O Slayer foi fundado em 1981 contando com Tom Araya no baixo e voz, Kerry King e Jeff Hanneman nas guitarras e Dave Lombardo na bateria. O grupo começa tocando covers de Iron Maiden e Judas Priest em clubes e festas no sul da Califórnia. Foram convidados para abrir o show da banda Bitch em Los Angeles e, mesmo tocando covers – o setlist continha oito músicas, dentre as quais apenas duas eram autorais -, despertaram a atenção do jornalista Brian Slagel enquanto executavam “Phantom of The Opera”, do Iron Maiden. Slagel pede uma música para sua próxima compilação, “Metal Massacre III” e a banda compõe “Aggressive Perfector”, o que confere um contrato de gravação com a Metal Blade.
Sem patrocínio, eles juntam o dinheiro da poupança de Tom Araya e mais uma ajuda financeira do pai de Kerry King, e em três semanas as faixas estavam prontas. Lançado em dezembro de 1983, “Show No Mercy” gerou um grande sucesso na cena underground e no ano seguinte começam uma turnê de divulgação do álbum.
“Show No Mercy” introduz um som nascido pelo mesmo fervor que possuía o Venom em 1981 com o álbum “Welcome To Hell”. No início dos anos 1980, a cena Heavy Metal era invadida por uma nova sonoridade caracterizada por um alto nível de energia e agressão. Um estilo de música que era distinguida pela bateria em ritmo acelerado e riffs cortantes de guitarra. Embora o Venom seja uma das bandas que definiriam o estilo, grupos como Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer, são muitas vezes creditados com a popularização do gênero Thrash Metal.
Ao contrário das outras três bandas, o Slayer abraçou a influência do Venom muito mais intimamente e partilhou de um interesse semelhante numa orientação mais satânica e ideologia misantropa. E quando a faixa de abertura começa com uma introdução de guitarra – como “Angel of Death” do álbum “Reign In Blood” faria mais tarde – a música passa então a ser um impiedoso Thrash esmagador de ossos. Rapidamente o disco já familiariza o ouvinte com o som agressivo e com letras que declaram a intenção malévola. Este álbum é rápido, pesado e mal, induzindo uma atmosfera inevitável de atrocidade absoluta. “The Antichrist” e “Black Magic” são talvez os principais destaques neste álbum e elas apresentam a essência de tudo que o Slayer aspirava a realizar dentro de sua música; uma entrega de um ritmo extremamente frenético dentro dos elementos instrumentais, decorado com gritos eloquentes de Tom Araya, expressando fantasias dementes em assistir a humanidade queimar no fogo do inferno.
“Show No Mercy” exibe uma personalidade muito distinta no seu conteúdo, que facilmente o separa dos álbuns subsequentes como “Reign In Blood” e “Hell Awaits”. Um dos fatores que faz com que a música do Slayer seja tão distinguível é o trabalho vertiginoso de guitarra de Kerry King e Jeff Hanneman, um estilo que proporciona uma sensação de intensidade. A música neste álbum em particular projeta um ritmo muito mais lento do que nos últimos álbuns, mas o que torna este álbum tão aparente é a forma como ele soa realmente. Tem uma qualidade de produção limitada que lhe confere uma espécie de estética muito “clássica” ao ouvir. Este é um debut verdadeiramente agradável, e uma introdução para uma banda que mais tarde seria famosa por sua “velocidade alucinante e destreza instrumental”. É uma experiência auditiva encharcada de brutalidade que oferece exatamente o que promete, sem misericórdia.
Formação:
Tom Araya (vocal e baixo)
Kerry King (guitarra)
Jeff Hanneman (guitarra)
Dave Lombardo (bateria)
Faixas:
01 – Evil Has No Boundaries
02 – The Antichrist
03 – Die By The Sword
04 – Fight Till Death
05 – Metalstorm/Face The Slayer
06 – Black Magic
07 – Tormentor
08 – The Final Command
09 – Crionics
10 – Show No Mercy