Com certeza “Chaos A.D.” é o disco que consolidou de vez o estilo, identidade que o Sepultura buscava em sua música e que consolidou definitivamente o nome da banda como uma das maiores forças do Metal mundial. Sim, aquele estilo selvagem, tribal usando as guitarras como máquinas de ritmo e solos dissônicos a atonais influenciou toda uma geração inclusive de gigantes como Pantera, Machine Head, Ministry, Rammstein entre outros, o que mostra definitivamente o que o Sepultura se tornou no exterior e sua importância para o mundo da música pesada. “Chaos A.D.” vendeu mais de 1 milhão e meio de cópias ao redor do mundo.
“Chaos A.D.” traz uma banda coesa, afiada e no auge de sua criatividade dentro dos parâmetros delimitados pelo grupo. Max era um verdadeiro frontman, cuja voz característica comandava a selvageria; Andreas Kisser magistralmente dando polimentos à massa sonora e a característica atonal de sua guitarra, que fez escola; Igor Cavalera, cujo tribalismo e força unidos à sua técnica poderosa eram a espinha dorsal do grupo junto ao baixo correto e abrilhantador das tonalidades graves do grupo. Assim nasceram hinos daquele Metal moderno, tribal e ao mesmo tempo intrincado como “Territory” e “Refuse/Resist”, que alavancaram a banda ao estrelato definitivo.
“Slave New World” em sua cadência minimalista, mostrando toda a técnica de Igor; “Amen” mostra uma riqueza de contrapontos que seria mais explorada em trabalhos futuros da banda, utilizando melodias e cantos de outras culturas do oriente.
“Kaiowas” é uma pérola acústica, uma linda homenagem à tribo indígena brasileira em um maravilhoso arranjo de cordas, que maravilhou músicos de todo o mundo em sua originalidade e beleza.
Em “Propaganda” mais uma vez a força da bateria de Igor fala alto. uma faixa arrasa quarteirão que nos prepara para a rápida e devastadora “Biotech is Goodzilla”, uma canção do mestre Jello Biafra para o grupo.
“Nomad”, “We Who Are Not As Others” e “Manifest” são músicas interessantes onde os músicos exploram mais sonoridades e influências absorvidas por eles ao redor do mundo. É interessante ver como o amadurecimento fez surgir essa parede sonora bem entendida e sobejamente utilizada com inteligência pelos brasileiros. Fica evidente aqui, ainda que estas não sejam canções fáceis, que o Sepultura entendeu que estava criando algo novo. Eles haviam transformado de vez sua prata em ouro nesta alquimia sonora.
“The Hunt”, um cover escolhido do New Model Army, mostra uma faceta mais contida da voz de Max e mais melódica da banda que casou bem no contexto. “Clenched Fist” tem toda uma aura Hardcore em sua estrutura costurada de forma brilhante pelas baquetas de Igor e a magistral presença de Kisser, que mais uma vez prova porque entrou no primeiro time de guitarristas do Metal. “Chaos B.C.” é uma brincadeira de ritmos brasileiros da banda, que na verdade usou de vez como um tapa de luva de pelica dizendo: “- Nós somos brasileiros e vocês vão prestar atenção em nós”.
Com “Arise” o Sepultura estendeu o tapete e com “Chaos A.D.” a banda definitivamente escreveu seu nome na história do Heavy Metal mundial, não a toa se tornando um divisor de águas não só da banda mas parâmetro para outros estilos dentro do Metal e influência de muita coisa que é feita hoje. Tão assustador quanto maravilhoso e neste momento, o Sepultura não precisava provar mais nada a ninguém!
Formação:
Max Cavalera (vocal, guitarra, violão);
Andreas Kisser (guitarra solo, viola caipira);
Paulo Jr. (baixo, percussão);
Igor Cavalera (bateria, percussão).
Músicas:
01 – Refuse/Resist
02 – Territory
03 – Slave New World
04 – Amen
05 – Kaiowas (instrumental)
06 – Propaganda
07 – Biotech Is Godzilla
08 – Nomad
09 – We Who Are Not as Others
10 – Manifest
11 – The Hunt (cover do New Model Army)
12 – Clenched Fist
13 – Chaos B.C.
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10/10