Reinando de maneira impecável no terreno do Thrash Metal norte americano, o Slayer retorna em 09 de outubro de 1990 com mais um grandioso registro, o sensacional “Seasons In The Abyss”. Novamente realizado sob o selo da Def Jam Recordings e produzido mais uma vez por Rick Rubin (Black Sabbath, Metallica, Red Hot Chili Peppers), esse é o quinto álbum de estúdio dos veteranos. Gravado no início de 1990 nos estúdios Hit City West, Hollywood Sound e Record Plant, em Los Angeles, Califórnia (EUA) e apresentando uma ilustração de capa novamente realizada por Larry Carroll, que já havia concebido as ilustrações dos dois álbuns anteriores da banda, “Reign In Blood” (1986) e “South of Heaven” (1988), o álbum traz um Slayer ainda mais inspirado, técnico e amadurecido.

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Os riffs sujos e implacáveis da dupla Kerry King e Jeff Hanneman invadem os alto-falantes e introduzem aos ouvintes “War Ensemble”, a clássica e esmagadora faixa de abertura do álbum. Um refrão memorável, solos histéricos e caóticos, uma bateria debulhadora comandada pelo insano Dave Lombardo e vocais brilhantemente agressivos de Tom Araya fazem dessa canção um dos muitos hinos que a banda coleciona em sua discografia. A cadenciada “Blood Red” dá sequência ao disco, trazendo novamente um trabalho indiscutivelmente de qualidade. Nesse som, temos palhetadas e solos precisos e com harmonias de fácil assimilação, passagens vocais memoráveis, além de uma letra forte e bem construída.

“Spirit In Black” também é outro grande destaque! Energética, poderosa e viciante, é uma composição maravilhosa e cujo qualquer elogio é pouco. Nela estão contidos todos os ingredientes que uma canção do estilo deve ter e tudo é executado com muito “feeling” e destreza pelos integrantes. Temos peso, vocalizações perfeitas, variações de andamento encaixadas de maneira inteligente e sagaz, e claro, solos e “riffs” infernais. Mais arrastada, porém igualmente genial, temos “Expendable Youth”, composição que traz um peso moderado e de muita qualidade, além de outro refrão impecável e que fixa na memória do ouvinte sem muito esforço.

Os arranjos marcantes, angustiantes e sombrios de “Dead Skin Mask” entram em cena na sequência. Trata-se de uma composição novamente cadenciada, atmosférica e intensa. Seu “riff” principal é simplesmente brilhante e capta exatamente o que a composição exige. É importante ressaltar que esse é outro grande clássico da carreira do grupo e que conta com uma letra inspirada em um dos mais notórios serial killers da história norte-americana, Ed Gein. Seus crimes foram considerados tão bizarros e hediondos que inspiraram personagens famosos da história cinematográfica: Norman Bates (da franquia “Psicose”), Leatherface (da franquia “O Massacre da Serra Elétrica”) e Buffalo Bill (de “O Silêncio dos Inocentes”). No início da canção, temos uma narrativa inserida com exímio e próximo ao fim da música, temos uma voz que simula uma vítima. Pra variar, também temos um refrão de primeira linha e a banda demonstra estar em sua melhor forma, totalmente inspirados.

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A essa altura do álbum, talvez o ouvinte se pergunte: “onde está a pancadaria tão comum nas composições da banda?”. Essa dúvida é sanada através da música seguinte, “Hallowed Point”, um legítimo turbilhão de “riffs” explosivos, solos matadores e composta por uma “cozinha” de bateria e baixo completamente devastadora e visceral. Pouco antes da música se encerrar também temos um trecho mais cadenciado e bem encaixado. Arrastada, potente e dona de um refrão com muito feeling, “Skeletons of Society” dá continuidade ao trabalho trazendo mais uma sequência de palhetadas afiadas, vocalizações “dobradas” nos momentos adequados, além de variações de andamento muito boas.

“Temptation” é uma canção mais apagada comparada com as demais, entretanto devemos salientar que em hipótese alguma é uma música ruim. É apenas uma faixa ligeiramente menos cativante comparada às demais. Ainda assim, é uma faixa muito boa! Existe uma curiosidade bem interessante com relação a essa faixa, aliás. Nessa canção, temos o uso de overdub dos vocais de Tom Araya. O curioso disso é que esse fato aconteceu de modo não intencional. Araya gravou os vocais para a música duas vezes, sendo que, na segunda ocasião, a letra foi cantada da maneira que o guitarrista Kerry King acreditava que soaria melhor. O produtor Rick Rubin sugeriu aos músicos que ambas as versões deveriam ser utilizadas no produto final e assim foi.

A agressividade bestial é retomada com “Born of Fire”, um massacre de pouco mais de três minutos de duração, que estraçalham não apenas os alto-falantes, como os tímpanos dos ouvintes com toda a truculência promovida pela banda. Ainda que a maior parte da composição seja formada por andamentos rápidos e selvagens, também temos uma fratura no ritmo da canção em sua metade. A banda reservou composição mais épica para o final: “Seasons In The Abyss”, a espetacular faixa título. Sua introdução instrumental é capaz de arrepiar qualquer um e a canção como um todo é um espetáculo. Nela, não apenas temos o Slayer fazendo o que sabe fazer de melhor, entregando solos e “riffs” inspiradíssimos, como também temos um dos melhores e mais cativantes refrões já gravados pelo grupo. Poderoso, marcante e incrivelmente grudento!

“Seasons In The Abyss” teve uma recepção muito positiva da maioria. O disco alcançou a posição nº 40 na Billboard 200 e em 1992 foi certificado com disco de ouro nos Estados Unidos e no Canadá. Após o lançamento, a banda embarcou para a clássica turnê “Clash of The Titans”, juntamente com Megadeth, Anthrax, Testament, Suicidal Tendencies e Alice In Chains. Também é importante mencionar que esse foi o último álbum a contar com a participação do baterista Dave Lombardo, que apenas retornaria em 2006, no álbum “Christ Illusion”. Mais técnico, ambicioso e complexo, “Seasons In The Abyss” traz um Slayer ainda mais revigorado e expressivo. Uma perfeita mistura entre sons cadenciados e rápidos torna a experiência de ouvir esse trabalho ainda mais prazerosa. Um grande trabalho, que merece ser ouvido diversas vezes!

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Integrantes:
Tom Araya (cocal/baixo);
Jeff Hanneman (R.I.P. 2013) (guitarra);
Kerry King (guitarra);
Dave Lombardo (bateria).

Faixas:
01 – War Ensemble
02 – Blood Red
03 – Spirit On Black
04 – Expendable Youth
05 – Dead Skin Mask
06 – Hallowed Point
07 – Skeletons of Society
08 – Temptation
09 – Born of Fire
10 – Seasons In The Abyss

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