23 de janeiro de 2009 marca a data de lançamento do décimo primeiro trabalho de estúdio do Sepultura. O título escolhido para batizar o novo álbum inspirado na obra de Anthony Burgess “A Laranja Mecânica” não poderia ter sido melhor: “A-Lex”, o qual, ainda pode ser interpretado como um trocadilho, já que a expressão “A-Lex” no latim significa “Sem Lei”.
E o novo trabalho do Sepultura também traria outra marca histórica. É o primeiro álbum sem Igor Cavalera, terminando ali, a saga dos irmãos Cavalera na banda. O escolhido para as baquetas foi o talentoso Jean Dolabella, que conseguiu muito bem dar conta do recado.
“A-Lex” foi concebido em 2008 em três estúdios diferentes. As gravações ocorreram no Trama Estúdios em São Paulo, enquanto a mixagem foi feita no Mega Estúdios, também na capital paulista e a masterização ocorrida no consagrado Sterling Sounds Studios em Nova York, Estados Unidos, sob a batuta do produtor Stanley Soares.
“A-Lex” foi um dos mais corajosos e ousados passos para o Sepultura. A maioria das faixas estão na casa dos três minutos, certificando-se de que cada faixa não exceda seu respectivo cartão de visitas. Há indícios da boa e velha sonoridade espalhadas ao longo do trabalho, especialmente com o guitarrista Andreas Kisser, como nos riffs em “Forceful Behavior” e “Moloko Mesto.” Faixas como a breve, mas poderosa, “Enough Said,” a insana “We’ve Lost You,” e o som Thrash em “Treatment” certamente deixaram alguns fãs antigos bem satisfeitos.
A experimentação é predominante, pois há nada mais nada menos que cinco músicas instrumentais, além da percussão tribal em “Filthy Rot” e a épica “Sadistic Values””, que tem o vocalista Derrick Green mesclando vocais agressivos com vocais calmos e melódicos, os quais foram surpreendentemente eficazes. Contudo, assim como “Dante XXI”, os instrumentais, enquanto vitais para o fluxo do álbum, são em sua maioria inúteis, com a exceção de “Ludwig Van.” Imaginem o lendário compositor da 9ª Sinfonia, com o Sepultura, fornecendo suporte de back-up para a orquestra! “Ludwig Van” é o resultado dessa colaboração! Em primeiro lugar, parece uma combinação estranha, mas a banda fez o trabalho com maestria, transformando-a em uma das mais fortes performances em “A-Lex.”
Apesar de não ser tão consistente como “Dante XXI”, “A-Lex” é um sólido álbum conceitual. Algumas músicas funcionam melhor do que outras, mas o Sepultura continuou mostrando um lado mais pesado, com uma pitada de tendências progressivas, ou seja, o mesmo lado que estava sendo explorado através das nuances em “Dante XXI.” No entanto, o álbum vai encontrar uma boa audiência com aqueles fãs que aceitaram as mudanças no Sepultura para o que eles são hoje, e não para o que costumavam ser.
Formação:
Derrick Green (vocal)
Andreas Kisser (guitarra)
Paulo Júnior (baixo)
Jean Dolabella (bateria)
Faixas:
01. A-Lex I
02. Moloko Mesto
03. Filthy Rot
04. We’ve Lost You!
05. What I Do!
06. A-Lex II
07. The Treatment
08. Metamorphosis
09. Sadistic Values
10. Forceful Behavior
11. Conform
12. A-Lex III
13. The Experiment
14. Strike
15. Enough Said
16. Ludwig Van
17. A-Lex IV
18. Paradox