“Counterparts” é o 15º álbum do Rush e mostra o retorno da banda à base guitarra-baixo-bateria, tornando-se menos dependente de sintetizadores e tecnologia. Isso pode ser ouvido desde a parte lírica, performance e produção. “Counterparts” marca também o retorno do co-produtor Peter Collins, que produziu os álbuns “Power Windows” e “Hold Your Fire”.
O termo “counterparts” é descrito como ‘duplicar’ e ‘se opor’ – uma definição que intrigou tanto o baterista Neil Peart que ele até filosofa:
“…considere dessa maneira, contrários são os reflexos de cada um, não necessariamente contraditórios.”
Bom, “Counterparts” recoloca Alex Lifeson uma vez mais no front deixando fluir seu estilo característico e paradoxal de tocar riffs complexos, solos com enorme facilidade, e tendo as linhas de baixo do espetacular Geddy Lee e o mestre da bateria Neil Peart mantendo tudo azeitado do começo ao fim do álbum.
Ainda podemos ouvir alguns resquícios de sintetizadores, mas eles são relegados a apoiar e acentuar a melodia, e a diferença é gigante.
“Counterparts” não foi produzido com um volume muito alto como seus trabalhos anteriores. A música nesse caso está mais orgânica e fica evidente com as três primeiras faixas do álbum – “Animate”, “Stick It Out” e “Cut To The Chase” – transformando em um trio certeiro de hits. Mas mesmo com todo esse poder cru de Rock, eles ainda descobrem espaços para comentários de cunho cultural, ora sentindo-se compassivos com os gays na faixa “Nobody’s Hero”, ora filosofando sobre as diferenças de raça e gênero em “Alien Shore”, ou seja, o Rush sempre parece estar apto para fornecer mensagens cheias de sentimentos sem ter que soar brega.
Mas depois de embalar o ouvinte e chegar a convencê-lo de que a banda tinha retornado fortemente à forma, mesmo que não signifique que ela estava tocando Rock progressivo novamente, esse é o momento onde há um certo declínio. “Between The Sun & Moon” é uma faixa divertida, mas “Alien Shore”, “Speed Of Love” e “Double Agent” não são tão boas, porém não chegam a denegrir o álbum.
As coisas voltam a mudar com a belíssima instrumental “Leave That Thing Alone”. Uma introdução de sintetizador, linhas de baixo e bateria precisas e empolgantes amparando o trabalho maravilhoso de guitarra, e dessa forma conseguem criar uma melodia deslumbrante. Aliás, essa faixa foi indicada a um Grammy como melhor performance de Rock, categoria vencida pelo Pink Floyd com a música “Marooned”.
O álbum encerra com as ótimas faixas “Cold Fire” e “Everyday Glory”. “Counterparts” nasceu no momento certo, forjando um trabalho lírico impecável do Rush com a onda musicalmente durona e roqueira do Grunge, servindo como um protótipo espiritual apropriado para bandas como Incubus e Foo Fighters. Um retorno às raízes do trio canadense.
Formação:
Geddy Lee (baixo, vocal, sintetizadores);
Alex Lifeson (guitarra e violão);
Neil Peart (bateria e percussão).
Faixas:
01 – Animate
02 – Stick It Out
03 – Cut To The Chase
04 – Nobody’s Hero
05 – Between Sun And Moon
06 – Alien Shore
07 – Speed Of Love
08 – Double Agent
09 – Leave That Thing Alone
10 – Cold Fire
11 – Everyday Glory
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9/10