, porém algumas faixas tiveram a parceria de outros músicos. São elas: Bleed (Fred Durst), The Song Remains the Same (D-Low e João Gordo) e Prejudice (Benji Webbe).
O trabalho do Soulfly começou já com a pressão de ser o primeiro álbum de Max Cavalera após ter saído do Sepultura. Sendo ele o grande compositor, este trabalho seria a prova para ver como o músico se comportaria sem os antigos companheiros de banda. O Sepultura havia lançado o Roots ainda com Max Cavalera, com certeza um dos trabalhos mais marcantes da bana até os dias atuais. Sendo assim, Max queria fazer um trabalho que possuísse as raízes daquilo que ele sempre quis fazer, mas que, ao mesmo tempo, não fosse confundido com o que ele fazia na antiga banda.
O álbum Soulfly possui algumas particularidades. A primeira delas é possuir várias parcerias de peso, que com certeza serviriam como um aval para o músico Max Cavalera continuar sua carreira após a saída conturbada da antiga banda. Outra particularidade do álbum é trazer a sonoridade da percussão de músicas regionais brasileiras ao trabalho. Soma-se isso ao fato de o músico trazer uma cover do músico popular Jorge Ben Jor, o que demonstra a liberdade de Max em arriscar novas sonoridades, experimentar elementos novos em seu trabalho. Tudo isso somado gerou o primeiro álbum da banda, que é considerado um ótimo trabalho e abriu as portas para que a banda pudesse continuar seus trabalhos e ir deixando o passado enterrado.
Mesmo sendo um álbum em inglês, o português aparece bastante no trabalho. Tanto em trechos cantados (como em Tribe), como na cover de Jorge Bem Jor (Umbabarauma), como também na introdução de The Song Remains the Same, quando ele colocou na introdução uma reportagem que o acusava de ter pisado na bandeira nacional brasileira durante um show no festival Hollywood Rock.
Com as parcerias vindo de diversas vertentes do Rock e do Metal, aliado às influências do próprio Max e da música brasileira no geral, temos uma sonoridade única neste álbum. O som experimental se apresenta aqui, tendo em vista uma busca por identidade na mistura de sons bem diferentes, mas que ao seguirem uma única proposta, acabam se transformando em uma sonoridade pesada e bem executada.
Algumas faixas merecem destaque neste trabalho. A primeira delas é a Bleed que traz os músicos do Limp Bizkit tanto n criação quanto na execução. O estilo da banda norte-americana fica bem evidente na faixa. Junto de seu Nu Metal, que alia uma sonoridade pesada do Metal e do Hardcore ao som eletrônico e ao rap, os músicos do Limp Bizkit trouxeram sua vertente ao Metal da banda Soulfly e o resultado foi uma música bem agressiva e cheia de influências eletrônicas.
A música seguinte é a Tribe que tem em seu início uma canção usada na capoeira sendo cantada junto de um berimbau, trazendo mais uma vez a influência da música regional brasileira no álbum. Em seguida, a percussão segura sozinha até todos os instrumentos virem com muito peso e seguirem a batida inicial da música. A percussão se estende ao longo da música, dando um pouco mais de peso a ela.
A faixa Umbabarauma junto de algumas outras do álbum, evidencia o idioma falado no Brasil, o português. Com isso, uma banda de fama internacional como viria a ser o Soulfly, quebra os paradigmas de só cantar no idioma mais conhecido no mundo, o inglês. A faixa é um cover de uma música popular do país, do cantor Jorge Ben Jor. O peso que Max e a banda colocaram traz uma sonoridade que parecia ser impossível de ser atingida, deixando a música muito boa nesta versão.
Em The Song Remains The Same o Hardcore fica bem evidente. Uma vez que a música foi composta junto dos músicos da banda Ratos de Porão, fica mais fácil entender a sonoridade e a influência desta faixa, que é bem agressiva e começa de forma inusitada: com uma reportagem afirmando que Max havia pisado na bandeira do Brasil durante um show. Aliás, o músico explicou no programa The Noite do canal de televisão SBT o que aconteceu neste episódio.
No merece destaque pelo seu peso. Esta é uma música bem agressiva e que apresenta a sonoridade que sempre fez Max ser o músico que é: agressivo e criativo. A música tem uma linha instrumental constante com algumas variações, mas sempre sendo agressiva quando cantada.
A faixa bônus Cangaceiro tem forte influência da música nordestina e, consequentemente, lembra muito algumas músicas da banda Raimundos. Os músicos de Brasília faziam uma mistura de música nordestina como Hardcore (o que fora chamado n época de Forrocore), utilizando principalmente as batidas marcantes da percussão nordestina e aliando-as à sonoridade pesada das guitarras do Hardcore.
Tracklist do álbum Soulfly (1998)
- Eye For An Eye (com Burton C. Bell e Dino Cazares)
- No Hope = No Fear
- Bleed (com Fred Durste DJ Lethal)
- Tribe
- Bumba (com Los Hooligans)
- First Commandment (com Chino Moreno)
- Bumbklaatt
- Soulfly
- Umbabarauma (Cover de Jorge Ben Jor)
- Quilombo” (com Benji Webbe e DJ Lethal)
- Fire
- The Song Remains Insane
- No” (com Christian Olde Wolbers)
- Prejudice” (com Benji Webbe)
- Karmageddon
- Cangaceiro” (Faixa bônus)
- Ain’t No Feeble Bastard (Cover de Discharge) (Faixa bônus)
- The Possibility Of Life’s Destruction (Cover de Discharge) (Faixa bônus)
