“Considero um dos pontos mais baixos da minha carreira. Eu me vi sendo votado em várias eleições de melhor guitarrista, mas acho que não dei atenção suficiente ao meu trabalho como solista nesse disco.”. Essas foram as declarações de Kerry King sobre seu autodesempenho no álbum “South Of Heaven”, em entrevista à Roadie Crew Nº 132.
Depois de uma sucessão de full-lengths e EPs que fizeram o Slayer ser reconhecido como uma das principais bandas de Thrash Metal, se viram dispostos a inovar. Mesmo com a visibilidade do álbum anterior, resolveram utilizar uma fórmula menos veloz e mais melódica. “Sabíamos que não poderíamos superar ‘Reign In Blood’, de modo que tivemos de abrandar. Sabíamos que o que tínhamos feito seria comparado àquele álbum, e a gente discutiu sobre isso. Isso foi estranho — nós nunca tínhamos feito isso em um álbum, antes ou depois”, disse Jeff Hanneman à Decibel Magazine em dezembro de 2006.
“South Of Heaven” teve melhor desempenho dos álbuns do Slayer até então lançados. Nos EUA chegou ao número 57 da Billboard 200 e, no Reino Unido, despontou em 25º. Também conquistou disco de ouro nos EUA e Canadá e prata no Reino Unido. A crítica ficou dividida como nos comentários de Neely Kim da Rolling Stone, que citou o disco como “Uma diretriz satânica e ofensiva.” –, ao contrário dos comentários de Alex Henderson da AllMusic que o classificou como “Inquietante e Poderoso.”.
Os fãs também se dividiram em relação às mudanças, os mais antigos não aprovaram o andamento das músicas, coisa que foi mudando com o passar dos anos. À mesma Decibel Magazine, Tom Araya concordava que o álbum “Teve um estouro tardio, caindo aos poucos nas graças das pessoas.”.
Diferente da infelicidade dos outros integrantes, pode-se dizer que este é o disco de Dave Lombardo. O baterista que tinha abandonado a banda em novembro de 1986 por motivos financeiros, retornou em 1987 e, ao entrar em estúdio, imprimiu sua assinatura em todas as músicas, especialmente em “Ghosts Of War”, “Live Undead” e “Behind The Crooked Cross”. Não bastasse a superperformance do músico, o produtor Rick Rubin ainda deu um “empurrãozinho” no volume da bateria que, em muitas faixas, soa mais alta que as guitarras.
Canções como “Mandatory Suicide” e “South Of Heaven” se imortalizaram nos setlists dos shows e entraram para a lista de maiores clássicos da banda. E como o Slayer, no início de carreira, andou em pequenos lugares tocando covers de bandas clássicas, aproveitaram para fazer aqui homenagem a uma de suas principais influências, Judas Priest, com a releitura do hino “Dissident Aggressor”.
“South Of Heaven” foi um trabalho que quebrou o estereótipo de um movimento. Suas canções mais trabalhadas e guitarras e vocais mais melódicos, acabaram mostrando um lado mais profissional do Slayer. Sem dúvida, para muitos fãs, é um dos preferidos em sua discografia, mesmo com a negativa de seus membros. Encontre o “paraíso”!
Formação:
Tom Araya (vocal/baixo);
Kerry King (guitarra);
Jeff Hanneman (guitarra);
Dave Lombardo (bateria).
Faixas:
01 – South of Heaven
02 – Silent Scream
03 – Live Undead
04 – Behind The Crooked Cross
05 – Mandatory Suicide
06 – Ghosts of War
07 – Read Between The Lies
08 – Cleanse The Soul
09 – Dissident Aggressor (Judas Priest Cover)
10 – Spill The Blood
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10/10