A transição dos anos 70 para os anos 80 acabou por trazer algumas modificações no som do Rush – não que o grupo tenha mudado de estilo ou feito uma grande mudança significativa em sua sonoridade. Mas “Permanent Waves”, lançado em janeiro de 1980, trouxe um grupo que resolveu compor músicas não tão longas e progressivas, mais voltadas pro lado Hard e, por que não dizer?, com uma tendência de certa inclinação mais comercial. Isso causou alterações na qualidade do trabalho do trio? Não. Muito pelo contrário. Afinal, aqui podemos perceber que Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart souberam adaptar sua criatividade frente á nova década que se iniciava.
O sétimo álbum de estúdio do grupo foi gravado entre setembro e outubro de 1979. Algo raro hoje em dia, não é mesmo? E nesse “curto” espaço de tempo, a banda gravou seis músicas que mostraram uma banda renovada. Produzido pela próprio grupo e por Terry Brown, “Permanent Waves” foi o primeiro álbum do Rush á figurar no Top 5 nos Estados Unidos, e que também, obteve uma melhor receptividade das rádios. Se a postura do grupo em adotar linhas mais próximas do Pop, tinha essa intenção, o objetivo acabou sendo alcançado.
Iniciando com uma das músicas que veio a se tornar uma das mais conhecidas do grupo, “The Spirit of Radio” (que já vinha sendo executada nos shows do grupo anteriores ao lançamento do disco, juntamente com outra faixa contida aqui – a saber, “Freewill”), é uma composição que mostra um grupo pronto para os anos 80. De fácil assimilação, a faixa explodiu mundo a fora, tendo se tornado um grande sucesso, tanto comercialmente quanto junto ao público. Um belo trabalho de guitarra de Lifeson e muita criatividade (reparem na parte “quase reggae” no meio da música) fizeram desta música um clássico instantâneo. Na seqüência, “Freewill” mantém a mesma linha, destacando o baixo de Geddy Lee. E uma das coisas mais legais que podemos constatar é que os canadenses mantiveram sua essência mesmo com faixas mais comerciais.
Pesada e mais intensa, “Jacob’s Ladder” tem passagens mais intrincadas enquanto que “Entre Nous” tem novamente um pé no Hard Pop que se tornaria uma marca dos anos 80. Sem o mesmo brilho das anteriores, a faixa acaba ficando para trás, assim como “Different Strings”, que possui uma bela melodia, mas que não acrescenta muito ao trabalho. Já o encerramento com “Natural Science”, que vem dividida em três partes (“Tide Pools”, “Hyperspace” e “Permanent Waves”) e mostra a genialidade do grupo, variando passagens complexas com outras mais simples sem cair no lugar comum.
“Permanent Waves” mostrou primeiramente que o Rush estava pronto para encarar os anos 80. E além disso, serviu para transformar o grupo em um dos gigantes do Rock mundial. Algo que a banda já estava destinada a ser.
Formação:
Geddy Lee (vocal, baixo, teclados);
Alex Lifeson (guitarra);
Neil Peart (bateria).
Faixas:
01 – The Spirit of Radio
02 – Freewill
03 – Jacob’s Ladder
04 – Entre Nous
05 – Different Strings
06 – Natural Science